segunda-feira, 30 de maio de 2011

FRAGMENTOS DE HISTÓRIA

Momentos, o que seriam senão construtores de história? É verdade que momentos felizes podem constituir felicidade e que momentos tristes podem constituir tristeza. E a vida segue assim, nos pequenos momentos percebemos coisas grandiosas e sensações duradouras, momentos criam amizades e amores, e isso também é verdade.

Mas relações não podem se basear em apenas momentos, muitas vezes precisamos de algo que junte esses momentos em histórias concretas, que relacione um momento ao outro. Ou então teríamos apenas fragmentos de história, todos em fila indiana ordenados por data e hora. Mas não haveria relação entre os fragmentos, nada que os prendessem, que os relacionasse, não haveria cola para uni-los, torná-los um só, algo fixo e concreto. Deve haver algo para colá-los, isso tornaria os fragmentos presos entre si, a história seria indestrutível, pois não haveria mais fragmentos, mas sim um objeto concreto e fixo, duradouro e resistente, ao invés de poderem ser facilmente quebrados, separados ou desviados.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

VALSA SOBRE A SOMBRA DA LUA

Um passo após o outro,
Fomos dançando juntos,
Fazendo círculos infinitos,
Meio às nossas passadas sem jeito.
Minhas mãos na sua cintura,
Seu nariz junto ao meu
E um largo sorriso em ambas as faces.
Seu vestido longo e negro
Balançava conforme a dança,
Espalhando sombras à nossa volta.
Meu smoking comum,
Cuja rosa negra no peito murchava.
E o baile era nosso, só nosso,
Sem luz e sem convidados,
O mundo era nosso palco.
A escuridão em que dançávamos
Já havia se tornado minha companheira,
A chuva já havia se tornado costume
E a Lua vermelha nos lançava seu olhar,
Do alto de um céu estrelado.
Um, dois, um, dois,
Pisávamos no pé um do outro,
Tropeçávamos, caíamos,
Mas continuávamos nossa valsa sem jeito
Em meio à tropeços e pisos,
Sem música ou outro som.
Apenas sorrindo, isso bastava,
Nos divertíamos com aquele momento,
Era bom olhar o quanto estava linda,
Apesar de você jamais ter concordado comigo.
Um, dois, um, dois,
A valsa continua,
Se prolonga e lança-se às sombras,
E eu continuo nessa valsa,
Porém a sigo dançando sozinho,
Pois havia perdido o meu par...

quarta-feira, 25 de maio de 2011

EU POSSO NÃO VOLTAR

Nós dois juntos,
O vento uivando,
A mar balançando aos nossos pés,
Todas as minhas cartas,
Agora trancadas,
Numa caixa esquecida no armário.
Folhas de outono ao vento,
Todas com nossas palavras nelas escritas,
Você segura uma folha qualquer,
Onde dizia “jamais duvide de mim”,
Eu segurava uma folha qualquer,
Que dizia “Sem você tudo é mais difícil”.
E enquanto a orquestra tocava nossa música,
Em pleno dia 23,
Sob a luz da Lua cheia,
Íamos nos afastando,
Andando de costas sem tirar os olhos um do outro,
Enquanto as estrelas cadentes,
Lentamente desciam o céu,
Sem realizar nenhum dos meus desejos.
Foi você quem mandou querida,
Estou retrocedendo,
Ou será que é você?
Você gritava e reclamava,
De cada passo que eu dava em outra direção,
Mesmo você sabendo que foi você,
A causadora da minha perda de equilíbrio.
E de repente aquela praia foi se tornando um deserto,
O outono tornava-se inverno,
A Lua estava tornando-se o Sol,
E a fênix ao longe morria novamente aos poucos,
Tornando-se apenas cinzas sem poder ressuscitar.
Acho que na verdade foi você quem andou de costas,
Eu apenas permaneci no lugar,
Gritando em vão,
“Se você se importa,
Me chame,
Proclame meu nome,
Antes que seja tarde,
Pois eu posso não voltar.”

