sexta-feira, 28 de setembro de 2012

UM PERFEITO CONJUNTO DE GESTOS E EXPRESSÕES

Era pra ser apenas um dia como qualquer outro,
Mas um raio de Sol há de me cegar,
Me fazendo em sua direção olhar.
E nessa direção dourada de raios de Sol,
Com a vista embaçada em ouro vejo a forma de uma garota.
E essa garota, não poderia ser outra,
Havia de ser a garota que hei de amar,
Mesmo que naquele instante só a pudesse contemplar.
E quando minha vista pode vê-la por completo,
Ah... Me bateu um tremendo afeto.
Ela sorrindo com as amigas,
E toda a cena passando em câmera lenta.
Eu passava com a visão atenta
Àquele sorriso que quase congelava o tempo,
Trazendo consigo um triste lamento.
Lamento por não ser dono desse sorriso
Que traz a felicidade como aviso.
E quando dias depois eu a reencontrei,
Ah... Tanto me alegrei...
Enquanto conversava com ela eu simplesmente voava,
Eu me tornava os raios ópticos que sua retina absorviam,
E pelos seus cabelos eu viajava.
Viajava em cada detalhe daquele ser,
Aquele que me fazia ser,
Ser alguém um pouco mais abestalhado,
Mais feliz, mais animado.
Me fazendo ser aquele ser que não sabe o que dizer ou fazer.
Pois tudo que ela fazia parecia ser simplesmente calculado,
Cada gesto, movimento e expressão facial,
Cada covinha na bochecha ou lábio movimentado.
Cada ato me encurralava e esperava de mim um retorno,
Tudo parecia almejar a mais perfeita perfeição,
Desde um sorriso à um mexer de mãos,
Cada pequena coisa era uma completa hipnose,
Cada movimento me remetia à solidão.
E eu, me encantando com suas doces palavras proferidas,
Me indagava se era o que o destino me queria,
Esse eterno sofrer pelo que não posso ter?
Uma ilusão pela mais doce paixão?
Ou simplesmente a perda pela demora?
Pela lerdeza...
Porque tomar coragem de tomar pra si um anjo,
É algo que não sei se posso fazer,
Acho que só me resta sofrer...
Meu Deus... Que dó...
Seria mesmo o meu destino terminar sempre só?


quinta-feira, 27 de setembro de 2012

UM ROMANCE PARA AFASTAR O TÉDIO

Eu só queria um romance,
Não um amor, um romance.
Meu coração anda tão chato, tão parado,
Ultimamente ele tem sido apenas uma casa vazia,
Abandonada com sua porta entreaberta e as janelas batendo.
Nada assustador, nada mal-cuidado,
Só sem morador, sozinha.
Por isso eu queria um romance,
Alguém pra entrar e sentar,
Tomar uma xícara de chá ou até mesmo uma dose de vodka.
Não precisa nem bater na porta,
Não precisa ficar muito tempo,
Um dia só já me bastaria.
Mas eu queria uma história pra contar,
Um romance pra me tirar dessa tediosa rotina da vida.
Queria uma troca de olhares,
Um sorriso envergonhado,
Aqueles pensamentos inseguros,
"Não sei se vou, não sei se faço, não sei digo".
Queria um romance desses,
Pra dar uma luz nessa casa abandonada,
Trazer de volta alguma borboleta para esse jardim que é o estômago.
Acontece que me sinto tão só,
Queria alguém para eu pôr seus cabelos atrás da orelha,
E aproveitar o movimento para alisar-lhe a face.
Alguém para eu poder tirar uma brincadeira e rir da cara dela,
Mesmo que seja pra levar um tapa depois.
Só queria um romance,
Nada de longa duração nem cartas de amor,
Não, um romance.
Um pouco de álcool e pularíamos juntos numa piscina,
Depois ajeitaria seus cabelos, e então... Um beijo.
Fingiríamos que nada daquilo foi planejado,
E nos surpreenderíamos por ter dado tudo certo.
Ah... Até me canso de tantos suspiros apaixonados e fantasias.
Mas infelizmente minha verdade é esta casa,
A poeira que circula por ela,
O tédio que torna-se rotina,
E a solidão que já se torna companheira.
Mas seria tão bom...
Uma brisa para afastar a poeira,
Um sorriso pra quebrar a rotina do tédio,
E uma garota para compartilhar de tudo isso.
Só preciso disso,
De uma história... De um romance...

