sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

ROMANTISMO PARA O FIM DO MUNDO

E se neste dia o mundo realmente há de acabar?
Será que seria estranho te contar
O quanto eu gostaria de ver a paisagem final num telhado?
Apenas eu e você, assim, lado a lado.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

JUST AN EMPTY LOVE STORY

Eu sinto falta de uma história de amor,
Sinto falta da sensação de um novo amor,
Sinto falta daquela sensação quando você sabe que o gosto do beijo dela
É tão bom quanto você imaginou que fosse.
Estou cansado dessas velhas amantes,
Todas com seus velhos corpos
E suas mesmas velhas histórias.
Eu apenas sinto falta do momento quando você percebe que é amor,
E você tenta dizer à si mesmo que é uma mentira,
Que você está confuso e que você não a ama.
Então você percebe que é, na verdade, amor,
E diz pra si mesmo que vai lutar contra isso,
Que não vai se permitir apaixonar-se novamente,
Diz que vai esquecê-la...
Mas no final você se pega sorrindo à cada vez que pensa nela,
E seu único desejo é tê-la em seus braços em algum lugar romântico.
É tão errado assim desejar um sentimento tão belo?

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

SOBRE O QUE ESCREVER QUANDO NÃO HÁ AMOR?

Ando pelo quarto de um lado à outro,
Sento, faço um esboço,
Me frusto com minha falta de ideias,
Com a sacola vazia de palavras velhas.

Amasso a folha, jogo-a longe,
Bato na mesa, a poesia teme e se esconde,
Respiro, me acalmo e chamo-a de volta,
Dizendo que não precisa temer o bater das minhas botas.

Mas até entendo, até me entendo,
Afinal que poeta é esse que chama a poesia sem ter amor?
Que acha que por estar apenas vivendo
É digno de escrever com tanto fervor.

Como posso eu escrever sem amar?
Para um poeta isso é como pecar,
Eu apenas faria metáforas sobre a realidade,
E preencheria textos com banalidades.

Mas como posso achar a irrealidade
Quando não tenho nem o que é real?
Quando o meu coração se tranca em tantas grades
E julga qualquer pessoa ser o mal.

Tantas esquinas dobrei,
Tantas portas destranquei,
Procurei chaves que não sabia nem a existência,
Apenas para voltar ao lugar onde havia perdido a crença.

O "X" marca o local, foi o que me foi dito,
Segui passo à passo o inútil mapa,
"Evitar o amor, perder um amigo",
E acabei retornando aonde havia começado tal etapa.

Encontrei o "X", o local de onde eu havia saído,
Durante o caminho acabei por me encontrar perdido,
E voltei com menos do que tinha quando parti,
Foi duro quando percebi.

Acabei por me achar vazio,
Sem jóias à serem garimpadas nesse poluído rio,
Vazio como uma pupa cuja lagarta morreu,
Parecendo virar borboleta quando o que ali estava há muito se perdeu.

Vazio como a folha de papel amassada
Como o saco de palavras inutilizadas,
Como a cela de segurança máxima dessa prisão,
Dessa prisão que ouso chamar de coração.

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

ENTRE SE PERDER E PERCEBER QUE ESTÁ PERDIDO

- Você ta perdido, senhor?
- Eu não sei, acho que sim
- Como assim "acha"? O senhor não sabe onde está?
- E por acaso você sabe? Ninguém sabe onde está, só de onde vieram, alguns nem isso sabem. Mas isso não faz deles perdidos.
- Para onde você quer ir?
- Onde eu queria eu já não posso ir.
- Porque você já não pode ir? Não lembra do caminho? Ou o lugar não existe mais?
- Eu lembro perfeitamente do caminho, mas as portas pelas quais passei já estão todas trancadas e não sei se existe alguma chave que as abra. Também não sei se o lugar ainda existe por detrás de tantas portas.
- Então pra onde você vai agora?
- Eu não sei, não sei qual caminho pegar, não sei se são caminhos diferentes ou se todos levam pro mesmo lugar, talvez os caminhos que fossem diferentes ficaram em alguma esquina que dobrei por detrás de uma dessas portas trancadas... Sabe... Acho que estou perdido sim. Não por não saber onde estou, mas por não saber pra onde vou... E acho que isso é ainda pior...
- Ao menos você sabe disso agora... Só acha o caminho certo aquele quem sabe que está no caminho errado, existe uma diferença enorme entre se perder e perceber que está perdido.

terça-feira, 20 de novembro de 2012

ALGUMAS FRASES QUE NUNCA VIRARAM TEXTOS

Eu vos declaro marido e mulher, até que a vida os separe.

Se já não sonho com ti é porque sei que há de se tornar pesadelo.

E a beleza que eu via nela já não me é mais bela.

Pomos máscaras em público para nos passar por civilizados, mas no fundo somos todos selvagens.

Esse que é o seu problema, você brinca demais nessa sua vida... E acaba esquecendo de levá-la à sério.

A vida segue e se molda ao que restou. E quando já não resta nem um pouco ela segue e se molda ao novo.

Eu morreria por ela sem nem pensar duas vezes... Na verdade, eu acho que morreria por ela duas vezes.

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

SOBRE TRAUMAS, SURPRESAS E DEFORMAÇÕES

Os casais andam pelas ruas de mãos dadas,
E eu passo por eles dando a mão à mim mesmo.
Olho para eles com um pouco de raiva, de inveja, de ciúmes,
Eu que tanto desejo um amor,
E meu coração recusa-se cada vez mais a bater.
Ele parece um animal assustado, uma criança traumatizada,
Depois de tantos sustos e acidentes com esse tal de amor,
Ele anda meio assim, com medo.
Mas convenhamos que o amor é assustador,
Convenhamos que é perigoso e arriscado,
Mas talvez seja justamente por isso que gostamos dele.
E eu que só agora fui notar os olhos assustadores do amor,
Surpreendo-me por perceber que não o conheço todo,
Na verdade eu talvez o desconheça por completo.
Porque eu já fui desses cheios de amor,
E justamente por ter amor demais
Eu achava conhecê-lo melhor do que qualquer um,
E talvez seja daí a minha ruína.
Eu tinha demais pra poder estudá-lo, para poder conhecê-lo,
E pelo pouco que eu conhecia achava conhecê-lo por completo,
Quando na verdade ele não tem que ser apenas conhecido como também vivido.
E daí fez-se a maior de todas as pedras desmoronadas dessa ruína,
A ilusão quebrou-se em cacos grandes demais para eu segurar,
Mas mesmo assim eu os metia a mão,
Porque queria salvá-la (a ilusão) de qualquer forma possível.
Por isso me foram decepadas as mãos que cuidam,
Os pés que correm atrás
E a língua que não nega a verdade.
Me foi perfurado o pulmão que prende o ar quando ela passa,
O cérebro capaz de compreender e entender o outro
E o coração capaz de amar.
E disso sobraram-me apenas os olhos.
Eu nada posso fazer senão me olhar no espelho
E chorar todas as minhas deformações,
Chorar todas as minhas cicatrizes
E as partes de mim que estão faltando,
Esquecidas num passado não muito distante.
Nada me resta senão olhar para as pessoas à minha volta,
Olhar todos os que vem e vão sem poder fazer ou dizer nada.
Nada me resta senão olhar os passam,
Da mesma forma que olho os casais de mãos dadas que agora passam nessa rua.

domingo, 18 de novembro de 2012

UMA CRÍTICA À AMADURECER

Lembro-me que uma vez, há muitos anos atrás, uma amiga de minha mãe havia me perguntado alguma coisa sobre mulheres. Lembro que eu devia ter uns nove anos de idade. E apesar de não lembrar a pergunta ao certo, eu lembro muito bem a resposta.

- Não, não me interesso em nenhuma não, eu procuro uma mulher que seja bonita por fora mas que seja por dentro também, e eu ainda não achei ninguém assim.

Lembro que ela se surpreendeu com a minha resposta e comentou com a minha mãe "nossa, é incrível como ele tem um pensamento assim já... Adulto sabe?". Fiquei feliz pelo elogio, mas mal sabia eu que tava tudo invertido. O pensamento era de criança mesmo, e o certo seria se todos pensassem como elas. Quando crescemos já não nos importamos com isso, nosso pensamento muda, já é outro. Já não vejo ninguém que pense desse jeito que eu pensei, nem mesmo eu. As pessoas se procuram por aparências e necessidades físicas, se for alguém legal ou não, é apenas um lucro. Esquecemo-nos do que é realmente importante e jogamos em último plano o que deveria ser o primeiro. Nos satisfazemos e nos frustramos por causa de uma busca inútil, buscamos o sexo oposto pelo simples fato de ser sexo oposto, e esquecemo-nos de procurar a beleza por dentro das pessoas. Mal lembro a última vez que falei isso... "Bonita por dentro"... Soa algo tão belo agora, tão... Inocente... De um jeito que adulto nenhum jamais será, que jovem nenhum jamais será, que apenas uma criança seria. Às vezes sinto falta de ser assim, meio criança, tão apaixonado, tão inocente.
Às vezes me pergunto se amadurecer é realmente o melhor caminho...

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

CAMINHO SEM VOLTA

Acho que estou numa estrada sem retorno,
Entrei naquele famoso "caminho sem volta".
Sigo com minhas passadas regulares e lentas,
Que quase não percebo que ando,
Até que algum passo desritmado se adiante um pouco mais que outro
E dê aquela sensação de aumento de velocidade.
Aí é quando percebo que saí do lugar,
Resolvo olhar pra trás e vejo o quanto já andei sem perceber.
Um muro me impede de voltar e parece me seguir,
Tanto que a cada vez que olho para trás ele está na mesma distância de mim.
Mas sei que andei, sei que andei porque a paisagem não é a mesma,
Porque meus pés gritam os passos que deixei no passado,
E o coração parece cada vez mais cansado.
O pior que já sei até onde esse caminho me leva,
Já conheço o abismo negro que me aguarda no fim da estrada,
Mas é difícil não continuar andando.
À cada passo nesse caminho o próximo passo fica mais fácil,
Até que chega um ponto em que fica automático,
E depois disso já não há volta,
Espero o momento que aparecerão esteiras rolantes pra adiantar meus passos,
Ou alguém pra me levar nas costas.
Dizem que há como voltar se você tiver alguém,
Alguém pra te puxar com uma corda
Ou até mesmo com um beijo,
Pra quebrar o muro que te impede de voltar
Ou até mesmo a hipnose que te faz seguir.
Alguém que seja a mão estendida,
Um farol pra te guiar de volta,
Ou uma pedra que não te deixa continuar.
Já não sei se isso é verdade,
Talvez porque não tenho ninguém pra me apoiar
Ou pra me prender.
Mas se tem alguém lendo isso,
Saiba que te deixo ser a minha pedra,
O meu farol, a minha mão,
E até mesmo meus olhos e pés,
Saiba que eu não só te deixo,
Como também quero que você seja meu alguém.

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

BEIJA-FLOR

Um Beija-flor veio voando da janela aberta,
Mas quando me viu parou, estagnado no ar,
Depois voou tão rápido contra a minha testa,
Mas veio apenas para me beijar.

Surpreendi-me e fiz a seguinte indagação:
Beija-flor, por acaso confundiste-me com uma flor?
Então ele me olhou novamente com maior atenção,
E neste momento pareceu sentir uma grande dor.

O beija-flor parou de bater as asas e caiu,
O beija-flor morreu,
Morreu depois que bem me viu,
Pois foi aí que notou o veneno que bebeu.

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

A VIDA QUE A MORTE TRAZ

Nós nos matamos para nos sentir vivos... Já pararam para pensar? Estamos sempre em busca de alguma coisa, de alguma coisa que nos faça sentir mais como nós mesmos, que nos faça sentir bem, que nos faça sentir aquele toque da vida.

Jogamos nossa vida fora pouco à pouco para podermos senti-la, nos matamos para viver. E gostamos disso. Por mais que concorde, que abra os olhos, nada vai mudar, porque no fundo todos sabemos o que fazemos, e não nos arrependemos. A gente barganha com a morte em troca de diversão, de algo que nos faça sentir mais como nós mesmo, ou até que nos faça sentir totalmente o oposto do que somos, algo que faça-nos sentir que não estamos aqui, que estamos livre, livre de responsabilidades, livre de raivas e angústias, livre da realidade.

Mas se você parar para pensar... Existe algo que faça mais sentido do que isso? Qual seria o melhor jeito de sentir o toque da vida senão aproximando-se da morte? Como sentir-se vivo sem saber o que é morrer? Sem entregar um pedaço de si ao vazio?

