Ando pelo quarto de um lado à outro,
Sento, faço um esboço,
Me frusto com minha falta de ideias,
Com a sacola vazia de palavras velhas.
Amasso a folha, jogo-a longe,
Bato na mesa, a poesia teme e se esconde,
Respiro, me acalmo e chamo-a de volta,
Dizendo que não precisa temer o bater das minhas botas.
Mas até entendo, até me entendo,
Afinal que poeta é esse que chama a poesia sem ter amor?
Que acha que por estar apenas vivendo
É digno de escrever com tanto fervor.
Como posso eu escrever sem amar?
Para um poeta isso é como pecar,
Eu apenas faria metáforas sobre a realidade,
E preencheria textos com banalidades.
Mas como posso achar a irrealidade
Quando não tenho nem o que é real?
Quando o meu coração se tranca em tantas grades
E julga qualquer pessoa ser o mal.
Tantas esquinas dobrei,
Tantas portas destranquei,
Procurei chaves que não sabia nem a existência,
Apenas para voltar ao lugar onde havia perdido a crença.
O "X" marca o local, foi o que me foi dito,
Segui passo à passo o inútil mapa,
"Evitar o amor, perder um amigo",
E acabei retornando aonde havia começado tal etapa.
Encontrei o "X", o local de onde eu havia saído,
Durante o caminho acabei por me encontrar perdido,
E voltei com menos do que tinha quando parti,
Foi duro quando percebi.
Acabei por me achar vazio,
Sem jóias à serem garimpadas nesse poluído rio,
Vazio como uma pupa cuja lagarta morreu,
Parecendo virar borboleta quando o que ali estava há muito se perdeu.
Vazio como a folha de papel amassada
Como o saco de palavras inutilizadas,
Como a cela de segurança máxima dessa prisão,
Dessa prisão que ouso chamar de coração.
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