domingo, 26 de fevereiro de 2012

UMA SAUDAÇÃO

     Deixo aqui meu recado, algo como uma confissão, talvez um agradecimento, não sei. Já faz tanto tempo que pus na minha cabeça esse sonho bobo de morar e estudar no RJ, e quem diria, ele se realizou, e foi mil vezes mais triste do que eu imaginei que seria. Deixar tantas pessoas importantes pra trás... Ficar apenas com as simples memórias dos momentos divididos. Na verdade... Não há nada de simples em tão belas memórias, acho.

   Não gosto de citar nomes, mas acho que cada um consegue se identificar aqui... Deixo meus agradecimentos e saudades a todos os meus amigos... Àquele meu amigo que foi o primeiro, já faz quatorze anos... Praticamente vivíamos na casa um do outro... Bons tempos... Também aquele meu amigo filho-da-puta que me fez chorar na sua despedida, só pra voltar um ano depois e chorar na minha. Aquele outro merda que briga comigo o tempo inteiro e enche o saco, mas eu simplesmente o amo, acho que seria difícil não amar depois de tantos anos, tantas conversas, tantas coisas compartilhadas. Aquele outro amigo metido a velho cult, reclamando de tudo, pondo regras em tudo, e sempre tentando explicar as coisas cientificamente, sem falar do gosto horrível dele pra músicas, sempre reclamando dos meus metais e dizendo "hoje eu não vou beber" mas sempre sendo convencido por mim, alguém mais ou até ele mesmo. Tem também o puto ausente, sempre sem dinheiro e mendigando esmolas e vodkas alheias, e apesar de tanta gente ter dito que ele era um amigo de momentos, que não ajudava quando precisava, eu sempre discuti, disse que comigo não era assim, comigo ele já havia me ajudado tanto... Àquele motorista bêbado do shupinho móvel, sempre lisonjeado em vossa eminência presença, mesmo sendo todos nós uns abdomadários(ou seja lá como se escreve essa porra). Também aquele careca cuja cabeleira já fora a maior do mundo, que não é europeu, mas adora um euro. Àquele maldito bem-te-vi das salas de aula, me mandando mensagens para eu prestar atenção e parar de mexer no cabelo de alguém. Àquela loira fofinha que ficava com raiva de mim por besteira mas todo dia me dava um abraço e dizia estar morrendo de saudades. Àquela preta que adora enrolar as coisas, aquela cuja barriga eu era viciado em apertar, e aquela amiga dela, aquela maldita ausente que eu gosto tanto. Também aquela índia, que foi tão amiga minha e que hoje eu não sei o que aconteceu pra não nos falarmos tanto. Também àquela minha amiga perdida de infância, cuja história que construímos é tão linda, com uma amizade tão perfeita, tão sincera, mesmo com todas as discussões diárias... Há também aquele preto que quer roubar minha camisa, sabe, aquele cara que bebe muito e fala "uuuuoooow". Há também a namorada dele, que me deu um sincero abraço naquele momento de lágrimas, pena não poder conhecê-la mais um pouco, nem ela nem a amiga dela, aquela loira meio maluca com quem venho compartilhando uns cigarros perdidinhos e um sonho de narguilê. Ou até aquela menina engraçada que compartilho meus desejos por queijo, e comento às vezes sobre psicologia ou admiro a vontade dela de beber e suas bipolaridades. Até aquela baixinha fofinha que acha que eu tentava comprá-la com chocolates e outras comidas. Também aquele cara animado que sempre faz batidas pra galera, esse mesmo, o "bem dotado", é uma pena não ter conhecido-o melhor também. Sem contar obviamente aquela que fora minha parceira de bebida por tanto tempo, sempre me xingando e me desafiando a beber mais, e seu namorado que tocava numa banda que fazia sua masculinidade ser questionada, aquele que eu sempre gritava seu nome quando passava em frente a sua casa. Há também aquele cara de tantos anos, que mudou de colégio (maldito repetente) mas ainda sim deixou seu espaço. Também aquele fresco servergonho cuja cachorra quase arranca minha perna e que sempre madrugava com a galera jogando videogame. E aquele seu amigo que ficava bêbado com um copinho e tínhamos que cuidar dele porque "ele precisava de ajuda". E também aquela menina quadrada que amava encher o saco durante as aulas, mas amava ela ainda mais. Até mesmo meu irmão imbecil e criança, que faz ritmos de funk e dança feito um retardado, mas que graças a mim largou as drogas musicais pra ouvir rock e metal. Também àquele michael jackson careca, que sempre se recusava a fazer shows ao vivo. Àquela minha amiga dos comentários sem noção e sempre viajados, que me ensinou uma musiquinha no piano digital dela. E também aquela menina gigante que me perguntava coisas que me deixavam constrangidos por não conhecê-la direito, mas sempre conversou muito comigo, principalmente por comentários no facebook. Até um amigo cabeçudo que fala alemão que brigava comigo quando éramos menores e que eu sempre dizia não suportá-lo, mas no fundo eu gostava dele. Uma lembrança bem especial pra minha melhor amiga, que pude chamar até de irmã, que mesmo ausente se fez tão presente no meu coração. E também à minha cunhadinha fofinha que fala pra caramba, mas eu adoro ouvir cada besteira que ela fala. E principalmente à pessoa que me faz sorrir, que tem frescuras sobre as unhas e complexos de feiura, aquela cuja mão segura meu coração que contém cada uma das pessoas citadas acima.

