Sorri, ela sorri e vai levando a vida.
Não chora pra ninguém e jamais admite ser vista nesse estado,
Mas conta para os próximos cada lágrima derramada em silêncio,
Secadas pelo travesseiro que abafa o choro.
Ela é bela, mas insiste que não é,
E se contenta com a insistência de que não é bela,
Ao invés de insistir ser ou tentar ser o que ela teima não ser,
Quando na verdade sempre foi.
Sim, ela sorri, mas esconde o sorriso com a mão,
Talvez por timidez ou vergonha,
Talvez por achar que também seu sorriso seja desprovido de beleza.
E tal ato que deveria esconder tão belo sorriso,
Apenas a torna ainda bela, porém de um jeito diferente,
Um jeito meigo e tímido, típico de um anjo.
Ela também ama, ama alguém que ela jamais atingirá,
Talvez por ele ser de outro mundo, outro jeito, outra cidade,
Mas talvez isso seja melhor para ela,
Pois ela ama com palavras, e não com o corpo.
Ela ama a distância e quem se encontra depois dela,
Ama o abraço depois da espera e da saudade,
Ama o desespero no beijo há tempos não dado.
Ela ama quem nunca atingirá por já ter atingido,
Já ter conquistado os dois mil cento e trinta um quilômetros de distância,
Mas sem jamais tê-lo tocado.
Sim, ela sorri, ela sorri pra ele de um jeito que ela não consegue sorrir para o mundo,
Pois talvez o mundo não seja tão bom quanto ele.
E ele retribui o sorriso de um jeito que ele não consegue sorrir no espelho,
Pois talvez ele não seja tão bom quanto ela.
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