Pense um pouco... O quanto você se mata para se sentir vivo? Quanta vida você já não matou para poder senti-la?

terça-feira, 9 de outubro de 2012

O QUE EU E VOCÊ PODEMOS SER

Você
Há de ser,
Alguém
Mais além
Do que um mero alguém      
Pode ser.
Só você
É quem me faz
Sorrir,
E é capaz,
De me fazer
Feliz.
Assim,
Há de ser
Pra mim,
Mais do que alguém.
Você é quem
Pode ser
Mais além
Pra mim,
Ah é sim.

Mas por que tu me ignoras?
Mas por que tu não me olhas não?          
E me deixa aqui sozinho no chão
À sofrer
Por você.

Me deixa ser
Pra você
Aquele rapaz
Quem te faz
Sorrir.
Vamos nos permitir,
Pra mim,
Pra você,
Pra gente ser feliz.
Assim
Hei de ser,
Pra você
Alguém.
Talvez quem,
Venha a ser
Mais do que qualquer ser
Possa ser
Pra você.
Só me resta ficar
À esperar
Você me notar.

Mas por que tu me ignoras?
Mas por que tu não me olhas não?          
E me deixa aqui sozinho no chão
À sofrer
Por você.

domingo, 7 de outubro de 2012

UM XADREZ DE DEUSES

Você olha com cuidado,
Calcula meticulosamente,
Monta sua estratégia,
Imagina todas as possíveis jogadas
E todas as possíveis reações.
Sacrifica peões e rainhas à custo da vitória,
Tira todos do seu caminho para poder passar.
Mas você acha que não corre riscos,
Apenas porque você se vê acima do tabuleiro,
Você não é Peão, torre, bispo ou cavalo,
Não é nem Rei ou Rainha,
Você é a jogadora.
Você é o cérebro que calcula seu jogo,
Você é a mão que move as peças,
A fria expressão de poker olhando nos olhos inimigos.
E eu... Eu, querida,
Eu sou apenas um Peão,
Que entrou de braços abertos nesse jogo, nesse tabuleiro.
Sou talvez um agente duplo,
Estou no seu grupo,
Deixo você me mover à vontade,
Mas eu sei qual é o seu jogo,
E eu não pretendo fazer parte dele,
Não pretendo seguir o seu roteiro.
Você pode até mesmo calcular minha desistência,
O meu pulo para o outro lado,
E até me achar um fraco qualquer...
Afinal, sou apenas um Peão.
Mas você se esquece, querida,
Que Peão quando chega no lado inimigo torna-se grande,
Torna-se cavalo, bispo, torre ou rainha,
Só não torna-se Rei.
Mas eu posso ser Rei, porque talvez eu não seja o Peão,
Talvez esse peão que você pensa ser eu,
Seja só uma peça minha,
E eu seja a mão que move todo o tabuleiro inimigo
Saindo do outro lado da sombra.
Será que pode calcular isso também?
Você prevê o movimento dessas peças menores
Que mal sabem que estão em um jogo,
Mas será que pode prever como reagirá
A peça que entra no jogo já o conhecendo?
Eu sei todas as regras, querida,
Já joguei o seu jogo antes.
Agora tente calcular meus movimentos
Sem ao menos ver minha expressão oculta do outro lado da sombra,
Sem ao menos saber que sou eu movendo as peças contra você.
Eu entrei no seu jogo
Mas eu não faço parte dele,
Não sou só uma peça,
Não sou uma das SUAS peças.
Eu não faço parte do jogo, querida,
Eu só estou no tabuleiro.

sábado, 6 de outubro de 2012

TEU TOQUE

Teu toque é o mais doce dos pecados,
Faz querer-me ser ladrão
Pra sentir o beijo dos teus lábios roubados
Sem que esse pecado precisasse de perdão.

Teu toque é hipnose,
É o pêndulo que me faz te desejar
Dose após dose
Para eu poder te amar.

Teu toque é eletricidade,
Eriça cada centímetro de pelo
Com tamanha suavidade
De quem tem, por mim, tanto zelo.

Teu toque é prazer,
Sobre a minha pele que já é tua
Você me faz te querer
Totalmente nua.

Teu toque é delírio,
É uma completa viagem,
Talvez até um campo de lírios,
Onde apreciaríamos a paisagem.

Teu toque é sedução,
É quase um orgasmo
Ver essa tua mão
A tocar-me, pasmo.

Teu toque é desse jeito mesmo,
Desse jeito só teu,
E eu fico aqui a esmo,
Desejando o que não pode ser meu.

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

FILHO DO MEU PAI

   Olho pela janela o gigante jardim da minha enorme mansão, onde todos os dias os jardineiros vem olhar, cuidar, aparar ou regar. Vejo alguns passarinhos bicando pelo jardim, e me divirto imaginando se eles se conhecem ou como se conheceram. Talvez até sejam parentes. E eu me fico imaginando uma árvore genealógica para os pássaros ou tentando desvendar qual deles seria o mais velho.

   Às vezes eu até desejo ser como eles, as pessoas olhariam para mim e não saberiam de onde eu venho, de onde eu vim. E principalmente, não saberiam quem são meus pais. Tentariam adivinhar uma árvore genealógica para mim também? É chato ser reconhecido por todo mundo, é sempre "olha lá, é o filho do não-sei-quem". É chato quando seu pai é um gênio e dono de uma empresa milionária. Você sente todo um peso e uma carga enormes, uma herança de responsabilidades e cobranças de um mundo inteiro que nem te conhece. Pra eles você é só o filho de alguém famoso. Eu não sou eu, sou filho do meu pai, e só. Mas eu queria ser, queria ser alguém, queria ser só eu, não ser filho de ninguém.


   Eu queria ser eu, queria ser passarinho.

terça-feira, 2 de outubro de 2012

BARCOS DE PAPEL

De longe vejo meus barcos de papel
À navegar pelo mar,
Uns tão distantes,
E outros parecem nem querer zarpar.

Hão apenas de seguir adiante,
Carregados pelo vento que fico a soprar.
Mas parecem até não ter escolha,
Parecem não gostar.

E eu que ainda vejo nessas folhas
As palavras de amor outrora escritas,
Derramo uma lágrima para unir-se ao mar,
Derramo-a para mais uma despedida.

Pois cada barco um dia foi carta,
Cartas de uma história de amor mal-vivida.
É por isso também que em nenhum barco embarca
A minha pessoa já esquecida.

Porque os barcos já deram suas despedidas,
E agora choram ao mar o sal de suas lágrimas,
Lívia, Maria, Bruna e Fátima,
Que agora são apenas memórias antigas.

Mas quem sabe o vento não mude a história trágica,
E um desses origamis que fiz ser vela
Não seja soprado de volta
E me traga novamente ela.

Então eu desdobro o barco e refaço a carta,
E quem sabe dessa vez eu a impeça de que parta.

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

UM PERFEITO CONJUNTO DE GESTOS E EXPRESSÕES

Era pra ser apenas um dia como qualquer outro,
Mas um raio de Sol há de me cegar,
Me fazendo em sua direção olhar.
E nessa direção dourada de raios de Sol,
Com a vista embaçada em ouro vejo a forma de uma garota.
E essa garota, não poderia ser outra,
Havia de ser a garota que hei de amar,
Mesmo que naquele instante só a pudesse contemplar.
E quando minha vista pode vê-la por completo,
Ah... Me bateu um tremendo afeto.
Ela sorrindo com as amigas,
E toda a cena passando em câmera lenta.
Eu passava com a visão atenta
Àquele sorriso que quase congelava o tempo,
Trazendo consigo um triste lamento.
Lamento por não ser dono desse sorriso
Que traz a felicidade como aviso.
E quando dias depois eu a reencontrei,
Ah... Tanto me alegrei...
Enquanto conversava com ela eu simplesmente voava,
Eu me tornava os raios ópticos que sua retina absorviam,
E pelos seus cabelos eu viajava.
Viajava em cada detalhe daquele ser,
Aquele que me fazia ser,
Ser alguém um pouco mais abestalhado,
Mais feliz, mais animado.
Me fazendo ser aquele ser que não sabe o que dizer ou fazer.
Pois tudo que ela fazia parecia ser simplesmente calculado,
Cada gesto, movimento e expressão facial,
Cada covinha na bochecha ou lábio movimentado.
Cada ato me encurralava e esperava de mim um retorno,
Tudo parecia almejar a mais perfeita perfeição,
Desde um sorriso à um mexer de mãos,
Cada pequena coisa era uma completa hipnose,
Cada movimento me remetia à solidão.
E eu, me encantando com suas doces palavras proferidas,
Me indagava se era o que o destino me queria,
Esse eterno sofrer pelo que não posso ter?
Uma ilusão pela mais doce paixão?
Ou simplesmente a perda pela demora?
Pela lerdeza...
Porque tomar coragem de tomar pra si um anjo,
É algo que não sei se posso fazer,
Acho que só me resta sofrer...
Meu Deus... Que dó...
Seria mesmo o meu destino terminar sempre só?


quinta-feira, 27 de setembro de 2012

UM ROMANCE PARA AFASTAR O TÉDIO

Eu só queria um romance,
Não um amor, um romance.
Meu coração anda tão chato, tão parado,
Ultimamente ele tem sido apenas uma casa vazia,
Abandonada com sua porta entreaberta e as janelas batendo.
Nada assustador, nada mal-cuidado,
Só sem morador, sozinha.
Por isso eu queria um romance,
Alguém pra entrar e sentar,
Tomar uma xícara de chá ou até mesmo uma dose de vodka.
Não precisa nem bater na porta,
Não precisa ficar muito tempo,
Um dia só já me bastaria.
Mas eu queria uma história pra contar,
Um romance pra me tirar dessa tediosa rotina da vida.
Queria uma troca de olhares,
Um sorriso envergonhado,
Aqueles pensamentos inseguros,
"Não sei se vou, não sei se faço, não sei digo".
Queria um romance desses,
Pra dar uma luz nessa casa abandonada,
Trazer de volta alguma borboleta para esse jardim que é o estômago.
Acontece que me sinto tão só,
Queria alguém para eu pôr seus cabelos atrás da orelha,
E aproveitar o movimento para alisar-lhe a face.
Alguém para eu poder tirar uma brincadeira e rir da cara dela,
Mesmo que seja pra levar um tapa depois.
Só queria um romance,
Nada de longa duração nem cartas de amor,
Não, um romance.
Um pouco de álcool e pularíamos juntos numa piscina,
Depois ajeitaria seus cabelos, e então... Um beijo.
Fingiríamos que nada daquilo foi planejado,
E nos surpreenderíamos por ter dado tudo certo.
Ah... Até me canso de tantos suspiros apaixonados e fantasias.
Mas infelizmente minha verdade é esta casa,
A poeira que circula por ela,
O tédio que torna-se rotina,
E a solidão que já se torna companheira.
Mas seria tão bom...
Uma brisa para afastar a poeira,
Um sorriso pra quebrar a rotina do tédio,
E uma garota para compartilhar de tudo isso.
Só preciso disso,
De uma história... De um romance...

terça-feira, 18 de setembro de 2012

SOBRE LÂMINAS, PÍLULAS E UMA COROA

Uma lágrima aqui, outra acolá,
Uns suspiros abafados pelo travesseiro
E uns desabafos com um bicho de pelúcia.
Um silêncio dentro dela que talvez só ela entenda,
Uma necessidade de se sentir forte, de não precisar de ajuda.
Uns livros semi-lidos espalhados pelo quarto,
Seus anti-depressivos na estante
E seus calmantes escondidos para a hora de dormir.
Seus problemas empilhados aos montes,
Debaixo do tapete, do travesseiro e atrás das cortinas.
Recusando-se a abrir demais a válvula de escape,
Com medo de alguém ver o quanto ela descarrega por aí.
E por quê tanta tristeza? Pra quê tanto refúgio?
Quando tantas pessoas te oferecem os braços abertos à consolos e abraços,
E tu, que tantos braços ficas a recusar,
Acaba por preferir o teu,
Mas o consolo que tu preferes não é carinho, não é amor,
Teu braço te consola apenas com dor.
E eu pergunto novamente... Pra quê? Por quê?
Por que tantos algodões manchados de sangue no lixo?
Por que tantas cicatrizes espalhadas por um corpo já desmoronado?
Se você gosta de algo pra cortar... Por que você não me corta?
Na verdade... Você já quase o faz.
Quando você se corta, não vê que está cortando também todos que se importam?
Você não vê que é o meu sangue que você está limpando?
Se for pra ser assim, por que não cortar diretamente o meu?
Deixa que pra teus cortes eu guardo beijos,
Deixa que pra teu sangue eu dou o meu.
Só deixa eu te convencer a abrir um pouco dessa tua válvula de escape prestes a explodir.
Deixa eu pegar uma vassoura e uma pá e fazer uma faxina nesse quarto,
Nesse corpo desmoronado que um dia foi um castelo,
Nessa pessoa confusa e entristecida que um dia foi a rainha sorridente de tão belo castelo.
Deixa eu varrer pra fora os problemas empilhados,
Os soluços abafados, as lágrimas que já deixaram manchas,
As pílulas na estantes e as lâminas guardadas à sete chaves.
Deixa eu ajudar a reconstruir, tijolo por tijolo,
O que um dia foi seu tão seguro castelo,
E pegar do chão o que um dia foi a sua coroa, limpá-la,
E com um sorriso no rosto, dizer:
"Vai! Vai voltar a ser rainha! Vai voltar a sorrir!
Que esse mero súdito que te ajudou a reconstruir esse castelo e devolver-lhe esta coroa
Agora será o cavaleiro que te ajudará a protegê-la."