     Enfim... Faço esse texto pra lembrá-los que lembro de vocês, que jamais esquecerei nossa "regrinha dos cinco segundos" ou nossos clássicos "sal, tequila, limão", até mesmo as rodinhas, o banga, um sujeito bêbado gritando "millhouse!", outro sendo atirado cinco metros contra a parede e ficando com a bochecha sangrando, outro que vomitava no táxi, um outro que não estava bêbado, apenas "com sono", e depois vomitou e disse "peru!", até mesmo aquele outro correndo atrás de um laser, e o que chorava pelo fato da garrafa não passar pela rede, e o outro que "dormiu" no banheiro, enfim... Ficarei com uma lembrança de cada um, e depois criaremos ainda outras mais quando eu voltar.
     
     Deixo aqui minhas saudades, minhas lembranças, deixo aqui uma saudação à todos os putos que eu amo. Porque como um amigo meu citou de um livro... "Amigos são todos uns filhos-da-puta"... Então, filhos-da-puta, eu não esquecerei vocês, então também não me esqueçam, o bêbado do grupo, sempre pondo rock pesados que alguém vai reclamar, sempre sorrindo e dançando, pondo a garrafa na mesa e dizendo "Vamos beber essa porra!"... Enfim, que a enguia esteja com vocês(essa é para poucos). Um abraço, uma lágrima, uma saudades, e um "até logo".

sábado, 18 de fevereiro de 2012

SOBRE DESTINO, AMOR E MATEMÁTICA

Sabe, nem tudo gira em torno do destino, o destino faz o encontro, a "mera coincidência", mas somos nós quem lutamos pela permanência da relação e dessa sensação que chamamos de amor. Não há "é pra ser" ou "não era pra ser", há apenas o quanto os dois estão dispostos a mudar e se sacrificar um pelo outro, além do tamanho da vontade de fazer feliz. É meio como que jogar uma moeda, tipo "cara ou coroa?". Mas é uma moeda sem cinquenta por cento de chances pra cada lado, tendendo mais pro sim ou pro não em cada caso. Às vezes chega até a ser "cara ou cara?", qual das duas caras vai chorar mais e sair machucada no final? Às vezes o que era pra ser chance se torna sonho, você joga uma moeda e ela acaba num poço dos desejos, esquecida até que alguém pegue aquela moeda e tente novamente. E mesmo apesar de todas essas dificuldades matemáticas como porcentagem, probabilidade ou geometria, até mesmo das dificuldades geográficas como distância, o amor sempre nasce e ainda pode dar certo. Ainda há tanta gente dando certo, tanto amor conquistado com lágrimas e suor... Uma coisa desse tipo só poderia ser destino, tem que ser... Ou será que não? Quer tentar a sorte?

