segunda-feira, 30 de julho de 2012

ME DEIXA

Me deixa,
Me deixa segurar sua mão um pouco mais,
Me deixa ficar olhando pra você, assim,
Me deixa dizer que não te solto jamais,
Me deixa roubar você pra mim.

Me deixa,
Me deixa abraçar você bem forte,
Me deixa voltar quando digo que estou indo,
Me deixa te agradar, mesmo que não se importe,
Me deixa te deixar sorrindo.

Me deixa,
Me deixa beijar tua boca,
Me deixa te puxar pra mim,
Me deixa te deixar louca,
Me deixa dizer que não vai ter fim.

Me deixa,
Me deixa te amar loucamente,
Me deixa dormir com você,
Me deixa ser seu pra sempre,
Me deixa não te esquecer.

Me deixa,
Me deixa ser o cara que você não deixa,
Me deixa ser o cara que você quer ficar,
Me deixa ser o cara que você beija,
Me deixa ser o cara que não vai te largar,
O cara que vai te entender,
O cara que só quer você.


Mas, por favor, ao menos que por agora,
Só não me deixa ir embora.

sábado, 21 de julho de 2012

AMOR, INUSITADO AMOR

E daquele encontro já marcado,
Me veio um sentimento inusitado,
Que me foi invadindo a casa sem pedir licença,
E foi desmantelando todas minhas crenças.

Eu acreditava ser agora um qualquer vulgar,
Mas quando meu coração bateu mais forte ao lado dela...
De mim mesmo passei a duvidar,
"Não, deve ser só uma atração por ela ser tão bela."

E eu que planejava viver a vida sem esses apegos,
Logo me foi tirado todo o sossego,
Por que ela havia de estar ao meu lado com aquele olhar?
Fazendo-se tão difícil não se apaixonar.

Ah, essa dor,
Que me sufoca o peito,
Traz esse maldito efeito,
Essa dor só pode ser amor.

quarta-feira, 18 de julho de 2012

SOBRE DESFAZER E DESPIR, ACUMULAR E VESTIR

Era um simples cérebro exibido num laboratório,
Inanimado, frio, algo realmente notório.
Isso até o dia em que ela passou...
Ah! E por quê foi ela passar?
Aquele cérebro, só de tê-la por perto,
Reanimou.
E com seus neurônios ainda acordando,
Foi logo chamar a mulher que estava à passar.
E quando ela foi em sua direção...
Ah! O cérebro parecia até coração,
Tamanha era sua emoção.
E logo ele começou a mostrar à ela toda sua inteligência,
Ia mostrando tudo que sabia sobre o mundo.
Falou tudo o que sabia sobre matemática, história, artes ou filosofia,
Mas a mulher não conseguia parar de vê-lo como algo imundo.
E simplesmente foi embora,
Deixando-o só com sua exibição de raciocínio.
O pobre cérebro sentiu-se triste e rejeitado,
Mas por pouco tempo durou sua tristeza,
Logo ele viu um esqueleto pendurado ao seu lado,
Olhou o esqueleto na parede,
E pulou dentro do seu crânio.
Então o esqueleto virou ele,
Já não era aquele velho e acabado cérebro putrefato,
Ele era o próprio esqueleto.
E eufórico com seu novo eu,
Articulado, andando e podendo até mesmo sorrir,
Foi correr atrás da mulher novamente.
Ele se aproximou logo dançando,
Mostrou à ela como era articulado,
Todos seus movimentos e risadas, 
Mas a mulher completamente desapegada,
O ignorou novamente e o deixou sozinho.
O esqueleto saiu triste sendo rejeitado novamente,
Mas não demorou pra vir outra ideia em sua mente.
Logo arranjou músculos para cobrir seu esqueleto,
E desse jeito,
Voltou à correr atrás daquela mesma mulher,
Mas foi inútil,
Nem mesmo com toda sua anatomia,
Músculos e porte físico desejável.
A mulher novamente deu-lhe um fora,
E o deixou a lastimar sozinho.
Mas ele não desistiu,
Passou a ser gente,
Conseguiu uma pele lisa e perfeita,
Um belo par de olhos azuis,
E o mais dourado e brilhoso dos cabelos loiros.
E com sua nova aparência divina,
Chegou logo cortejando a doce mulher,
Mostrando seu sorriso de diamante,
Sua beleza invejável,
E seus olhos sedutores.
Mas a mulher não se deixou levar pela aparência,
Foi um pouco mais gentil dessa vez,
Mas deu-lhe o mesmo fora que sempre havia dado.
Mas o homem já estava obcecado,
Ele não iria desistir.
Arranjou uma boa faculdade, se dedicou,
E dentro de alguns anos ele já estava rico,
Então foi novamente procurar aquela mulher que tanto o havia rejeitado.
Chegou pra ela num carrão esportivo,
Esbanjando todo seu dinheiro e fazendo diversas promessas,
Mas a mulher o olhou com tamanho nojo e desprezo,
Que saiu sem nem responder.
Foi a gota d'água,
O homem não podia mais suportar,
Tratou de subir no topo do arranha-céus que era a empresa que ele comandava,
E pulou...
E morreu com o mesmo baque surdo que morreria qualquer um.
Então, o homem rico,
Que foi homem bonito,
Que foi um conjunto de beleza física e anatômica,
Que foi esqueleto articulado e dançante,
Que foi cérebro intelectual,
Voltou à sua maior essência,
Tornou-se espírito.
E foi vagando pelas ruas, triste, cabisbaixo,
Até que aquela mulher que tanto o rejeitou o olhou pela primeira vez.
Ela olhou aquele espírito, aquela essência,
Viu tudo o que tinha de bom nele,
E pela primeira vez, ela correu atrás dele.
E ele, que começou sendo um cérebro,
Aprendeu que não precisava de nada a mais para impressioná-la,
Ele perdeu tanto tempo acumulando coisas e atributos,
Quando na verdade ele apenas precisava se desfazer deles,
Mostrar o que ele era por dentro... A essência.
Porque no fundo, é o que todos queremos em alguém,
Conhecê-lo por dentro...