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

*******

Querida,
Limpe essas lágrimas que sujam tua face
E sorria pra vida.
Ou ao menos deixe-me limpá-las,
Que tristeza em nada combina,
Com esse teu sorriso de menina.

domingo, 16 de setembro de 2012

UM BEIJO

E com uma mão na sua nuca e outra na sua cintura,
Danço essa valsa silenciosa
Que é o mais doce dos beijos,
Aquele que perdura, que não tem cura,
Aquele que tem amor.

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

A CARTA QUE EU QUERIA TE ESCREVER

Venho, há tempos, tentando escrever uma carta
Que seja levada pelo vento até onde meu amor embarca.
Sei que há em mim essa vontade de te escrever,
Tantas belas palavras que não sei ao menos sobre o quê.

Só sei que há em mim essa vontade de dizer a ti
Qualquer uma das palavras que guardo aqui,
Palavras que jamais prestei atenção,
Palavras que são como prisioneiras sem identificação.

Não sei porquê há em mim esse medo de falar
As palavras que nem paro pra pensar,
Ou talvez seja medo de reconhecer
Cada palavra que guardo pra te dizer.

Porque essas palavras são prisioneiras que não cometeram nenhum crime
Além do simples ato de serem tão sublimes.
Prendi-as pelo medo do que podiam causar,
Prendi-as pelo medo, talvez, de te amar.

Mas quem sabe se uma dessas palavras desconhecidas
Não acabasse voando dessa gaiola emudecida,
E como um belo passarinho,
Venha fazer de minha carta, seu ninho.

Ou talvez outro passarinho voasse até tua janela,
E te cantasse aquela música tão bela,
Assoviando um "eu te amo" ao pé do ouvido,
E te trazendo pra dormir comigo.

Quem sabe esses passarinhos não sejam tão medrosos quanto eu,
E apenas fiquem escondidos num completo breu
Te assistindo dormir com aquele velho pijama que te dei.
Ah... Não sei, não sei.

Só sei que queria tanto te fazer uma carta,
Pedindo para que parta,
Parta desta cidade e venha morar comigo,
Pra ser acordada toda manhã pelo canto dos meus passarinhos.

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

AS TELAS DE SIR RICHARDS

A noite chorava um alto lamento
No momento em que ele entrou.
Seu rosto expressava sofrimento
E à todos ele olhou.
Analisou cada indivíduo da lotada taverna
E logo foi se sentar,
Cruzou as pernas e pediu algo para tomar.

O barman olhou suas vestes molhadas
Mas não relutou em dar-lhe um copo,
Porém olhava-o de longe com uma cara desconfiada
Enquanto ele bebia logo.
"Tem lugar para passar a noite?
Ficar lá fora até amanhecer é um açoite!"
O barman indicou-lhe um quarto
Nos andares superiores
E logo ele foi, depois de um quase infarto,
Reclamando dos caros valores.

Entrou naquele ambiente úmido e escuro,
Típico do fungo que ele era.
"Aqui ninguém ouvira um sussurro,
Aqui farei mais uma tela."
Sim, ele era um fungo apodrecido,
Entregue às podridões da mente humana,
Ele era um homem  de pouco tempo vivido,
Que não negava o prazer que a carne profana.
Ele vivia como um parasita,
Alimentava-se e vivia através de outros,
Uma mera visita e mais outra vítima, pobres tolos.

Ele jogou sua capa encharcada na cama,
E desceu à procura de uma dama.
Logo avistou uma jovem loira de seios fartos
Já meio embebedada em um ponto,
E como um típico cavalheiro pronto para o ato,
Levou-a para um canto
E logo foi jogando conversa fora com a menina.
Dizia ter feito medicina,
Mas havia se encontrado como um pintor.
E a menina logo indagou:
O que um pintor há de se fazer num subúrbio em Paris?
"Vou à qualquer lugar que possa me dar inspiração,
Só tento ser feliz."

E assim eles foram conversando,
Até que ele ofereceu eternizá-la em uma tela.
E a garota, tola... Foi logo se encantando.
Tão bela... Ainda mais naquele quarto úmido à luz de velas.
Ele a despiu e logo começaram a transar,
E no final do ato ela já estava se perguntando como ele a iria pintar.
E ele, com um sorriso malicioso,
Já imaginando um esboço,
Respondeu-lhe num só instante:
Com o seu sangue...
E com a mesma velocidade que ele falara,
Ele havia pego o travesseiro e a sufocara.

Na barriga ele fez um corte,
Extraindo o sangue dela e ponde-o em um pote.
Depois ajeitou o cadáver do jeito que ele preferira,
E armou o cavalete na posição que desejara.
E molhando seu pincel em sangue, com ira,
Meticulosamente pintou cada detalhe da garota que ele assassinara.
Cada pincelada que era dada continha tanta experiência e habilidade,
Cada pincelada ensanguentada e apaixonada era a mais pura arte.
E ao final de tão gloriosa pintura,
Ele olhou sua amada com ternura
E disse-lhe "eternizada querida, eternizada,
Há eternidade maior do que a sua vida em minha tela pintada?"

Na semana seguinte ele já voltara para sua casa,
Carregando debaixo dos braços a tela amada,
Arranjou-lhe um lugar na parede e sorriu,
Não só para ela, mas para as outras vinte telas
Cujo sangue em seu pincel fluiu.

terça-feira, 4 de setembro de 2012

ENTRE SER IMAGEM E SER PALAVRA

Ser uma pessoa de imagem é fácil,
É fácil fingir um sorriso e um pouco de felicidade
Quando tudo à sua volta desaba.
Não tente fazer com que as pessoas te vejam de um jeito que você não é,
Ou ao menos, não está sendo,
Criando sempre aquela imagem da pessoa perfeita.
Imagens e mais imagens,
Mentindo para todos,
Quando a sua verdadeira imagem é o reflexo que você vê no espelho.
Pra quê criar a imagem de uma pessoa que você não é?
Por que procurar aceitação nas miragens que você cria?
Por que criar uma imagem se quem está sendo aceita é ela e não você?
Mas também não adianta ser uma pessoa de palavras,
Citando filósofos e poetas,
Mas seguindo a própria filosofia que não se parece com nada que você cita.
Sempre com belos dizeres, frases de efeito e palavras difíceis,
Mas com cada ação contradizendo o que tua boca profana.
Do que adianta citar belas metáforas se você não faz da vida, poesia?
Pra quê falar tanto e não viver o que você fala?
Por que glorificar ouvidos e empoeirar seu coração?
Não seja uma pessoa que vive de imagens,
Um mero fotógrafo da vida,
Ou uma ilusão de óptica
Feita pelos espelhos que a sociedade nos impõe.
Muito menos alguém que vive de palavras,
Como um poeta inventando eu's líricos que jamais serão ele.
Seja algo mais como uma pessoa de verdade,
Seja uma pessoa de filme,
Aquela que tem a imagem e a palavra,
E que as suas ações não contradizem nenhuma das duas.
Alguém mais parecido com você mesmo em sua própria essência.

domingo, 26 de agosto de 2012

INSÔNIA POR AMOR

Você se apaixona,
E de repente todo seu sono vai embora.
Você passa horas deitada na sua cama,
Pensando e pensando,
Imaginando todas as possíveis soluções,
Todos os possíveis planos.
Até mesmo rejeitando o pensamento,
Ou sofrendo pela falta.
E passa todos os dias assim,
Dormindo pouco,
Demorando pra dormir,
Às vezes nem dormindo.
Até que um dia a história de vocês dois começa,
E pouco a pouco vira um namoro sério.
Mas mesmo assim você não consegue dormir,
Você passa a noite sorrindo, amando,
Sentindo a falta dele ao seu lado,
Lembrando de tudo que fizeram naquele dia.
Às vezes você não dorme por medo,
Fica imaginando que talvez ele não te queira tanto,
Talvez ele não te ame,
Talvez ele te traia ou termine.
E todo esse talvez vira a certeza de mais uma noite sem sono.
Será que amar é isso?
Simplesmente não dormir?
O amor seria um remédio que te deixa anestesiado e alucinado,
Te privando, assim, o sono?
E se eu dissesse que eu também não durmo, querida?
Isso te faria dormir tranquila?
E se eu te oferecesse uma solução?
Você aceitaria?
Não dormimos pela falta,
Então por que não fazemos a presença?
Vem morar comigo,
Me deixa morar com você.
Juntos, nós dormimos tão bem,
Deixa ser assim pra sempre,
Eu e você na mesma cama,
Sem medos e sem nenhum talvez,
Só a certeza do melhor.
Aceita meu pedido, minha solução,
Casa comigo...

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

LEMBRAR DE SER FELIZ

     Estou cansado de ver essas pessoas de rotinas, essas pessoas de deveres. Aqueles que estão sempre pondo notas nos celulares, lembretes colados por aí em papéis coloridos ou anotações na mão ou em algum caderninho. Aquelas pessoas sempre apressadas, sempre tentando não esquecer de algo, quando no fundo ela está esquecendo de tudo.

     E pior que quase todos vivemos assim sem nem perceber. Nós nos enchemos de tarefas e lembretes, sempre correndo atrás de alguma coisa, quando, na verdade, deveríamos correr atrás de nós mesmos. Às vezes até correr atrás de outras pessoas.

     Vamos tentar lembrar de ser felizes, vamos tentar lembrar da gente, ao menos que por hoje. E principalmente, vamos lembrar dos outros. Vamos ajudar, vamos tornar alguém feliz, vamos SER felizes. Vamos parar de tentar lembrar de tantas coisas inúteis, ou simples coadjuvantes em nossas vidas. Vamos lembrar de sorrir, vamos lembrar de beijar, vamos lembrar de dar significado às nossas vidas e à de outras pessoas com quem nos importamos.

     Hoje, ao menos que seja só por hoje, proponho o seguinte: vamos pegar nossos cadernos de anotações, nossos blocos de folhas coloridas, nossas mãos, ou as notificações do celular, e vamos escrever "lembrete: lembrar de sorrir", "lembrar de ajudar alguém", "lembrar de mim", "lembrar de fazer alguém sorrir" ou até mesmo "lembrar de ser feliz". Vamos nos dar lembretes e obrigações que nos faça sentido, que nos faça bem. Escrevam isso no caderno de outras pessoas também, vamos ajudar a nos lembrar de nós mesmos e dos outros. Ao menos que por hoje, vamos tentar lembrar de ser felizes.

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

SEM PODER TE TER

E eu aqui, sem ti,
O que hei de ser?
Serei uma continuação do que vivi?
Ou um constante lamento pelo que acabei de ver?

Porque ver uma mulher chorar...
Isso faz qualquer um morrer,
Acho que só isso é o que me faz mudar,
Ainda mais quando sou eu o motivo dela sofrer.

O pior talvez seja não ter nem força, nem vontade,
Ou qualquer outra coisa capaz de mudar essa cena,
E só poder fingir uma tola bondade
Com um falso sorriso de hiena.

Só resta travar-me as unhas no corpo,
Me matar por dentro e por inteiro,
Por saber que aquele lindo sorriso agora torto
É vítima de meu grande erro.

E eu já não sei como resolver essa situação,
Será que não há mesmo nada que a faça melhorar?
Nada que não seja aquela clássica ilusão
Que logo logo irá quebrar?