domingo, 22 de maio de 2011

SINTO FALTA DE NÓS

Eu sinto sua falta querida,
Sinto falta de quando a gente sorria juntos,
Sinto falta do carinho que trocávamos,
Sinto falta do seu toque,
Do seu nariz junto ao meu,
Da sua boca junto à minha.
Apenas ouça meu anjo,
Ouça, leia, sinta,
Tudo o que tenho pra te dizer,
Te mostrar, te escrever, te lembrar,
Eu te amo,
Sinto falta de como te falar isso me fazia feliz antes,
Sinto falta de como ouvir isso de você me fazia ainda mais feliz antes,
Sinto falta dos nomes que nos chamávamos,
Dos textos que escrevíamos um para o outro,
De todas as brincadeiras e sorrisos.
Sinto falta de você, de quando você era meu tudo,
Sinto falta de ser sua paz,
Sinto falta dos abraços,
Do seu jeito tímido,
De como escondia o rosto com vergonha.
Sinto falta de ver o céu chorar,
Mas sem tristezas dessa vez,
Sinto falta de cada parte de você,
Cada parte de nós,
Sinto falta de tudo em você,
De um tudo para nós,
Sinto falta de nós...

LIMBO DO AMOR

Hei de me encontrar novamente no limbo, em estados de reflexão sobre mim mesmo e meu futuro, numa situação de corda bamba à beira de um precipício. É incrível como a falta de uma droga traz velhos vícios à tona, perdi a maior e a melhor droga de todas, o amor! E agora sinto novamente a necessidade de preencher esse vazio com drogas diferentes, porém já conhecidas e experimentadas por mim. As drogas sempre foram a manifestação do meu coração partido e da minha vida solitária, aquele passado obscuro e enevoado de nicotina o qual eu tento esquecer todo dia. É incrível o poder que tem o amor, ele nos eleva até o mais ensolarado e límpido céu, não importa o quão fundo estejamos nos afogando, ao mesmo tempo em que ele pode nos jogar ao mais árduo fogo do inferno, não importa o quão alto estejamos voando. É... O amor é realmente a maior droga de todas, um vício no qual todos temos que conviver e que jamais poderemos largar.

Acho que minhas reflexões acabaram tornando-se sobre a vida e o amor em geral, quando tudo o que eu queria era pensar um pouco em mim, é realmente difícil pensar em mim, e largar um pouco os outros... Acho que voltarei ao meu estado de limbo, caminhando na corda bamba entre o céu e o inferno.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

PEGUE UMA CADEIRA, ELE A ESPERA

Repare, repare naquele garoto ali no canto,
Repare em toda sua dor e seu pranto,
Ele sempre esteve ao seu lado,
Será que você já tinha notado?
Veja como ele olha pra você,
Mesmo que fique aí sem perceber,
Veja como ele sorri quando se aproxima,
Com todo seu jeito que o fascina.
Você só não entende que ele precisa de alguém,
Alguém que ele possa fazer bem,
Alguém que mesmo deixando uma cicatriz,
Ainda o torne feliz.
Ele só quer saber se pra você ele importa,
Ele quer que você abra a porta,
Ao invés de apenas olhar pelo olho mágico,
Ignorando-o e criando este fim trágico.
Você não vê que toda indiferença que ele caracteriza,
É só pra saber se você o valoriza?
É que ele cansou de correr atrás,
De uma menina que ele nem sabe se satisfaz.
Então sinta o toque dele,
Olhe para ele,
Perceba o quanto ele a acaricia,
O quanto ele quer que você sorria,
Veja todo o amor que ele tem,
Amor assim você não verá de ninguém...

domingo, 15 de maio de 2011

CAIXA BANAL

Querida, você me perdeu,
Cansei de toda sua hipocrisia,
De tudo que em mim doeu,
Enquanto você apenas sorria.
Querida, cansei de você me pôr pra baixo,
Agora é minha vez de te desprezar,
Escute ao meu gritar cabisbaixo,
De quem cansou de te amar.
Querida, “já me envolvi demais,
Se você pular eu pulo, lembra?”
E em toda sua sensualidade você se virou,
E eu cego de amor como que com uma venda,
Quando você enfim pôs um fim em nosso drama e me empurrou.
Querida, vejo que fui realmente único pra você,
O único que apesar de quanto te valorizei,
Você ainda preferiu me esquecer,
Esqueceu o quanto lutei.
Querida, não sou mais seu ratinho na roda,
Isso tudo pra mim já é foda,
Fui o único que você tanto desvalorizou,
Me trouxe dor, me usou e me humilhou.
Querida... Nosso tempo passou,
Minha caixa você nem ao menos decorou...