terça-feira, 18 de setembro de 2012

SOBRE LÂMINAS, PÍLULAS E UMA COROA

Uma lágrima aqui, outra acolá,
Uns suspiros abafados pelo travesseiro
E uns desabafos com um bicho de pelúcia.
Um silêncio dentro dela que talvez só ela entenda,
Uma necessidade de se sentir forte, de não precisar de ajuda.
Uns livros semi-lidos espalhados pelo quarto,
Seus anti-depressivos na estante
E seus calmantes escondidos para a hora de dormir.
Seus problemas empilhados aos montes,
Debaixo do tapete, do travesseiro e atrás das cortinas.
Recusando-se a abrir demais a válvula de escape,
Com medo de alguém ver o quanto ela descarrega por aí.
E por quê tanta tristeza? Pra quê tanto refúgio?
Quando tantas pessoas te oferecem os braços abertos à consolos e abraços,
E tu, que tantos braços ficas a recusar,
Acaba por preferir o teu,
Mas o consolo que tu preferes não é carinho, não é amor,
Teu braço te consola apenas com dor.
E eu pergunto novamente... Pra quê? Por quê?
Por que tantos algodões manchados de sangue no lixo?
Por que tantas cicatrizes espalhadas por um corpo já desmoronado?
Se você gosta de algo pra cortar... Por que você não me corta?
Na verdade... Você já quase o faz.
Quando você se corta, não vê que está cortando também todos que se importam?
Você não vê que é o meu sangue que você está limpando?
Se for pra ser assim, por que não cortar diretamente o meu?
Deixa que pra teus cortes eu guardo beijos,
Deixa que pra teu sangue eu dou o meu.
Só deixa eu te convencer a abrir um pouco dessa tua válvula de escape prestes a explodir.
Deixa eu pegar uma vassoura e uma pá e fazer uma faxina nesse quarto,
Nesse corpo desmoronado que um dia foi um castelo,
Nessa pessoa confusa e entristecida que um dia foi a rainha sorridente de tão belo castelo.
Deixa eu varrer pra fora os problemas empilhados,
Os soluços abafados, as lágrimas que já deixaram manchas,
As pílulas na estantes e as lâminas guardadas à sete chaves.
Deixa eu ajudar a reconstruir, tijolo por tijolo,
O que um dia foi seu tão seguro castelo,
E pegar do chão o que um dia foi a sua coroa, limpá-la,
E com um sorriso no rosto, dizer:
"Vai! Vai voltar a ser rainha! Vai voltar a sorrir!
Que esse mero súdito que te ajudou a reconstruir esse castelo e devolver-lhe esta coroa
Agora será o cavaleiro que te ajudará a protegê-la."

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

*******

Querida,
Limpe essas lágrimas que sujam tua face
E sorria pra vida.
Ou ao menos deixe-me limpá-las,
Que tristeza em nada combina,
Com esse teu sorriso de menina.

domingo, 16 de setembro de 2012

UM BEIJO

E com uma mão na sua nuca e outra na sua cintura,
Danço essa valsa silenciosa
Que é o mais doce dos beijos,
Aquele que perdura, que não tem cura,
Aquele que tem amor.

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

A CARTA QUE EU QUERIA TE ESCREVER

Venho, há tempos, tentando escrever uma carta
Que seja levada pelo vento até onde meu amor embarca.
Sei que há em mim essa vontade de te escrever,
Tantas belas palavras que não sei ao menos sobre o quê.

Só sei que há em mim essa vontade de dizer a ti
Qualquer uma das palavras que guardo aqui,
Palavras que jamais prestei atenção,
Palavras que são como prisioneiras sem identificação.

Não sei porquê há em mim esse medo de falar
As palavras que nem paro pra pensar,
Ou talvez seja medo de reconhecer
Cada palavra que guardo pra te dizer.

Porque essas palavras são prisioneiras que não cometeram nenhum crime
Além do simples ato de serem tão sublimes.
Prendi-as pelo medo do que podiam causar,
Prendi-as pelo medo, talvez, de te amar.

Mas quem sabe se uma dessas palavras desconhecidas
Não acabasse voando dessa gaiola emudecida,
E como um belo passarinho,
Venha fazer de minha carta, seu ninho.

Ou talvez outro passarinho voasse até tua janela,
E te cantasse aquela música tão bela,
Assoviando um "eu te amo" ao pé do ouvido,
E te trazendo pra dormir comigo.

Quem sabe esses passarinhos não sejam tão medrosos quanto eu,
E apenas fiquem escondidos num completo breu
Te assistindo dormir com aquele velho pijama que te dei.
Ah... Não sei, não sei.

Só sei que queria tanto te fazer uma carta,
Pedindo para que parta,
Parta desta cidade e venha morar comigo,
Pra ser acordada toda manhã pelo canto dos meus passarinhos.

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

AS TELAS DE SIR RICHARDS

A noite chorava um alto lamento
No momento em que ele entrou.
Seu rosto expressava sofrimento
E à todos ele olhou.
Analisou cada indivíduo da lotada taverna
E logo foi se sentar,
Cruzou as pernas e pediu algo para tomar.