Eu acho que já não nos há saída
Que não seja simplesmente esquecer
As maldições da vida
Que insistem em nos fazer sofrer.

domingo, 19 de agosto de 2012

COMO DIZER ADEUS

Duas colheres de decepção,
Uma colher de mágoas bem batidas,
Meia xícara de dor,
Duas xícaras de lágrimas,
Um pouco de coragem
E mais um pouco de frieza,
E adicione o "foda-se" à gosto.
Não é tão difícil quanto parece,
Você cresce e aprende a se desapegar das pessoas,
E vai percebendo que não importa quem seja,
Todas elas vão te decepcionar um dia.
Não é tão difícil dizer adeus,
Você só precisa seguir a receita.
E do jeito que as pessoas são,
Elas mesmas vão te dando os ingredientes.
Você só precisa da coragem de bater tudo num liquidificador
E tomar gole por gole.
Ou você pode esquentar tudo em fogo baixo,
Cozinhando pouco à pouco,
Até chegar ao ponto certo.
Mas tome cuidado pra não queimar,
Ou o resultado pode não ser o esperado.
Você pode até botar no congelador
E esperar esfriar,
Fingir que nada aconteceu.
Mas uma hora isso volta,
Isso esquenta,
Isso estraga.
É simples, é fácil,
Até pode doer um pouco,
Muitos se queimam ou se cortam na cozinha,
Mas é assim que se diz adeus,
Você não diz nada,
Você não faz nada...
A vida e a outra pessoa fazem tudo por você,
Te dão os instrumentos, ingredientes e motivos,
E você só faz o que ela te suplica pra fazer.
Dizer adeus não é difícil...

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

TRAIÇÃO

Ela nem se importou,
Correu atrás de outro
E assim que o assegurou,
Terminou.
Mas foi só ela cair na doce ilusão
Que é a verdade,
Que todo seu mundo desabou.
Assim como ela iludiu ele,
Seu novo amante iludiu ela,
E então sozinha ficou.
E chorou,
Não por ter machucado ele,
Mas por estar machucada,
Não por saber que tinha feito algo errado,
Mas por tê-lo trocado pela pessoa errada,
Por estar sozinha...
E ele também chorou,
Chorou de raiva, de frustração,
Mas seu coração era bom,
Ele pôde perdoar.
E ela vendo isso quis se reaproximar,
Chorou tudo que chorava por ela
Dizendo chorar por ele,
E usava aquela face bela,
Pra esconder o sorriso maligno por detrás das caretas,
Ou talvez não o fizesse por mal,
Fosse apenas egoísta, carente,
E por isso fazia tudo desse jeito, crente
Que não fazia nada de errado.
E enquanto ela o dizia o quanto sentia sua falta,
Ia procurando outras pessoas
Para suprir sua desesperada carência.
Mas sua inútil demência
O deixou descobrir suas tolas mentiras,
E foi quando ele despertou sua ira,
E toda descrença foi posta em sua face,
Se recusando a sequer mexer os lábios em sua frente.
Então o medo de que ele a ignorasse
Tornou-se realidade.
E a triste garota voltou à sua desesperada solidão,
Sem mais nenhuma chance de um alguém concreto,
Se conformando com momentos em vão
E se lamentando por saber que ele estava certo.
E ele seguiu sua vida com outras mulheres e é feliz,
Ele a superou,
E ela mereceu o que iludiu.
E quem diria que aquela quem traiu, chorou,
E aquele quem sofreu, sorriu.

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

AMOR É TERNO

E se algum dia eu te falasse que ainda sinto sua falta?
Você se surpreenderia? Você voltaria?
Você me amaria se depois de alguns meses
Recebesse uma mensagem minha dizendo que ainda te amo?
Mas e se... E se no fundo eu tenha sempre te amado?
E se eu estivesse com medo?
E se eu tivesse ofendido?
E se... E se eu disser que nunca fui tão feliz como fui com você?
Isso mudaria alguma coisa?
Acho que não né?
Mas, quem sabe, de repente o destino refaz o nó que eu tenho medo de refazer,
Quem sabe a gente se esbarre numa dessas esquinas da vida.
É tão difícil acreditar que a minha vida anda sem você,
Eu sempre achei que morreria, que o tempo pararia,
E é quase como se o tivesse feito.
Sem você, não consigo ser eu... Eu morro...
É tão difícil não esperar que um dia tudo volte a ser como antes,
Eu só... Não imagino um futuro pra mim que não seja com você.
Então não se surpreenda se um dia eu falar de você,
Não se surpreenda se um dia ouvir alguém te dizer
Que me ouviu dizer que você é o amor da minha vida.
Não se surpreenda se eu te olhar do jeito que sempre olho,
Ou se eu sorrir pra você do jeito que sempre sorrio.
Só... só... Não sei.
Você pode rir e fingir que não me ama mais,
Você pode dizer o quanto tudo parece igual,
Você pode até ignorar.
Mas só... Só não se surpreenda,
Porque se você se surpreender com meu amor por você,
É porque você já não espera que ele exista,
E isso, querida... Isso é um pecado pro meu coração.

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

ENTRE QUARTOS E RUAS

E neste novo quarto frio
Aborreço-me com suas paredes e estantes,
Porque apesar dessas coisas, bastantes,
Ele ainda há de ser vazio.

E assim o sendo,
Faz de mim também,
Vazio e sem ninguém,
Da solidão, bebendo.

Este quarto tem um teto que me impede de voar,
E das janelas os prédios me bloqueiam a vista,
Então só me resta olhar pra pista
Quando só queria ver o mar.

Aqui tudo me enclausura,
Meu cabelo já não voa,
Porque o vento aqui não ecoa
E já não me traz a sua cura.

O vento aqui só assobia,
Triste como um lamento,
Descontente vento
Dessa noite fria.

E esta cama que anda tão vazia,
Fria, já não sente o calor de outros corpos,
Apenas se lembra dos amores mortos,
Abandonados pela vida.

Saio do quarto
E fecho a porta,
Essa outra vida torta
Já me deixa farto.

Sou feliz pelas ruas,
Pelos bares de esquina
À procurar pelo amor de uma menina
Debaixo de tantas Luas.

Sou feliz onde parede não houver,
Onde o vento dança,
E o amor não cansa
De ser a mesma mulher.



sábado, 4 de agosto de 2012

MEU AUTO-RETRATO

E eu aqui à desenhar com frases meu auto-retrato,
Não sei se me pinto forte ou se me pinto fraco,
Se me pinto claro ou se me pinto opaco.

Não sei ao menos se me desenho um sorriso,
Quem sabe até eu me desenhe com um amigo,
Afinal, sem eles não hei de ser eu, pobre iludido.

Ou talvez eu desenhe uma lágrima no meu rosto,
Daquelas que quando se vê já se sente o gosto,
Ou quem sabe tantas lágrimas que até manchem meu esboço.

Não sei nem se me pinto com asas,
Trazendo fogo à tantas casas
Que as decepções só deixaram brasas.

Ou se me pinto com raízes,
Fazendo em volta todos felizes
E acabando com tudo por um deslize.

Não sei se me pinto anjo ou se me pinto diabo,
Ser humano mal amado,
Que fez do sofrimento, aliado.

Não sei se me pinto amando,
Ou se me pinto chorando
Por um coração estar quebrando.

Não sei se me pinto ao lado teu ou se me pinto só meu,
Quem poderia responder uma vez morreu,
De tanto que sofreu.

Posso me pintar com diversos ferimentos,
Ou até com os devidos medicamentos,
Contanto que se faça notável o meu sofrimento.

Tanto fui nessa vida,
Que não ouso ser eu em um retrato só.
Sou os dois lados da moeda indecisa,
Sou o bolo de fios que é um nó.
Há de ser impossível me pintar em uma única tela,
Tal qual é voar em barco à vela.
Porque por tanto ser
E tanto ter sido,
Se faz impossível descrever
Apenas num quadro, o que já foi vivido.





quarta-feira, 1 de agosto de 2012

COADJUVANTE DA VIDA

E quem deveras imaginaria
Que na vida me encontraria
Como um vagabundo moribundo,
Guiado por um velho sujo e imundo
Que do palco me tiraste,
Por ser artista de contraste.
Por não saber se ria ou chorava,
Quando a vida me decepcionava.
Palco esse que ouso chamar de vida,
E velho esse que ouso chamar de morte,
Que veio anunciar a hora da minha partida,
Depois desta minha curta vida sem sorte.

segunda-feira, 30 de julho de 2012

ME DEIXA

Me deixa,
Me deixa segurar sua mão um pouco mais,
Me deixa ficar olhando pra você, assim,
Me deixa dizer que não te solto jamais,
Me deixa roubar você pra mim.

Me deixa,
Me deixa abraçar você bem forte,
Me deixa voltar quando digo que estou indo,
Me deixa te agradar, mesmo que não se importe,
Me deixa te deixar sorrindo.

Me deixa,
Me deixa beijar tua boca,
Me deixa te puxar pra mim,
Me deixa te deixar louca,
Me deixa dizer que não vai ter fim.

Me deixa,
Me deixa te amar loucamente,
Me deixa dormir com você,
Me deixa ser seu pra sempre,
Me deixa não te esquecer.

Me deixa,
Me deixa ser o cara que você não deixa,
Me deixa ser o cara que você quer ficar,
Me deixa ser o cara que você beija,
Me deixa ser o cara que não vai te largar,
O cara que vai te entender,
O cara que só quer você.


Mas, por favor, ao menos que por agora,
Só não me deixa ir embora.

sábado, 21 de julho de 2012

AMOR, INUSITADO AMOR

E daquele encontro já marcado,
Me veio um sentimento inusitado,
Que me foi invadindo a casa sem pedir licença,
E foi desmantelando todas minhas crenças.

Eu acreditava ser agora um qualquer vulgar,
Mas quando meu coração bateu mais forte ao lado dela...
De mim mesmo passei a duvidar,
"Não, deve ser só uma atração por ela ser tão bela."

E eu que planejava viver a vida sem esses apegos,
Logo me foi tirado todo o sossego,
Por que ela havia de estar ao meu lado com aquele olhar?
Fazendo-se tão difícil não se apaixonar.

Ah, essa dor,
Que me sufoca o peito,
Traz esse maldito efeito,
Essa dor só pode ser amor.

quarta-feira, 18 de julho de 2012

SOBRE DESFAZER E DESPIR, ACUMULAR E VESTIR

Era um simples cérebro exibido num laboratório,
Inanimado, frio, algo realmente notório.
Isso até o dia em que ela passou...
Ah! E por quê foi ela passar?
Aquele cérebro, só de tê-la por perto,
Reanimou.
E com seus neurônios ainda acordando,
Foi logo chamar a mulher que estava à passar.
E quando ela foi em sua direção...
Ah! O cérebro parecia até coração,
Tamanha era sua emoção.
E logo ele começou a mostrar à ela toda sua inteligência,
Ia mostrando tudo que sabia sobre o mundo.
Falou tudo o que sabia sobre matemática, história, artes ou filosofia,
Mas a mulher não conseguia parar de vê-lo como algo imundo.
E simplesmente foi embora,
Deixando-o só com sua exibição de raciocínio.
O pobre cérebro sentiu-se triste e rejeitado,
Mas por pouco tempo durou sua tristeza,
Logo ele viu um esqueleto pendurado ao seu lado,
Olhou o esqueleto na parede,
E pulou dentro do seu crânio.
Então o esqueleto virou ele,
Já não era aquele velho e acabado cérebro putrefato,
Ele era o próprio esqueleto.
E eufórico com seu novo eu,
Articulado, andando e podendo até mesmo sorrir,
Foi correr atrás da mulher novamente.
Ele se aproximou logo dançando,
Mostrou à ela como era articulado,
Todos seus movimentos e risadas, 
Mas a mulher completamente desapegada,
O ignorou novamente e o deixou sozinho.
O esqueleto saiu triste sendo rejeitado novamente,
Mas não demorou pra vir outra ideia em sua mente.
Logo arranjou músculos para cobrir seu esqueleto,
E desse jeito,
Voltou à correr atrás daquela mesma mulher,
Mas foi inútil,
Nem mesmo com toda sua anatomia,
Músculos e porte físico desejável.
A mulher novamente deu-lhe um fora,
E o deixou a lastimar sozinho.
Mas ele não desistiu,
Passou a ser gente,
Conseguiu uma pele lisa e perfeita,
Um belo par de olhos azuis,
E o mais dourado e brilhoso dos cabelos loiros.
E com sua nova aparência divina,
Chegou logo cortejando a doce mulher,
Mostrando seu sorriso de diamante,
Sua beleza invejável,
E seus olhos sedutores.
Mas a mulher não se deixou levar pela aparência,
Foi um pouco mais gentil dessa vez,
Mas deu-lhe o mesmo fora que sempre havia dado.
Mas o homem já estava obcecado,
Ele não iria desistir.
Arranjou uma boa faculdade, se dedicou,
E dentro de alguns anos ele já estava rico,
Então foi novamente procurar aquela mulher que tanto o havia rejeitado.
Chegou pra ela num carrão esportivo,
Esbanjando todo seu dinheiro e fazendo diversas promessas,
Mas a mulher o olhou com tamanho nojo e desprezo,
Que saiu sem nem responder.
Foi a gota d'água,
O homem não podia mais suportar,
Tratou de subir no topo do arranha-céus que era a empresa que ele comandava,
E pulou...
E morreu com o mesmo baque surdo que morreria qualquer um.
Então, o homem rico,
Que foi homem bonito,
Que foi um conjunto de beleza física e anatômica,
Que foi esqueleto articulado e dançante,
Que foi cérebro intelectual,
Voltou à sua maior essência,
Tornou-se espírito.
E foi vagando pelas ruas, triste, cabisbaixo,
Até que aquela mulher que tanto o rejeitou o olhou pela primeira vez.
Ela olhou aquele espírito, aquela essência,
Viu tudo o que tinha de bom nele,
E pela primeira vez, ela correu atrás dele.
E ele, que começou sendo um cérebro,
Aprendeu que não precisava de nada a mais para impressioná-la,
Ele perdeu tanto tempo acumulando coisas e atributos,
Quando na verdade ele apenas precisava se desfazer deles,
Mostrar o que ele era por dentro... A essência.
Porque no fundo, é o que todos queremos em alguém,
Conhecê-lo por dentro...

