Você olha com cuidado,
Calcula meticulosamente,
Monta sua estratégia,
Imagina todas as possíveis jogadas
E todas as possíveis reações.
Sacrifica peões e rainhas à custo da vitória,
Tira todos do seu caminho para poder passar.
Mas você acha que não corre riscos,
Apenas porque você se vê acima do tabuleiro,
Você não é Peão, torre, bispo ou cavalo,
Não é nem Rei ou Rainha,
Você é a jogadora.
Você é o cérebro que calcula seu jogo,
Você é a mão que move as peças,
A fria expressão de poker olhando nos olhos inimigos.
E eu... Eu, querida,
Eu sou apenas um Peão,
Que entrou de braços abertos nesse jogo, nesse tabuleiro.
Sou talvez um agente duplo,
Estou no seu grupo,
Deixo você me mover à vontade,
Mas eu sei qual é o seu jogo,
E eu não pretendo fazer parte dele,
Não pretendo seguir o seu roteiro.
Você pode até mesmo calcular minha desistência,
O meu pulo para o outro lado,
E até me achar um fraco qualquer...
Afinal, sou apenas um Peão.
Mas você se esquece, querida,
Que Peão quando chega no lado inimigo torna-se grande,
Torna-se cavalo, bispo, torre ou rainha,
Só não torna-se Rei.
Mas eu posso ser Rei, porque talvez eu não seja o Peão,
Talvez esse peão que você pensa ser eu,
Seja só uma peça minha,
E eu seja a mão que move todo o tabuleiro inimigo
Saindo do outro lado da sombra.
Será que pode calcular isso também?
Você prevê o movimento dessas peças menores
Que mal sabem que estão em um jogo,
Mas será que pode prever como reagirá
A peça que entra no jogo já o conhecendo?
Eu sei todas as regras, querida,
Já joguei o seu jogo antes.
Agora tente calcular meus movimentos
Sem ao menos ver minha expressão oculta do outro lado da sombra,
Sem ao menos saber que sou eu movendo as peças contra você.
Eu entrei no seu jogo
Mas eu não faço parte dele,
Não sou só uma peça,
Não sou uma das SUAS peças.
Eu não faço parte do jogo, querida,
Eu só estou no tabuleiro.
tchaaa vinicius of xadrez
ResponderExcluir