O barman olhou suas vestes molhadas
Mas não relutou em dar-lhe um copo,
Porém olhava-o de longe com uma cara desconfiada
Enquanto ele bebia logo.
"Tem lugar para passar a noite?
Ficar lá fora até amanhecer é um açoite!"
O barman indicou-lhe um quarto
Nos andares superiores
E logo ele foi, depois de um quase infarto,
Reclamando dos caros valores.

Entrou naquele ambiente úmido e escuro,
Típico do fungo que ele era.
"Aqui ninguém ouvira um sussurro,
Aqui farei mais uma tela."
Sim, ele era um fungo apodrecido,
Entregue às podridões da mente humana,
Ele era um homem  de pouco tempo vivido,
Que não negava o prazer que a carne profana.
Ele vivia como um parasita,
Alimentava-se e vivia através de outros,
Uma mera visita e mais outra vítima, pobres tolos.

Ele jogou sua capa encharcada na cama,
E desceu à procura de uma dama.
Logo avistou uma jovem loira de seios fartos
Já meio embebedada em um ponto,
E como um típico cavalheiro pronto para o ato,
Levou-a para um canto
E logo foi jogando conversa fora com a menina.
Dizia ter feito medicina,
Mas havia se encontrado como um pintor.
E a menina logo indagou:
O que um pintor há de se fazer num subúrbio em Paris?
"Vou à qualquer lugar que possa me dar inspiração,
Só tento ser feliz."

E assim eles foram conversando,
Até que ele ofereceu eternizá-la em uma tela.
E a garota, tola... Foi logo se encantando.
Tão bela... Ainda mais naquele quarto úmido à luz de velas.
Ele a despiu e logo começaram a transar,
E no final do ato ela já estava se perguntando como ele a iria pintar.
E ele, com um sorriso malicioso,
Já imaginando um esboço,
Respondeu-lhe num só instante:
Com o seu sangue...
E com a mesma velocidade que ele falara,
Ele havia pego o travesseiro e a sufocara.

Na barriga ele fez um corte,
Extraindo o sangue dela e ponde-o em um pote.
Depois ajeitou o cadáver do jeito que ele preferira,
E armou o cavalete na posição que desejara.
E molhando seu pincel em sangue, com ira,
Meticulosamente pintou cada detalhe da garota que ele assassinara.
Cada pincelada que era dada continha tanta experiência e habilidade,
Cada pincelada ensanguentada e apaixonada era a mais pura arte.
E ao final de tão gloriosa pintura,
Ele olhou sua amada com ternura
E disse-lhe "eternizada querida, eternizada,
Há eternidade maior do que a sua vida em minha tela pintada?"

Na semana seguinte ele já voltara para sua casa,
Carregando debaixo dos braços a tela amada,
Arranjou-lhe um lugar na parede e sorriu,
Não só para ela, mas para as outras vinte telas
Cujo sangue em seu pincel fluiu.

terça-feira, 4 de setembro de 2012

ENTRE SER IMAGEM E SER PALAVRA

Ser uma pessoa de imagem é fácil,
É fácil fingir um sorriso e um pouco de felicidade
Quando tudo à sua volta desaba.
Não tente fazer com que as pessoas te vejam de um jeito que você não é,
Ou ao menos, não está sendo,
Criando sempre aquela imagem da pessoa perfeita.
Imagens e mais imagens,
Mentindo para todos,
Quando a sua verdadeira imagem é o reflexo que você vê no espelho.
Pra quê criar a imagem de uma pessoa que você não é?
Por que procurar aceitação nas miragens que você cria?
Por que criar uma imagem se quem está sendo aceita é ela e não você?
Mas também não adianta ser uma pessoa de palavras,
Citando filósofos e poetas,
Mas seguindo a própria filosofia que não se parece com nada que você cita.
Sempre com belos dizeres, frases de efeito e palavras difíceis,
Mas com cada ação contradizendo o que tua boca profana.
Do que adianta citar belas metáforas se você não faz da vida, poesia?
Pra quê falar tanto e não viver o que você fala?
Por que glorificar ouvidos e empoeirar seu coração?
Não seja uma pessoa que vive de imagens,
Um mero fotógrafo da vida,
Ou uma ilusão de óptica
Feita pelos espelhos que a sociedade nos impõe.
Muito menos alguém que vive de palavras,
Como um poeta inventando eu's líricos que jamais serão ele.
Seja algo mais como uma pessoa de verdade,
Seja uma pessoa de filme,
Aquela que tem a imagem e a palavra,
E que as suas ações não contradizem nenhuma das duas.
Alguém mais parecido com você mesmo em sua própria essência.