sábado, 30 de junho de 2012

UM CONTÍNUO ROMANCE REPETIDO

Já não hei mais de ser aquele cavalheiro que luta por uma história concreta,
Não enfrentarei um monstro num labirinto de pensamentos confusos,
Como fez Teseu por aquela mulher em Creta.

Nem lutarei pela mão de uma dama presa no castelo do confinamento social,
Ou dormindo eternamente na angústia da perda,
E nem por uma Rose que venha me afogar num mar de tristeza glacial.
Não lutarei pela menina mantida refém do temor das borboletas no estômago,
Nem por uma Amelie Poulan deixando pistas para eu seguir,
E muito menos por uma Summer Finn que venha a elogiar que música estou a ouvir.
Não, não deixo de me encantar,
Apenas perdi aquele encanto que canta os anjos,
Aquele encanto cantado por um sino de igreja.
Perdi o encanto pela capa que junta as folhas em um livro,
Perdi o encanto pela corrente que acorrenta Andrômeda à Perseus,
Ou até aquela que acorrenta meu futuro ao seu.
Sabe... O que há de ser perpétuo, contínuo,
Isso já não me traz nenhum fascínio.
Prefiro o que venha a ser perpétuo,
Mas que não o seja,
Manter a emoção não prolongada por perto,
Realizar aquilo que minha alma almeja.
Ter todo o encanto de uma história de amor,
Mas sem que o final apagado possa me trazer alguma dor,
Quero uma história dessas com alguma dama,
E poder repeti-la como repetem as mães todas as noites para as crianças na cama.
Quero viver a momentaneidade do contínuo,
E a continuidade do momento,
Quero as histórias de amor fragmentadas pelo tempo,
Mas entrelaçadas pelo desejo e pelo acontecimento.
Quero apenas ser alguém diferente,
Não alguém diferente,
Mas alguém que venha a agir diferente,
Descompreendendo tudo o que lutei pra entender.
Alguém que não seja eu, mas possa vir a ser,
Mesmo que aja como se não fosse eu,
Mas que mesmo assim saiba cuidar do que é ou venha a ser meu.

segunda-feira, 25 de junho de 2012

UMA DANÇA, UMA MÚSICA, UM MOMENTO E MUITOS AMIGOS


Amigos, o que seria de nossas vidas sem eles? O que seria de mim sem eles? Afinal, por mais que todos ofendam, te ridicularizem, no fundo somos todos cheios de amor. Porque é assim que o homem é, ele ri da sua cara, faz piadas de mal gosto sobre coisas que você não quer nem comentar, e te faz de otário. Mas aqueles amigos de verdade... Eles fazem além... Eles te xingam e depois te oferecem uma solução pro problema, eles botam a perna pra você cair e depois te ajudam a levantar e dançam um pouco como um grupo de loucos. Eles te viram as costas, mas sabem dar o ombro pra chorar, eles sabem mandar tomar no cu, mas sabem dizer que está tudo bem e que tudo vai passar. Eles pedem dinheiro que nunca devolvem, mas depois de chamam prum bar e pagam sua bebida. Eles sabem dizer que você é um filho-da-puta, mas também sabem dizer que puta mesmo é a vadia quem te fez algum mal. Ah... O que seriam das conversas de bar se os amigos também não valessem a pena? Que atire a primeira pedra quem nunca dançou ou cantou alguma música feito um maluco bêbado com os amigos e riram da merda que faziam, não só dessa mas de várias outras. Afinal, nós homens só fazemos merda, só falamos merda, mas convenhamos, não há melhor companhia do que a nossa, não há risadas melhores, não há pessoas mais engraçadas. Afinal, meus amigos, quem além de nós dançaria "Yellow Submarine" pulando em círculos? Ou cantaria "I wanna rock'n roll all night" pelas ruas como três bêbados? Ou cantaria todas as aberturas do Dragonball Z feito um grupo de retardados? Quem te ofereceria um cigarro ou te daria uma cerveja já aberta na sua mão? Se não fossem pelos amigos não haveriam "copinhos", não haveriam piadas, muito menos as "piadas internas", e convenhamos que elas são sempre as melhores. Quem além de nós sairía "caçando corujas por telhados alheios"? Ou procurando um banco de praça qualquer que venha a ser um tigre? Ou até mesmo te empurrando em rodinhas ou te convencendo a ir com ele pra algum show? Ah... E que falta fazem esses amigos, esses de verdade, esses que você pode dizer que são pra vida inteira... Que falta eu sinto daqueles quem já não vejo, mas ainda rezo pros dias passarem rápido, porque em algum lugar eles me esperam, em algum lugar há alguém me aguardando com uma garrafa de vodka e uma piada de mal gosto. Amizade... Um simples derivado do amor, e provavelmente o mais sincero, mais até que o próprio. Então espero que lhes sirva de lição, saiba valorizar os amigos que tem, e saiba valorizar aqueles que podem ser pra sempre, por que pra sempre é muito tempo, meus caros. Saiba também que seus amigos também podem ter problemas assim como você, então ajude-os, fique ao lado deles. Homens tem sentimentos, meus caros, então não achem que vão zombar da sua tristeza, saiba pedir também. É assim  que uma cerveja vira um abraço, que vira uma gargalhada, que vira uma dança, que se expande, e vem outros amigos, e tudo aquilo vira um momento, um inesquecível. Um daqueles só dois tipos de pessoas podem fazer, os loucos... E os amigos. Afinal, we all need a little help from our friends.

sábado, 23 de junho de 2012

NOSSA HISTÓRIA REFLETIDA NAS ÁGUAS

Eu estava a caminhar pela areia da praia,
Quando ao longe avistei o reflexo de alguma luz da cidade na água,
Formando algo parecido com duas colunas prateadas,
De formas quase humanas.
Permaneci lá com meu olhar concentrado nas duas pessoas refletidas na água,
Quando do nada as duas começaram a se mover.
Me espantei e esfreguei os olhos pra garantir que eu não estava louco ou tão bêbado assim,
Mas as duas pessoas refletidas na água realmente estavam se movendo.
E não eram simplesmente duas pessoas,
Era um casal,
Mas não qualquer casal,
Era eu, eu e você...
Fiquei a admirar o pequeno filme que o reflexo me mostrava,
E tudo se passava altamente devagar,
Quase como se quisessem que eu tivesse certeza de estar vendo tudo certo.
O garoto jogava água na menina e eles riam juntos,
Ela então corria atrás dele e tentava revidar,
Mas o garoto corria mais e zombava da menina.
Depois ele ia até ela e a abraçava bem apertado,
E em seguida tirava um amontoado de flores das costas e entregava pra ela,
Ela sorria envergonhada e aceitava,
E então os dois se beijavam e sorriam.
A menina então tirava algo dos bolsos e entregava pra ele,
Um pequeno anel...
Ele sorria e a abraçava,
Depois a beijava novamente por um tempo maior,
E de repente o reflexo se desfazia e voltava a ser o que sempre fora...
Apenas duas colunas refletidas de uma luz qualquer.
"É... Voltamos a ser o que éramos, fomos dissolvidos,
Depois de refletidos um no outro,
E todas as nossas formas, ações, beijos e sorrisos...
Voltavam a ser nada, apenas um desenho
Que outrora havia sido desenhado
E agora está apagado.
E em nenhuma das duas colunas há um traço sequer de que alguma vez foram humanos,
Não só humanos, mas amantes, um casal...
Um casal feliz..."

quinta-feira, 21 de junho de 2012

CANCER

I'm supposed to die in a few months,
But don't worry, my friends,
I won't let any of you drop a single tear,
I won't let any of you be sad.
Cause I'll make myself an idiot,
I'll make myself selfish,
I'll make you all hate me.
So you don't have to worry.
You won't miss me when I go,
You won't cry, you won't care.
Cause I'll just do all the shit things that I can do,
So you all will just wish that I die soon,
And I'll make your wish came true,
I'll make you all happy when I die,
Cause I don't want to see any cry,
I don't want to see any sadnees coming from any of you.
I'm just tired of all this fucking exams and all that fucking doctors,
I'm afraid of this fucking chemo,
I'm afraid of losing my hair.
But I'm okay,
I'm okay because I won't let you suffer.
And you, my dear, my lover,
If you knew that I'm dying,
Would it make you fight for me?
Would it make you fight for... Anything?
Would it change you?
Would it change... Us?
But it doesn't matter now,
We are going to die because I'm dying,
Or maybe I'm dying because we...
I don't know, but it doesn't matter.
Maybe we could just make some surgery and...
I don't know... Sew our hearts back again?
Maybe we could spend my few months being happy,
But it would make you suffer even more...
No, I won't rest in peace if I do that,
So just let me suffer,
And anyone will suffer,
It's okay...
I'm going to die anyway...

quinta-feira, 14 de junho de 2012

O MUNDO DE FORA É A PESSOA DE DENTRO

Não importa quantas vezes você diga adeus pra mim,
Não importa quantas vezes você me empurre pra perto do fim,
E mesmo que você use toda a força do seu pensamento,
Eu não sairei aí de dentro.
Eu vou continuar estando onde você estiver,
Eu vou continuar estando em tudo que você olhar.
Eu vou ser uma música de amor qualquer,
Eu vou ser a flor que você vê desabrochar.
Eu vou ser o músico pedindo dinheiro na rua,
E também o brilho da bela Lua,
Eu serei o sorriso de uma criança no parque,
E um navio chegando pro desembarque.
Eu vou ser a nuvem de forma estranha que te lembra meu cabelo,
E o abraço com tanto zelo.
Serei o espetáculo de dança,
E o lutador que sempre cai mas não cansa.
Serei os corações na vitrine no dia dos namorados,
E o casal se beijando logo ao seu lado.
Serei o anjo da tua bíblia,
E o encontro em família.
Serei a paisagem de alguma janela,
E serei alguém que venha a te chamar de bela.
Serei os números que você vê por aí,
E as poesias que tua mente deixa fluir.
Serei o silêncio do teu quarto,
O vazio da tua cama,
O coração que ainda não está farto,
E a lágrima que você derrama.
Eu vou continuar estando em tudo que você olhar,
Pois ainda estou no seu coração,
E não importa o quanto tente não pensar,
Todo seu esforço será em vão.
Quando temos alguém aqui no peito,
Essa pessoa se projeta mundo à fora,
E é tão belo esse feito,
Que não há porquê mandá-la embora.
E ainda mais, meu amor,
Porque você também vive aqui,
Seja aqui dentro ou projetada no exterior,
Então não há porque me fazer partir.
Seja você o Sol que me da bom dia,
Ou a minha estrela-guia.
Seja você o sonho da noite passada,
Ou uma de minhas poesias mal rimadas.
Seja você um filme com um casal fofinho,
Ou a minha garrafa vazia de vinho.
Seja você a anja num álbum de uma banda,
Ou uma menina no ônibus ajeitando a franja.
Seja você o álcool em minhas veias,
Ou a sua carta no armário cheia de teias.
Seja você um perfume em uma garota,
Ou o retrato esquecido,
O meu choro correndo gota por gota.
Ou o meu coração partido.
Meu mundo é você,
Seu mundo sou eu,
Então não há porquê esquecer,
O que ainda não morreu.