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

SOBRE REVELAR O FILME DA ALMA

Um dia acabei por encontrar uma foto no chão, nela estava uma linda menina sentada num banco com um lindo sorriso estampado no rosto. Mas eu via a menina por trás da foto, eu via as lágrimas por trás do sorriso. Me encantei pela menina e decidi procurá-la. E à medida que eu me aproximava de encontrá-la, mais fotos eu acabava por descobrir. Eram sempre sorrisos perfeitos, poses meigas e fofas, cabelos ao vento, pôr-do-sol, jardins, lagos... Até o dia em que a conheci de verdade, cheirando à flores, refletindo tudo em seu sorriso, reluzindo simpatia e felicidade, mais até do que um raio de Sol. Mas eu sentia o cheiro das ervas daninhas em meio às flores, via a ilusão de óptica que era o reflexo daquele sorriso, via a luz gélida e melancólica da Lua por trás daqueles reluzentes raios de simpatia e alegria. Eu via até mesmo o curso do rio de lágrimas marcadas em suas bochechas. "Mas ela era tão feliz, tão cheia de vida", foi o que todos disseram quando acharam o corpo dela no banheiro de casa com os pulsos cortados... É fácil sorrir, é fácil ver alguém sorrir e dizer que ela é feliz por isso. Difícil é olhar nos olhos de alguém e ver o que ela realmente sente, tirar uma foto sincera da alma dela por trás do casulo onde todos nos escondemos. Difícil é fazer sorrir por dentro alguém que acredita ser feliz por sorrir por fora.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

?

Por favor, faça parar,
Já faz três anos que permaneço no mesmo lugar,
Ninguém vem mais me visitar,
Está tão frio e quieto,
Tão solitário.
Por favor, faça parar,
Já faz quatro anos que nem a vejo mais,
Vivo com uma imagem na memória,
Está doendo tanto,
Sinto tantas saudades.
Por favor, faça parar,
Já faz dois anos que o inverno insiste em perdurar,
Está quente, o meu coração,
Queria que congelasse também.
Não, não precisa mais parar,
Já faz cinco meses que estou com essa ideia na cabeça,
Está tão claro agora,
Preciso parar de pedir ou lamentar,
Fazer as coisas por mim mesmo,
Acabar com essa fria dor sozinho,
Nem que seja pondo um fim à existência.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

DOCE DESEJO

Doce desejo,
Emana do corpo que almejo.
Instinto animal,
Carnal, mas não banal,
De possuir seu espírito e alma,
Todo seu corpo vívido.
E sem calma,
Paciência ou planejamento,
Mas com toda a veemência do momento,
Despi-la sob a luz da Lua,
Deixar-te nua,
Amá-la com cada parte do meu ser,
Provar cada parte de você.
Desde sua língua envenenada,
Que como cobra sibilava,
Passar por teus belos seios,
Apenas meros meios
De alcançar o que eu almejava,
Te desvirginar era o que eu desejava.
Enquanto minhas mãos rapidamente lhe tiravam o sutiã,
Desejando fortemente como cão,
Tê-la até de manhã,
Com toda a excitação apaixonada,
De uma canção que não rimava,
Causar-te orgasmos,
Com todo o nosso entusiasmo.
E enquanto nos consumíamos,
As almas ao redor dormiam,
Nos silenciando sons e gemidos,
Em meio a todos os momentos bons, mas temidos,
Por você agora esquecidos.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

