domingo, 27 de outubro de 2013

AMANHECER

Nasce já tarde a aurora
E as horas vão embora.
Sobe o Sol no céu,
Que cobre tudo com seu véu de luz.

Abrem-se os olhos
Que não dormiram,
Fecham-se os olhos
Que não sonharam.

O sonho nu e cru adormece.
Resplandece o Sol
Nos olhos de prece
Daqueles que só querem dormir.

Daqueles que acordam pra rotina,
Pro trabalho sufocante.
A faxina angustiante
É do Sol, sua sina.

Varre toda a noite em sua faxina,
Apaga as estrelas que deixaram acessas,
Adentra o recinto sem nem abrir as cortinas
E sinto como se tirasse de mim a poeira.

Besteira pensar que o Sol vive pra gente,
Crente, desiludo-me ao ver o Sol poente,
Deixando para trás sua aurora
Para depois vê-lo nascer novamente.

terça-feira, 22 de outubro de 2013

QUANDO VOCÊ VIER

Quando você vier,
Antes mesmo de chegar,
Vou ansioso estar,
Esperando minha mulher.

As comidas mais caras irei comprar,
Mas é a sua escolha que vou aceitar,
Então de tudo vou desistir,
Pois sei que é a pizza na geladeira que vai preferir.

Vou comprar velas e um bom vinho,
Pôr incensos em todo o AP,
Te encher dos mais plenos carinhos
E dormir olhando você.

Vou pedir com aquele olhar cabisbaixo
Pros vizinhos falarem mais baixo
Para eu poder ouvir seus gemidos de amor,
Debaixo do cobertor.

Vou te mostrar todos aqueles lugares
Que um dia sonhei mostrar,
E te beijar em todos locais
Que um dia sonhei beijar.

Feliz vou permanecer
Durante o tempo que te anteceder,
E triste vou estar
Se algum dia me deixar.

Vou te esperar de pé,
Permanecer feliz a vida inteira,
Vou sonhar tantas besteiras,
Quando você vier.

domingo, 20 de outubro de 2013

PHOTOPHOBIA

Damn this photophobia,
Leaving me alone in the dark.
Damn this fear from this intense light
That hurts my eyes.
Damn this photophobia,
I can't stare directly at her.
Damn this fear from her,
She can illuminate my heart.

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

PRA PREENCHER O CADERNO

Eu não sei mais escrever.
As engrenagens travaram
E o sistema ficou confuso.
Me vêm umas frases, uns lampejos,
Um pequeno fiapo de poesia
Que passa e se esvai.
Tento pôr minha inspiração no papel
Mas as palavras vacilam,
A conjuntura textual é feia.
Tiro as rimas, tento fazer algo sem métrica,
Sem muito padrão,
Pra ver se fica mais fácil, se flui,
Se não sou eu quem estou me forçando.
Virei escritor de frases, de textos pela metade,
Virei sonhador de realidades.
Não me faltam histórias,
Não me faltam sentimentos,
Emoções, acontecimentos e nem inspiração.
Mas as palavras travam,
A tinta falha e o pulso dói.
Estou ficando agoniado e desesperado,
A inércia poética me consome,
O sedentarismo literário me corrói.
Tenho tantas histórias,
Tantos pensamentos,
Tantos sentimentos e emoções
Gritando para serem carimbados em um papel qualquer...
Mas tudo que consigo é esse desabafo, essa metalinguagem,
O meu velho conselho de escrever sobre o não-escrever,
De escrever sobre a falta de inspiração
Ou seja o que for que te trave
E esperar que assim as travas sejam desfeitas,
Lubrificando as palavras
E fazendo as engrenagens voltarem a rodar.
Pra que assim minhas frases, inspirações e textos pela metade
Possam sair da minha cabeça e correr como um rio para os dedos,
Descendo como em uma cachoeira até o papel.
Pra encher meu caderno,
Pra esvaziar minha cabeça,
Pra me fazer escritor de textos completos.