sexta-feira, 8 de junho de 2012

VOLTANDO A SER ANJO

"Vamos lá,
Dessa vez eu vou conseguir."
Dou mais uma olhada para o chão lá em baixo,
Vou o máximo pra trás que consigo,
Respiro fundo... Corro!
Pego o maior impulso que consigo e corro,
Corro até a beirada e salto.
E de repente o tempo para,
Os nanosegundos viram minutos...
"Droga, por que eu não consigo?
Por que não ta funcionando?
Eu vou... Cair..."
E toda aquele tola esperança de permanecer no ar...
De conseguir voar... Acaba.
E caio do topo daquele prédio direto ao chão,
Me perguntando porque minhas asas não voltam.
"Eu procurei tanto..."
Procurei em cada lixeira,
Me perguntando se havia sido nessa em que eu as tinha jogado.
Procurei nos lixões e nos depósitos de lixos,
Mas não havia nenhum sinal das asas que eu havia jogado fora.
Meu corpo se choca contra o chão e novamente me vejo ferido.
Respiro, aguardo, levanto...
"Droga, achei que o jeito era fazê-las crescer de novo."
Subo novamente e novamente me jogo,
Na mesma tola tentativa de despertar minhas asas adormecidas.
E novamente caio,
Novamente paro o tempo durante a queda pra me perguntar "Por quê?"
Olho para o céu,
Deitado depois de cair outra vez,
E vejo três penas caindo na minha direção...
"Não, não pode ser!"
Toco as minhas costas e me surpreendo...
"Elas estão nascendo de novo...
Minhas asas...
Minhas asas estão voltando..."

terça-feira, 5 de junho de 2012

REFLEXO DO PASSADO

Em um de meus momentos de reflexão,
Estava deitado em minha cama,
À relembrar aquele quem, um dia, fui eu.
Estava com saudades,
Saudades de mim,
De quem eu era.
Resolvi me sentar e dei de cara com meu espelho,
Fiquei lá parado,
À observar aquele reflexo...
"Quando foi que você ficou assim?"
E nada me foi respondido...
"Quando foi que você se tornou tão ruim?"
"Quando foi que você deixou de ser tão puro?"
... Silêncio...
As lágrimas já se formavam em meu rosto,
E aos poucos eu levantava o tom de voz...
"Quando você se tornou incompreensivo!?"
"Quando você se tornou agressivo!?"
"Quando você ficou tão egoísta!?"
Minha última pergunta tornou-se um grito,
Minha face, agora rubra,
Tinha lágrimas riscadas,
E mesmo assim eu só ouvia o silêncio...
"Quando foi que você perdeu a fé nos outros!?"
"Quando foi que você perdeu a calma e a paciência!?"
"Quando foi que você se tornou orgulhoso!?"
"Quando foi que você parou de amar!?"
Eu agora estava tomado pelo desespero,
E aquele silêncio como resposta apenas piorava,
Me envolvia e me enchia de agonia...
"Quando foi que você se tornou tão alheio à dor dos outros!?"
"Quando foi que você começou a machucar as pessoas!?"
E com esse meu último grito eu recebi minha resposta,
Fui respondido com o som do espelho se quebrando ao meu soco,
Pelo som dos cacos ao chão e meu grunhido de dor.
Fiquei lá estagnado...
Chorando com meu punho travado no que restava do espelho,
Enquanto o sangue lentamente escorria da minha mão.
Olhei para o chão e vi um terço da minha face refletida num caco do espelho,
E uma gota de sangue caiu bem sobre o reflexo da minha testa.
Recolhi minha mão e a apertei contra o peito...
"Quando foi que você se tornou eu?"

sábado, 2 de junho de 2012

OS OLHOS QUE NÃO DECIFREI

Mais um dia normal e chato se passa,
E eu estou no meu ônibus à caminho de casa,
Quando uma menina passa pelo assento vazio do meu lado e depois olha pra mim,
Ela se apoia, da meia volta, e senta ao meu lado.
"Hum, não deve ter sido por mim, mera conhecidência".
Ela começa a mecher em algo no celular,
E eu respondendo mensagens no meu,
Estava ao som de Arctic Monkeys,
E ela, sem fone algum.
Me perguntei que tipo de música ela deveria ouvir,
Tinha cabelos lisos e pretos,
Não consegui ver sua face perfeitamente,
Mas vi que era bela.
Enquanto traçava um perfil psicologico-musical olhando pela janela,
Notava que ela olhava pra mim às vezes.
"Deve ser só sua imaginação,
Não olhe de novo, vai parecer bizarro."
Mal notei que meu ponto já tinha chegado,
Pedi licença com um sorriso e saí.
Assim que saltei e começei a andar em direção à minha casa,
Decidi dar uma última olhada pela janela,
"Quem sabe ela não está olhando pra mim."
E lá estava ela, sentada na janela,
Me olhando com aqueles olhos que até hoje não sei o que eram,
Decepção, admiração, curiosidade, não sei,
Foi uma fração de segundos muito rápido pra dizer qualquer coisa.
Dou um suspiro decepcionado,
"Que pena, dessa vez não era imaginação".
E continuo meu caminho pra casa.

quinta-feira, 31 de maio de 2012

A GAROTA SEM FACE

Estou no ônibus à caminho de casa,
Fico tão concentrado à olhar pela janela e pensar sobre a vida,
Que acabo nem notando a garota que se senta ao meu lado.
Ela joga seus cabelos para o lado e eles caem no meu braço,
Depois ela se ajeita na cadeira de forma que seu braço fique encostado no meu.
Eu normalmente ajo por reflexo e retiro meu braço,
Mas dessa vez eu o deixei, nem eu sei o porquê.
Começo a pensar se ela me viu assim que entrou,
Se já pensou em vir sentar logo do meu lado,
Se me viu enquanto procurava onde se sentar,
E mil "ses" e histórias se desenrolam na minha cabeça.
Eu tava gostando até mesmo daquele mísero contato,
Do braço dela encostado no meu,
E os cabelos dela sobre minha mão.
Eu escutando Avenged Sevenfold com meu Ipod e meus fones de ouvido,
E a tela do celular dela me dizendo que ela ouvia Blink 182.
"Droga, não deu nem pra ver o rosto dela direito".
Eu tento dar uma olhada discreta pro lado,
Mas não enxergo a face além daqueles cabelos enrolados que a cobriam.
Pouco tempo depois ela se levanta,
Puxa a corda, e vai em direção à porta do ônibus.
"Droga, ainda não deu pra ver o rosto dela direito".
O ônibus para, ela salta,
E eu fico a observar pela janela se ela chegará a passar,
Meu ônibus parte, e eu não a vejo,
"Ela deve ter ido pra outra direção...
É uma pena, não pude ao menos ver seu rosto direito..."
E assim aqueles breves minutos foram embora,
Junto com a interrogação que ficou na face dela.
"Ah, será que um dia ainda irei vê-la?"

quarta-feira, 30 de maio de 2012

O QUE QUEIMA E O QUE ILUMINA

Às vezes eu fico aqui a olhar o Sol,
Fico a admirá-lo por tanto queimar,
Nunca vi chama tão bela, tão dourada,
Tudo que ele toca, queima, e embeleza-se.
Ele queima o céu todo o dia,
Deixando cada vez mais belo,
Laranja, vermelho, rosa,
Seu fogo é cor, é luz, é beleza.
É aí que eu vejo que aquilo que queima,
Aquilo que deveria doer, às vezes embeleza.
Às vezes nos faz reagir de formas não esperadas.
E sabe, aquilo que realmente deveria me queimar,
Jamais me queimou como queima a ausência,
Que não deveria queimar.
Olho pra essa minha mão queimada,
Lembro de todas minhas queimaduras passadas,
Acho que nada jamais será igual àquela queimadura que tenho aqui dentro,
Aquela já negra, cheia de bolhas.
Olho novamente pra minha mão,
"É, foi o preço por tocar em quem não deveria ser tocada..."
Boto a minha mão queimada sobre meu peito,
Aquele que abriga o coração em brasas, em cinzas.
Sabe... talvez meu coração seja o Sol,
Já queimado, ele queima alguns mas ilumina e embeleza a outros,
Ou quem sabe meu coração seja o céu,
E a dor seja o Sol,
Pois aquilo que deveria me queimar,
Tornou meu coração em carvão,
Mas por fora...
Por fora há beleza, há luz,
Por fora, aquilo que deveria queimar, embelezou.
Meu coração queimado não queima,
Só me traz novas cores,
Para poder distribuir novas cores.

segunda-feira, 21 de maio de 2012

UMA CANÇÃO PARA A DONA DAS CHARADAS DO MEU CORAÇÃO

Ouça bem, escute o que eu digo,
Pode machucar, tape os ouvidos,
Essa é uma canção,
Para a dona das charadas do meu coração.

Deixando migalhas pelo caminho,
Me fazendo segui-las sozinho,
Até onde a estrada se bifurque,
É apenas outro truque.

Você gosta de me machucar,
Depois volta para me curar,
Mas quando a mão que cura,
É a mesma que machuca,
Melhor usá-la para se bater,
Do que apontar o dedo pra quem gosta mesmo de você.

Como sempre, eu não te entendo,
Mas diferente do sempre,
Eu não vou mais tentar entender.

Você me joga morro abaixo,
Gosta de me deixar cabisbaixo,
Depois desce o morro todo,
Só pra me dar um beijo e me chamar de bobo.

Chega com esse jeito delicado,
E vem sentar logo do meu lado,
Só pra vir falar besteira,
Beija minha bochecha e depois me empurra da cadeira.

Me faz perguntas sem respostas,
Sem direito à tapinhas nas costas,
E fica toda irritada,
Quando eu não respondo nada,
E nem escuta o que eu tenho à dizer,
Acontece que eu gosto mesmo de você.

Como sempre, eu não te entendo,
Mas diferente do sempre,
Eu não vou mais tentar entender.





segunda-feira, 7 de maio de 2012

A VIDA SÓ LEVA O QUE DEIXAMOS PARTIR

Tu sentas sozinha em teu quarto,
Olhando para aquele teu velho retrato,
Em preto e branco de amor.
Aí te lembras da tarde ensolarada,
Vocês dois juntos na enseada,
Tirando aquela foto colorida de amor.
Então tu esperas por um breve ato,
Que venha a lhe causar algum enfarto,
Por lembrar o que te traz tanta dor.

Mas se esquece,
Que de nada adianta tua prece,
Se essa agonia foste tu quem causou.
E se lamenta,
Pois foi tua secreta crença,
Que nessa agonia lhe botou.
E sabes bem,
Que por ele irias além,
Pois bem, o tempo já passou.

Você chora,
Por saber que ainda demora,
Para o tempo trazer a cura.
Então deseja voltar atrás,
Por lembrar da felicidade que ele traz,
Daquele passado que ainda perdura.
E relembra daquele beijo antigo,
Sente o coração ferido,
Em que antes havia tanta fartura.

Mas já é tarde,
E essa tua ferida que agora arde,
É porque a vida já o levou.
E tu culpas tal vida por te ferir,
Mas te esqueces que a vida só leva quem deixamos partir.

sábado, 21 de abril de 2012

SOBRE MEU DESGASTE EMOCIONAL

Já cansei dessas desavenças da vida,
De olhar sempre para o relógio,
Aguardando o horário da partida.
Horário esse que não está marcado,
Não há nem prazo.

O que eu quero é um pouco de paz,
Daquela que só alguém especial traz.
Quero poder sorrir pra alguém,
E vê-la, como em um espelho,
Sorrir também.

Estou cansado de olharem para mim,
E verem apenas um reflexo distorcido,
Esta falta de óptica é uma dor sem fim,
Iludindo aqueles que deveriam ser meus amigos,
Me deixando cada vez mais ferido.

Fui julgado sem direito à defesa, juri, advogado,
Ou opinião de delegado.
Cada um que me julgou,
Em uma cela diferente me jogou sem piedade,
Sentenciando castigos diferentes para minha personalidade.

