quinta-feira, 12 de abril de 2012

A CURIOSIDADE MATOU O INSETO

Eu estava em uma viagem lendo um livro quando, subitamente, aparece um inseto no meu braço. Obviamente, dei-lhe um peteleco para que saísse. Mas o curioso foi que ele não saiu voando, não foi embora, apenas ficou parado no mesmo lugar que eu o havia arremessado, me encarando com aqueles olhos vermelhos de uma mosca. Achei-o curioso, não achei-o curioso por me incentivar a curiosidade de fitá-lo, como também achei-o curioso por ter a curiosidade de fitar-me.

Parecia que eu era como algo novo, uma descoberta. E sabe, o mundo já é grande para os homens, imaginem então para os insetos... Desvendando algo infinito todo o dia, descobrindo novos seres, novos gigantes. Cheguei até a pensar que os insetos talvez não fossem pura motivação instintiva ou corpórea, talvez houvesse neles a curiosidade que há nos homens. Incentivado pela curiosidade dele em mim, fiquei mais uns instantes a observá-lo, percebi que jamais vira um inseto como aquele, talvez do mesmo jeito ele o havia pensado sobre mim. O inseto tinha olhos de moscas, porem um corpo verde e alongado, com asas incrivelmente finas(cheguei a pensar até que ele não tinha asas).

Cansado de observar o inseto, deixei-o em seu lugar e voltei ao meu livro. Depois de certo tempo, quando estava a fechar o livro, notei que o inseto permanecia lá, ainda me encarando com aquele olhar misto de medo e curiosidade. Mas afinal, não é assim que quase todos somos também? Sempre com medo do novo, do não descoberto, sempre com medo das mudanças e desconfiando de toda pessoa nova quem acabamos de conhecer...

Empurrei o inseto para longe com o marcador do livro, pois a presença dele já começava a me irritar. Então ele voou, até eu perceber pouco depois que ele havia parado na poltrona em frente ao cara do meu lado, e começou a encará-lo da mesma forma que havia feito comigo. O sujeito depois de perceber a presença do inseto, enrolou sua revista e, sem pensar duas vezes, deu-lhe uma porrada que acabou por matá-lo.

Foi um triste fim para o curioso inseto, mas se bem que... Não teremos todos nós o mesmo fim? Somos como os insetos, porém em um mundo muito maior chamado vida, localizado num mundo maior ainda chamado universo. Tentando entender e desvendar um mundo muito maior que o nosso, tentando conhecer seres que talvez nem se interessem em olhar para a gente, sempre vivendo na curiosidade do novo e inesperado até que algo maior que nós nos abata. Somos todos como o pequeno inseto, procurando alguém diferente, que jamais tenhamos visto, nos fascinando com ele, até que se enjoe da gente e nos obrigue a procurar outro, que talvez venha a nos matar. Mas que talvez nos jogue pela janela, mostrando que esse mundo não é nosso, e nos dando uma nova chance de continuar vivendo a vida que nos fora resignada, ao invés de irmos atrás de um mundo muito maior que não nos pertence...

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