UMA CAIXA DE SONHOS

Acordei do meu sono da tarde e reparei que havia uma pequena caixa repousada sobre a mesa. Dei uma olhada e percebi uma anotação: Do seu amor para o meu amor. Era dela, a caixa era dela. Abri a pequena caixa e foi algo como uma explosão, vinha dela um som encantador, sem toca discos, sem caixas de som, um som mágico vindo do nada, algo como "she loves you, yeah, yeah, yeah!". E junto desse som veio algo como uma forma, algo mágico e sonoro, que me envolveu como se eu pudesse vestir-lo. Fui me aventurando na infinidade que era aquela caixa, algo como uma outra dimensão, uma mais bonita, com mais amor. Achei uma pequena garrafa, onde dentro dela podia ser visto nós dois numa pequena ilha... Corações voavam no céu da garrafa, eu estava deitado na rede com ela, nossos filhos já dormindo e o céu a nos observar... Depois a imagem da garrafa mudou, como se o tempo houvesse passado, mas a música ainda era a mesma. Estávamos idosos agora, sentados na beira da praia, só nós dois e mais nada. Encontrei também oito envelopes, que fui abrindo um por um, conforme marcava a numeração escrita neles. No primeiro saíram palavras, palavras e mais palavras, que aos poucos se organizaram e formaram frases na minha frente, frases e mais frases, frases tão belas... No segundo saíram sorrisos, sim, isso mesmo, sorrisos. Um dos que saíram simplesmente se estampou na minha face e permaneceu lá, estando até hoje. No terceiro saiu um sonho, um sonho em palavras, mas que carregavam imagens, estranho não? Complicado até de descrever. Mas não parecia bem um sonho, parecia mais uma previsão, algo como uma visão do Oráculo de Delfos. No quarto envelope haviam formas, formas foram saindo do envelope e voavam pelo ambiente, até se juntarem em formas menos abstratas e mais concretas, e aos poucos tornou-se um desenho, um abraço, um amor. Do quinto, saíram pequenos corações, voando ao meu redor, seguindo um coração ainda maior, algo como um cardume de corações, se isso for possível. Mas lembro que o coração maior tinha algo inscrito nele, algo como "você é diferente". A música ainda tocava e eu ia abrindo o sexto envelope, que tinham letras, letras sem nexo, que não formavam palavras nenhuma, mas aos poucos fui percebendo que algumas delas formavam, sim, palavras, algumas palavras soltas no meio da confusão de letras, algumas palavras que formavam uma frase: eu amo muito você. Com aquele sorriso ainda grudado na minha face eu fui abrir o sétimo envelope, que continha fotos, e da mesma forma que palavras haviam carregado imagens, imagens(as fotos) carregavam palavras dessa vez, carregavam um nítido "eu te amo". Ainda está estranho não? Mas quem sou eu pra julgar a magia que é o amor? Fui para o último envelope, o oitavo, e quando o abri saíram palavras rolando como nos créditos de um filme, era algum tipo de agradecimento, com ainda um desejo no fim, sim, um desejo... Larguei uma lágrima na caixa e a fechei, mas a mágica ainda ficava... O sorriso ainda grudado no meu rosto, aquele amor ainda me vestindo, a música tocando agora em meus ouvidos, todas as visões, promessas e desejos na minha mente... Sabe, aquela caixa era meu passado, é o meu presente, e virá também a ser o futuro, pois assim disse o Oráculo de Delfos.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

UM "SE" TÃO CERTO QUANTO HOJE

Ah se não fossemos tão jovens para o mundo,
Faríamos mais uso desse nosso amor tão profundo,
Faria deste anel, aliança,
E nesse quarto, esta boba dança,
Seria uma dança numa multidão, ao vento,
Todos admirando nosso casamento.
Passaríamos a lua-de-mel na Argentina,
Rolando na cama até altas horas da matina.
E sob a luz da Lua, juntos dormiríamos,
E ao acordar nos olharíamos,
Sorriríamos um para o outro,
Mesmo com esse meu sorriso meio torto,
Lhe daria um beijo no pescoço,
E com os raios de sol no nosso rosto,
Daria bom dia à minha doce dama,
E até lhe traria café na cama.
Quem sabe até não teríamos um ou dois filhos,
Deixaríamos que seguissem os próprios trilhos,
E quem sabe um deles não tivesse o mesmo sorriso envergonhado que você,
E o outro, como eu, saiba escrever,
E quem dera se eles forem tão belos quanto a gente,
Não de beleza, mas de um coração decente.
Quem sabe não fiquemos juntos até envelhecer,
Sentados num banco, de mãos dadas, vendo o entardecer,
Como em tantas outras vezes, sentados no meu telhado,
De mindinho entrelaçado, vimos o Sol nascer, se por, anoitecer...
Como em um dia de ano novo em que vimos os fogos estourarem,
Ouvimos nossas taças tilintarem e nossos corações se encantarem.
E foi nesse mesmo dia, que de mãos dadas e almas já entrelaçadas,
De braços cruzados e corações já apaixonados,
Começamos esse nosso belo namoro,
Que vale até mais do que ouro,
E que duraria até criarmos família, ficarmos idosos,
Morando numa ilha como dois preguiçosos,
Sentados num banco, de mãos dadas, vendo o entardecer,
Lembrando desse belo amor que jamais viria a morrer.