PARA SEMPRE SUA ESTRELA

Você costumava navegar,
Guiada por uma única estrela,
Por mares tão negros quanto as penas de seu corpo,
Entre ventos tão inconstantes quanto o seu estado de humor,
E entre céus tão apagados quanto as chamas do seu coração.
Mares os quais aquela estrela era seu único guia,
Uma única estrela solitária a brilhar no céu,
Inteiramente ao seu dispor,
Você podia senti-la, tocá-la,
Era sua estrela-guia, apenas sua.
Não importava onde fosse,
Se tentasse fugir ou ficasse parada,
À estibordo ou à bombordo,
A estrela continuava lá,
Sempre a te acompanhar,
Te oferecendo seu brilho,
Não importa se sua trajetória fosse de 90 ou 180 graus,
Aquela estrela jamais sairia da sua vista.
Mas você então cansou-se dessa astronomia,
Estudou os ventos, os mapas, a geografia e a física,
Tudo para não depender de uma estrela,
Que continua no céu,
Te olhando e te oferecendo guia,
Mas que você jamais tocará novamente.
Sua geografia te levou à lugares diferentes,
Você se perdeu... Você a perdeu...
Mas ela estará sempre lá,
Sempre tão perto e ao mesmo tempo tão longe,
Mas saiba que o que você vê e tenta tocar é apenas uma imagem,
Uma ilusão ou miragem do passado,
O objeto real está mais abaixo,
Te observando do fundo do abismo em que você a empurrou.

CISNE NEGRO

Querida, você não vê o quanto está mudando,
Aquela bela dama de penas brancas,
Está perdendo-se aos poucos,
Em meio que à um estado de muda,
Onde penas negras substituem cada pena branca que você joga fora.
Não mate o cisne branco em você,
Não deixe seu coração enegrecer,
Eu sei que você já se machucou,
Sei que perdeu sua terceira perna,
E mesmo que tivesse perdido todas as três,
Você sempre me terá como seu par de asas.
Minha princesa, você apenas confundiu os príncipes,
Não é motivo para mudar, odiar ou lastimar.
Quanto mais penas negras surgem em teu corpo,
Maior é a dor que me causa,
E maior é a enchente de lágrimas que me causo.
Mas eu sei que no fundo deste seu lago,
Sob penas brancas e negras,
E sob manchas de sangue e vitórias-régias,
Habita seu cadáver tão puro,
Que você mesma matou,
Junto ao seu príncipe errante.
Preciso acordá-la querida,
Antes que seja tarde,
Antes que todo seu corpo seja envolvido em penas negras.
As cortinas dele ele mesmo já fechou,
Não feche as minhas por favor.

sábado, 14 de maio de 2011

MIRAGEM

Eu vejo sua face em todo lugar,
Vejo seu sorriso em toda face,
Me imagino beijando seus lábios em cada sorriso,
Em cada pessoa, a cada momento, em todo lugar,
Estou sempre imaginando nós dois.

SOBRE PONTES E BOLHAS DE SABÃO

Em um lugar talvez não muito longe daqui,
Numa casa ao pé de uma colina,
Havíamos passado o dia juntos,
Cansados de ouvir todos dizendo o quão belo casal nós éramos,
“Você fica sorrindo todo bobo quando está com ela”
“O jeito que vocês se olham é tão bonito...”
“Então, é namoro ou amizade?”
Acho que pra você não deve ser nenhum dos dois ,
É incrível como isso sempre nos perseguiu...
Mas ainda assim eu queria ouvir de seus próprios lábios preguiçosos,
Se realmente o que sente por mim é tudo verdade,
Se realmente me ama ou não...
Lembro que tínhamos nos cansado de todos,
E daquele lugar que nos estressava,
Fomos então àquela ponte em arco que ficava sob a casa,
Ninguém passava por lá, poderíamos tê-la apenas para nós,
Assim como uma vez suas pedras já provaram do doce suor de nossos corpos.
Mas dessa vez era diferente,
Algo por fora de nós havia mudado,
Mesmo que por dentro nossos sentimentos fossem os mesmos,
Passamos o dia apenas apreciando o som e o silêncio, o céu e o pôr-do-sol...
Naquele lugar que um dia vivenciou de nosso amor,
E agora só me lembra que você me deixou.
Depois disso lembro apenas de estar em casa,
De costas para a janela com meus braços apoiados nela,
Apreciando o vento sobre meus cabelos,
Estava conversando com alguém que não lembro quem,
Se não era você, não devia ser ninguém importante então.
Lembro que senti um impulso de olhar para o céu da noite,
Mas ao invés de estrelas,
Havia o brilho de uma mensagem escrito no alto,
Feita apenas de bolhas de sabão!
Fiquei encantado com aquilo,
E ainda mais encantado com o que havia escrito naquela mensagem,
Pois ela era para mim,
E logo percebi que a mensagem era sua.
Na mensagem dizia que você me amava,
Que sentia falta de mim e dos meus beijos,
Falava que sentia muito,
Que me queria de volta e estaria me esperando.
Procurei por você até onde o meu olhar podia ver,
Até notar você debruçada no alto da ponte,
Ainda soprando bolhas de sabão...
Então eu corri,
Com os olhos cheios de lágrimas,
Aquele velho sorriso bobo na face,
E a esperança no coração,
Saí de casa e corri em sua direção.
O que aconteceu depois?
Eu não sei...
O despertador tocou...
E eu ainda espero sua mensagem,
De bolhas de sabão, palavras, ou papel e caneta,
Ainda espero você voltar,
Naquela ponte, na minha cama, ou em qualquer outro lugar.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