Queria ver alguém lutar por mim e se importar,
Pois cansei de ser eu o gladiador à lutar pela princesa.
Queria deixar alguém me conquistar,
Então eu lutaria para que jamais precisasse partir,
Lutaria para que todo dia ela pudesse sorrir.

Ou talvez não seja isso que eu realmente queira,
Talvez o que eu mais queira seja mais uma festa,
Copos cheios, danças e alegria,
Porque chorar por outra pessoa é tempestade,
E agora quero navegar em calmaria.

Eu só queria um pouco de paz, alegria e amor,
E alguém que pudesse me dar e compartilhar tudo isso que almejo,
Então pode vir, eu não sou causador de dor,
Pode vir, venha sem medo,
Que meu coração esquartejado espera teus suaves dedos.

segunda-feira, 16 de abril de 2012

SOBRE ARMAZENAR EMOÇÕES E PENSAMENTOS

Por que você não fala, pequena?
Por que você não chora?
Por que não grita ao mundo o que pensa?
Guarda tudo sempre pra si,
Não discute com ninguém,
Não impõe suas opiniões.
Apenas aceita o que lhe é dito,
Faz sua teoria sobre o assunto
E como a mais loucas das cientistas,
A guarda para si.
Não discute a veracidade da sua teoria...
Você tem medo de que esteja errada?
Me diz, porquê você não me bate?
Porquê você não me xinga?
Eu quero que olhe na minha cara e a encha de tapas.
Ao menos expresse o que sinta,
Mesmo que seja pra descobrir que bateu na pessoa errada.
Ao menos mostre o que sinta,
Mostre o que pensa.
Guarda pra si as lágrimas e rancores
E faz murchar a bela que és tu, rosa.
Azeda o fruto que guarda consigo,
Polui o rio que corre por ti.
Você ainda não aprendeu, minha cientista louca?
Não aprendeu que teu silêncio me ofende?
Não aprendeu que eu prezo pelos argumentos?
Sim, eu gosto deles,
Gosto do debate, da discussão.
Então me apresente sua teoria, seus pensamentos,
Quem sabe eu não te dou um nobel?
É clichê dizer que tem boca vai à Roma,
Então te digo melhor,
Quem tem boca, conquista,
Quem tem boca, constrói,
Quem tem boca vai além de Roma,
Vai até o ouvido de quem quer escutar,
Vai até o coração,
Basta falar o idioma correto.
A boca não apenas beija, querida,
Comunique-se, fale,
Aprenda a conversar,
Mas, por favor,
Não ofenda nem a mim
E nem a mais ninguém com seu silêncio,
Com suas teorias mal formuladas,
Seus pensamentos secretos,
Suas opiniões e acusações
Sem chance de defesa.
Aprenda de uma vez por todas:
Tudo aquilo que se guarda,
Depois de um tempo,
Estraga.

quinta-feira, 12 de abril de 2012

A CURIOSIDADE MATOU O INSETO

Eu estava em uma viagem lendo um livro quando, subitamente, aparece um inseto no meu braço. Obviamente, dei-lhe um peteleco para que saísse. Mas o curioso foi que ele não saiu voando, não foi embora, apenas ficou parado no mesmo lugar que eu o havia arremessado, me encarando com aqueles olhos vermelhos de uma mosca. Achei-o curioso, não achei-o curioso por me incentivar a curiosidade de fitá-lo, como também achei-o curioso por ter a curiosidade de fitar-me.

Parecia que eu era como algo novo, uma descoberta. E sabe, o mundo já é grande para os homens, imaginem então para os insetos... Desvendando algo infinito todo o dia, descobrindo novos seres, novos gigantes. Cheguei até a pensar que os insetos talvez não fossem pura motivação instintiva ou corpórea, talvez houvesse neles a curiosidade que há nos homens. Incentivado pela curiosidade dele em mim, fiquei mais uns instantes a observá-lo, percebi que jamais vira um inseto como aquele, talvez do mesmo jeito ele o havia pensado sobre mim. O inseto tinha olhos de moscas, porem um corpo verde e alongado, com asas incrivelmente finas(cheguei a pensar até que ele não tinha asas).

Cansado de observar o inseto, deixei-o em seu lugar e voltei ao meu livro. Depois de certo tempo, quando estava a fechar o livro, notei que o inseto permanecia lá, ainda me encarando com aquele olhar misto de medo e curiosidade. Mas afinal, não é assim que quase todos somos também? Sempre com medo do novo, do não descoberto, sempre com medo das mudanças e desconfiando de toda pessoa nova quem acabamos de conhecer...

Empurrei o inseto para longe com o marcador do livro, pois a presença dele já começava a me irritar. Então ele voou, até eu perceber pouco depois que ele havia parado na poltrona em frente ao cara do meu lado, e começou a encará-lo da mesma forma que havia feito comigo. O sujeito depois de perceber a presença do inseto, enrolou sua revista e, sem pensar duas vezes, deu-lhe uma porrada que acabou por matá-lo.

Foi um triste fim para o curioso inseto, mas se bem que... Não teremos todos nós o mesmo fim? Somos como os insetos, porém em um mundo muito maior chamado vida, localizado num mundo maior ainda chamado universo. Tentando entender e desvendar um mundo muito maior que o nosso, tentando conhecer seres que talvez nem se interessem em olhar para a gente, sempre vivendo na curiosidade do novo e inesperado até que algo maior que nós nos abata. Somos todos como o pequeno inseto, procurando alguém diferente, que jamais tenhamos visto, nos fascinando com ele, até que se enjoe da gente e nos obrigue a procurar outro, que talvez venha a nos matar. Mas que talvez nos jogue pela janela, mostrando que esse mundo não é nosso, e nos dando uma nova chance de continuar vivendo a vida que nos fora resignada, ao invés de irmos atrás de um mundo muito maior que não nos pertence...

quarta-feira, 11 de abril de 2012

O TÍTULO QUE VOCÊ NÃO ME DEU

E isso vem crescendo,
Chegando e aumentando como algo novo,
Inesperado, inusitado.
Mas eu já deveria esperar,
Logo eu que venho vivendo tudo do novo,
Não deveria ser surpresa alguma receber mais esta surpresa.
Esta surpresa que é tão bela,
Que chega aos poucos de um jeito tão delicado,
Que bate à minha porta quase sem batê-la.
E eu... Eu não sei se atendo,
Fico com medo, apenas espio pela janela,
Espero, espero esperando que você canse de esperar,
Espero que entre logo de uma vez ou talvez que vá embora.
Mas qualquer coisa é melhor que este "toc-toc" na porta do meu coração,
Porque não quero que seja eu a abrir essa porta,
Não quero ver de toda minha vida passada morta,
Me encarando com aqueles olhos vazios,
Aqueles os quais não tenho coragem de fechar,
Aqueles os quais me acusam e me enchem de culpa.
Sabe... Eu tenho tanto medo,
Ainda mais quando vejo todos aqueles olhares em cima de você,
Todos aqueles desejos em cima de você...
Ah se você soubesse que ninguém te olha como eu,
Que mesmo com meu medo e minha incerteza,
Meu desejo é maior do que o deles,
Pois meu desejo... Ninguém deseja como eu...
Ninguém te vê como eu vejo,
Ninguém te cheira como eu cheiro,
Nem deseja teus cabelos entre meus dedos tão cheios de carinho.
Mas sabe... Talvez eu deixe isso tudo passar,
Talvez eu finja não estar em casa quando você bater,
Eu só não sei, não sei,
Só sei que não quero destrancar a porta,
Não agora, não ainda...
Mas às vezes desejo que você a destranque,
Ou então que entre de fininho pela janela,
Mas cuidado com o alarme,
Ou quem sabe eu mesmo o desative,
Por que, quem sabe, lá no fundo,
Eu queira isso, mas não queira admitir,
Mas tenho medo de agir...
Então quem sabe eu só preciso pensar e sentir,
Respirar e ouvir,
Porque apenas te olhar do olho mágico não faz mágica alguma.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

DO OURO AO PÓ

     Era uma senhora já de idade, por volta dos seus oitenta anos. Lastimando dolorosamente o fim que já estava próximo. Ela se lembrava de sua "época de ouro" e lamentava pelos velhos tempos, lamentava não ter mais aquela face macia e suave, aquele olhar sedutor ou aquele bumbum firme. "Aaaaaah quando eu era jovem!". Ela repetia sempre essa mesma frase pra si mesma, pois já não havia alguém que a pudesse ouvir, ela perdera todos seus amigos com o seu jeito de ser e recusou todos os homens que um dia a haviam amado.

     Agora ela apenas lamenta, presa às lembranças de um tempo de glória onde era feliz e cortejada por todos os rapazes. Onde tantas vezes encontrara o amor... Não, ela não recusava o amor... Ela o convidava para entrar e tomar um chá ou um pouco de vinho, e depois o expulsava pelas portas do fundo. Fora assim com aquele rapaz aos seus dezessete anos... "Qual era o mesmo o nome dele? ... Rafael! Ah sim, o Rafael!" Aquele rapaz dos cabelos loiros que tanto a amava, tanto fizera por ela, e ela apenas fugiu, teve medo do amor. Sim, ela sempre o temeu, pois assim que ela via o sinal do compromisso ela fugia, afinal, ela era jovem, não queria compromisso algum, queria sempre mais e mais, pois ainda havia muito da vida para ser vivido. E vivendo assim acabou como vive hoje... Lamentando não ter aceitado o pedido de casamento do Pedro, o homem do cabelo enrolado que fora seu namorado aos vinte e oito. Lamenta por saber que seria feliz com ele, que teria uma família, talvez alguns filhos.

     Ela viveu sempre em torno da própria beleza e juventude que esqueceu que havia algo além disso. Se pôs sempre em primeiro lugar que esqueceu que havia ao menos um segundo, um terceiro, um quarto ou um quinto... No mundo dela, acabou por ser isso, apenas o mundo dela, pois o resto do mundo a havia abandonado. E sua "época de ouro", hoje tornou-se sua época de pó, de doença, de solidão... Falando sozinha e delirando sobre um passado que ela idolatra, que ela acredita ser assim tão glorioso.

     Talvez o Alzheimer a tenha feito esquecer que ela não está sozinha porque já não é jovem ou tão bela, mas sim porque fora egoísta, não soube se apegar à realidade da vida ou ao menos a alguma pessoa que a pudesse fazer feliz. E envelheceu acreditando ser jovem, tanto é que aos sessenta e sete rejeitou um senhor que era apaixonado por ela, apenas por ela ter julgado ele velho demais, tão velho ele era que era dois anos mais novo que ela.

     Hoje ela lamenta, e culpa o tempo, culpa a vida, mas esquece que a culpa é dela, e que juventude não é dom pra vida toda. Ela lamenta enquanto recebe o soro na sua veia, deitada numa cama de hospital, sentindo falta de uma mão que segure a dela, sentindo falta do calor humano, da carne... Não aquela carne que ela costumava usufruir quando era jovem, mas aquela carne que aquece, que protege e te da segurança. Ela sentia falta agora era do calor corporal de uma mão, não de um corpo inteiro, sentia falta daquele calor que esquenta em todos os momentos, e não apenas na presença.