APENAS POR AMOR

Hoje te vi sentada em sua cadeira,
Brincando com sua caneta com um olhar vazio,
Eu estava sentado tão longe de você,
Mas mesmo assim ainda pude ver.
Você botou a caneta na mesa,
E ela rolava em sua direção,
Mas havia um espaço enorme entre ela e você,
Espaço esse que você pôs ao se afastar demais,
Então ela caía,
Mas você a segurava e a botava no lugar,
Apenas para ver o ciclo todo novamente.
Mas você não deixava ela se aproximar demais,
Sempre a fazia voltar ao começo.
Você não entendia que algo a levava até você,
Física, instinto, gravidade ou amor.
Mas você gostava do jogo,
Gostava de empurrá-la em sua direção,
Mesmo quando ela desistia de rolar.
E assim continuou,
Até sua paciência esgotar,
Até a caneta cair e quebrar...

TEMPESTADES SOB O SOL E A LUA

Sentados juntos sob a noite de temporal,
Naquele velho lugar que você um dia me mostrou,
Lá ninguém nos conhecia,
Nem ao menos nós mesmos...
Esperávamos pela nossa Lua cheia,
Que de tão tarde sua vinda já perdíamos as esperanças,
Estávamos de mãos dadas e sua cabeça apoiada em meu ombro,
O silêncio às vezes quebrado pelo som de nossos beijos,
Nossos perfumes misturavam-se ao cheiro da chuva e ao ar,
Assim como seus cabelos a voar.
Sob as ruas lá em baixo,
Víamos todas se enchendo d’água,
Alagando-se em lágrimas junto comigo.
Você apertava forte minha mão,
Conforme os trovões ricocheteavam no céu,
Atingida por um raio,
Uma árvore caiu abaixo de nós no meio de um caminho,
Logo naquele velho caminho que você costumava usar.
Você me disse que estava com medo,
Que jamais havia visto tamanha tempestade,
E que tinha medo de tomar outros caminhos e acabar perdida,
Agora que a árvore em chamas lhe bloqueia a passagem.
Eu te disse para não se preocupar,
Por enquanto estávamos por cima,
Deixaríamos as preocupações para quando descêssemos,
E que quando o momento chegasse bastaria me dar a mão,
E eu te guiaria por caminhos entre a luz e a escuridão.
Você então se recusou,
Disse que aquela tempestade era sua,
E que não podia me envolver,
Disse que esperaria sozinha até seu Sol aparecer,
Você me expulsou daquele nosso lugar,
Quando tudo o que eu mais queria era ficar.
Você ficou e esperou querida,
Sua tempestade está no fim,
A Lua está quase indo embora,
Mas cadê o seu Sol querida?
É... Talvez ele não virá dessa vez,
Você mandou ele não se misturar com a Lua,
Você o fez fugir querida...

EU NÃO SOU ELE

Pare de ter tanto medo meu amor,
Foi Ele quem te machucou,
Não desista de você,
De mim ou de nós.
Eu não sou ele,
Não vou te ferir como ele fez,
Vou não te tratar como ele,
Não vou reagir como ele...
Apenas mantenha-me por perto,
E eu tentarei o manter longe.
Ele era incapaz de sentir sua falta,
Eu sinto a todo instante,
Ele não te ligava,
Eu ligo todo dia,
Ele te fazia chorar,
Eu choro por você,
Eu não sou ele querida,
Eu não sou ele.
Ele foi único pra você,
Eu sou só mais um qualquer,
Eu realmente não sou ele.