     Mas ela expulsou de sua vida todos os amigos e amores, e se fez assim culpada por estar da forma que está, sentindo falta dos filhos que não teve, dos netos que não tiveram a oportunidade de nascer... "Quem sabe eu reencarne, corrija todos meus erros com outras pessoas, faça tudo certo dessa vez... Ah quando eu for jovem novamente, vou fazer tudo direito, vou fazer tudo direito... Quando eu for jovem novamente, quando eu for jovem novamente..."

sexta-feira, 30 de março de 2012

UM DESABAFO

E depois de tanto tempo, tantos anos sorrindo sem parar, sorrindo com lágrimas, sorrindo sofrendo. Sorrindo e sendo feliz mesmo apesar de tudo... Experimento depois de tanto tempo a tristeza sólida, a tristeza que puxa pra baixo e que te tira a vontade de andar, continuar ou de se animar. Mas acho que é tudo culpa minha né? Não posso te culpar se fui eu quem te abandonei, fui eu quem chamei essa amarga sensação para esse cantinho isolado que chamo de coração, fui eu quem te deixei, fui eu quem me entreguei à tristeza da solidão ao invés da tristeza da distância. Me desculpa, ta? Me desculpa se sou um fraco, se não aguento nem um pouquinho dessa incrível dor que me corta todo dia. Nosso amor era forte, querida, eu é quem fui fraco. Eu acho que talvez precise sofrer mais um pouco, sabe? Viver de um outro jeito pra saber como é essa vida nova por inteiro, e por inteiro vivendo essa nova vida, te faço por inteira só, me faço por inteiro só, só tristeza. E vou levando essa vida assim, assim sem você. Pois não sei o que será de mim, de você ou de nós. Mas sei que preciso viver, preciso viver a experiência da ausência na distância. Quem sabe... Quem sabe assim eu terei certeza... Do que quero, do que faço, do que dói e onde dói mais. Desculpe se isso ia contra seus sonhos e planos, isso também não fazia parte dos meus... Nos meus planos haviam discussões bestas, tapas com carinho, duas crianças(nenhuma adotada) e um casal com muito amor para mostrar, nos meus planos haviam sorrisos, abraços, beijos e as carícias que se trocam no escuro. Mas nos meus planos não haviam a dor que houve, nem a distância tão grande, nem coordenadas confusas que não me dessem a localização da felicidade ao teu lado. Então... Eu lamento... Lamento que eu seja apenas mais um fraco, uma criança deprimida e com medo, com medo de sofrer e de sentir dor, optando pelo mais simples e fácil. Desculpe... Desculpe se minha fraqueza abateu a sua força. Sim, a SUA força, porque sou apenas forte quando a sua mão segura a minha. Desculpe se não consigo ser forte como você, desculpe, desculpe...

quinta-feira, 22 de março de 2012

UM CONTO DE LOUVOR À LOUCURA

Era uma sala como qualquer outra, um grupo de alunos de ambos os sexos sendo lecionados por um grupo de professores. Era um colégio rígido, um dos mais caros daquela cidade. Os alunos, apesar de distintos fisicamente, eram todos iguais. Chegavam na mesma hora e se dirigiam à sala em fila indiana, seguindo aquele mesmo ritmo que há alguns anos já vinham repetindo. Trocavam olhares e acenos com a cabeça por mera educação, assim como lhes fora ensinado. Sentavam na sala e dirigiam toda atenção à aula, assimilavam e anotavam tudo sem questionar, pensar ou, de fato, entender. E depois de bater o sinal todos saíam depois da ordem do professor no mesmo ritmo que entravam, robotizados, quase que conduzidos como bois.

A Loucura, que assistia à tudo incrédula, indignou-se com tamanha falta de si mesma naquelas pessoas. Então, num dia que parecia ser como qualquer outro, resolveu dar-lhes um presente, deu a eles um pouco dela mesma, mesmo que só por um tempo. E com um simples sopro de si mesma, toda aquela sala fora transformada. O primeiro efeito foi um aluno que pegou sua cadeira e a arremessou contra a janela, quebrando-a. Ele sorriu como jamais havia sorrido naqueles anos, sorriu como se estivesse quebrando não a janela, mas a rotina, sua timidez, seu medo. Sorriu como se estivesse arremessando não a cadeira, mas suas mágoas e sua raiva. O professor tirou sua gravata e jogou-a no chão, e rasgando o próprio terno enquanto pisoteava a gravata, bradou com orgulho "estou livre!!!!", então sorriu como se estivesse saído da prisão em que ele próprio havia se posto. Um outro menino chamou uma garota para dançar e então valsaram juntos e felizes. Uma menina declarou-se para um menino, que também declarou-se para ela, então começaram a se beijar. Vários alunos começaram a dançar, sorrir, cantar e gritar. E todos riram, riram felizes, como se jamais houvesse tanta felicidade em suas vidas.

Então todos deixaram sua sala e saíram correndo pelos corredores batendo em todas as portas e convidando todos os outros alunos à loucura. Vendo a espontaneidade e a alegria de todos, alguns alunos aceitavam o convite e se juntavam ao bando. Riam e dançavam, sendo contagiados pela loucura. Ao fim do dia, e depois de controlada a pequena revolta, todos os alunos voltaram para as suas casas sem mais o efeito temporário que haviam recebido da Loucura.

No dia seguinte, vários alunos chegaram em horários diferentes, não entravam na sala assim que chegavam e nem eram conduzidos por um bater de um sinal. Eles conversaram, riam, mudaram seu jeito de reagir e ver as coisas. O aluno que pediu à menina para dançar foi repreendido por seus pais assim que souberam do ocorrido, então ele voltou normal como sempre fora, porém com amigos, mais comunicativo. Assim também fora com o que jogou a cadeira na janela, mas ele não ligou, continuou sendo do jeito que lhe trouxe felicidade e enfrentou todos com sua própria convicção. O professor, com medo da pressão pública, retornou ao seu dia-a-dia, de terno e gravata. Mas todos os outros haviam mudado, haviam se tornado um pouco mais como loucos.

A Loucura não havia lhes dado a loucura, havia lhes mostrado o que era, e deu a eles a escolha para seguirem como bem quisessem. E todos a quiseram, pois vos digo, caros leitores, a loucura é algo fascinante. A loucura é a maior das qualidades, ou melhor, é um grupo de qualidades. A loucura é um grupo constante de qualidades variadas, seja sinceridade, espontaneidade, felicidade... A loucura é o melhor que pode haver no ser humano (junto com o amor, sem dúvida). A loucura contagia, faz feliz todos que vivem ao seu redor. A loucura é simplesmente isso, a arte de ser você mesmo sem medo do que todos pensam, a arte de ser artista da vida, de dançar e fazer do mundo um palco, um salão de dança, uma folha de caderno ou um violão. A arte de ser louco é isso, é como um salto em meio à olhos zangados de opressão, um ritmo sob um lago de lava, uma folha que voa morta pelo inverno, um sorriso virado ao avesso e de cabeça para baixo, a lágrima guardada no pote da prateleira, o amor que não é flechado em si, mas sim, lançado por ti.

Entenderam? A loucura é um dom, uma dádiva da Loucura para seus filhos, os loucos, pois mãe que é mãe, faz de seus filhos felizes. E a loucura, caros leitores, é a maior das felicidades.

domingo, 11 de março de 2012

DISCURSO SOBRE A DOR

Dor, algo inexpressível que todos sentimos, todos passamos. E não lhes falo sobre a dor física, aquela que sangra ou deixa roxo. Venho lhes falar sobre a dor emocional, aquela que faz sangrar pelos olhos, aquela que deixa roxo o coração, tamanho é o seu congelamento, aquela que em alguns faz pensar em sangrar pelos pulsos. Todos sofremos e isso é inevitável, mas o que muda é a forma como reagimos e sobrevivemos, é isso que nos torna quem somos, que nos faz um pouco mais únicos. Todos temos um fardo a carregar, um fardo de sofrimentos anteriores, de lágrimas anteriores, rejeições anteriores, perdas anteriores, enfim... Não podemos nos julgar mais sofredores que alguém, pois jamais saberemos ou conheceremos a dor que alguém outrora sofreu, e jamais poderemos também julgar a dor de outra pessoa, pois o que não dói em você pode doer em alguém. Sempre que sofremos carregamos o peso da dor em nossos braços e em nossos corações, até que chegamos a um ponto onde começa a doer mais e não suportamos o peso, então o jogamos nas costas, pois as costas aguentam, as costas são fortes. Afinal, com a força das costas Atlas carregou até o mundo, então nos julgamos capazes de carregar a dor nas costas também. Mas aos poucos a dor vai aumentando, crescendo, vai ficando cada vez maior, mais densa e mais pesada, nos botando para baixo cada vez mais, até que ela nos força a ficar de joelhos, pedindo, quase gritando por mais força, por um alívio, qualquer coisa que faça essa maldita dor passar, mas nada adianta... Chegamos a um ponto onde o peso é tão grande que nos deixa deitados no chão, e nos esmaga pouco a pouco até que nos tornemos um cadáver, reduzidos a uma pele morta e esmagada pela dor. E continuamos nossa vida assim, como uma pele viva sem nada por dentro. Nos tornamos frios, já não sentimos nada e acabamos por desistir de tudo. Isso porque o peso nos matou, nos achatou aos poucos e nos transformou nisto. Então venho aqui dizer-lhes que também já sofri, e sei que também já sofreram, mas vivo feliz mesmo com o peso incrível da dor nas minhas costas. Eu consigo sentir e amar, ao contrário de me tornar uma pele morta. Então peço para que tenham força, para que dividam o peso da dor com o mundo, não o torne apenas seu, não desista. Coisas boas chegarão, se jã não chegaram e passaram. Mas se tiverem passado... E daí? A vida não foi feita para ser feliz por completo e temos que aprender a lidar com isso. Então para todos que carregam o peso da dor, peço para que a compartilhe com o mundo, senão comigo... Divida sua dor comigo, pois eu aguento, deixe-me carregar um pouco a dor de vocês para poder entendê-la. Não deixem que o peso da dor acabe com vocês, pois ainda há muita vida nessa vida, e muito do bom e do melhor ainda está por vir...

sábado, 10 de março de 2012

ELA

Sorri, ela sorri e vai levando a vida.
Não chora pra ninguém e jamais admite ser vista nesse estado,
Mas conta para os próximos cada lágrima derramada em silêncio,
Secadas pelo travesseiro que abafa o choro.
Ela é bela, mas insiste que não é,
E se contenta com a insistência de que não é bela,
Ao invés de insistir ser ou tentar ser o que ela teima não ser,
Quando na verdade sempre foi.
Sim, ela sorri, mas esconde o sorriso com a mão,
Talvez por timidez ou vergonha,
Talvez por achar que também seu sorriso seja desprovido de beleza.
E tal ato que deveria esconder tão belo sorriso,
Apenas a torna ainda bela, porém de um jeito diferente,
Um jeito meigo e tímido, típico de um anjo.
Ela também ama, ama alguém que ela jamais atingirá,
Talvez por ele ser de outro mundo, outro jeito, outra cidade,
Mas talvez isso seja melhor para ela,
Pois ela ama com palavras, e não com o corpo.
Ela ama a distância e quem se encontra depois dela,
Ama o abraço depois da espera e da saudade,
Ama o desespero no beijo há tempos não dado.
Ela ama quem nunca atingirá por já ter atingido,
Já ter conquistado os dois mil cento e trinta um quilômetros de distância,
Mas sem jamais tê-lo tocado.
Sim, ela sorri, ela sorri pra ele de um jeito que ela não consegue sorrir para o mundo,
Pois talvez o mundo não seja tão bom quanto ele.
E ele retribui o sorriso de um jeito que ele não consegue sorrir no espelho,
Pois talvez ele não seja tão bom quanto ela.

quinta-feira, 8 de março de 2012

UMA PREÇE AO DEUS DO TEMPO

Não sou homem de fé,
Não sou homem de rezar,
Mas aqui estou hoje pra falar com aquele que faz o tempo passar.
Vou pedir pra ele,
Assim, de joelhos e pés juntinhos,
Para que o tempo passe um pouco mais rapidinho,
Para que chegue logo o dia,
O dia em que irei rever minha amada
E compensarei com muito amor toda a tristeza em lágrimas afogada.
Sou torturado pelo tempo como Prometeu é pelas águias.
Aqui o tempo há de ser tão devagar,
Ele come meu interior deixando apenas a saudade do amar.
E tudo se regenera e recomeça no outro dia,
Ver minhas saudades parece ser como um caro whisky para aquele que me tortura,
Ele bebe aos poucos e se deleita, não há maior fartura.
Mas por quê há de me jogar tamanha maldição?
Se contra o tempo jamais pude pecar?
Ao contrário, sorrio e convido-o para entrar...
Aproveito-o, Agradeço-o...
Sento-me ao seu lado e o acompanho na bebida,
Então por quê há de criar em mim tamanha ferida?
Seria apenas por eu ter roubado um pouco do tempo para fitá-la mais um pouco?
Isso faz de mim um ladrão?
Seria essa a causa dessa maldição?
Eu imaginava contar os dias até revê-la,
Mas me pego contando as horas, minutos, segundos,
Parece que se eu não vê-la logo será o fim do meu mundo.
Então, para tu, tempo, peço perdão,
Volto a pedir de joelhos um tempinho ao lado dela,
Pois cansei de me pegar pensando nela.
Quero-a novamente ao meu lado,
E se tu, tempo, quiseres parar,
Ao menos pare quando estivermos a nos beijar.
Ah! Ao lado dela o tempo podia até congelar,
Eu não me importaria,
Ao contrário, agradeceria.
Então peço-lhe, tempo, faz o tempo andar,
Faz o tempo andar até que ela esteja comigo,
Retira de mim esse castigo.
Oh, tempo, por quê não pode correr quando estamos a sofrer?
Por quê és tão lento quando estamos em lamento?
E ainda pior, por quê há de disparar apenas quando queremos amar?