quarta-feira, 30 de março de 2011

MEU OUTONO

20 de Março,
Cai a primeira folha.
Minha bela árvore que cultivei...
Nem cor ela possui mais.
Perdeu as cores,
Caíram as folhas...
Ainda resta uma ou outra
Prestes a cair também.
Irá se juntar ao tapete de folhas marrons
E será apenas mais trabalho para mim,
Pois terei que retirá-las
Ou elas vão dificultar minha passagem pelo jardim.
Queria poder dizer que tudo irá melhorar.
Que as folhas, flores e frutos nascerão novamente,
Mas eu sei que antes da primavera
Ainda há o rígido inverno...
Minha árvore irá morrer,
Secar, Congelar...
Jamais será ela mesma,
Precisarei replantá-la.
Então, querida,
Ajude-me a recolher estas folhas caídas,
Ajude-me a proteger minha árvore do longo inverno,
E então poderemos reaproveitá-la na primavera.
Então, querida,
Me dê sua mão,
Pare de mudar com a Lua,
Venha comigo,
Vamos mudar com as estações.

sexta-feira, 25 de março de 2011

FUI O ÚNICO QUE SE PERDEU SEM MEU BRILHO

Eu costumava ser como uma estrela-guia,
Um farol iluminando a tempestade.
Eu possuía um brilho forte e característico...
Pelo menos foi o que me disseram.
Mas a estrela tornou-se um buraco-negro,
A luz do farol queimou,
E agora estou em preto e branco,
Sem brilho algum.
Já me pediram para voltar,
Para ser o que eu era antes.
Me falaram que precisavam da minha luz,
Mas desde que apaguei,
Ninguém foi puxado por meu buraco-negro,
Nenhum barco bateu no recife,
E ninguém se perdeu sem minha luz no fim do túnel.
Mas se minha luz era assim tão importante,
Então devolvam-na para mim,
Pois não conseguirei sozinho,
Não foi minha escolha perdê-la,
Ela fora tirada de mim.
Façam com que este buraco-negro torne-se uma supernova,
Consertem a luz deste farol,
Pintem novas cores neste cadáver sem asas,
Devolvam-me o brilho,
Pois fui o único a se perder sem ele.

quinta-feira, 24 de março de 2011

JÁ NÃO ANJO

Há penas e sangue em meu chão,
Minhas asas jogadas não muito longe em um lixão.
Ser anjo estava me cansando,
Ser anjo estava me pesando.
Cansei de ser bom,
De me importar com os outros
Quando todos apenas me ferem,
Cansei de fazer esforços e sacrifícios em vão,
Meio a tentativas inúteis de provar algo pra alguém,
Cansei de correr atrás dos erros dos outros,
Quando eles já não correm nem pelos deles.
Ser anjo estava me cansando,
Cortei minhas asas fora,
Joguei-as embora.
Este não é um mundo de anjos,
Este céu é poluído demais para voarmos, querida.
Ser anjo estava me pesando,
Livrei-me de um peso inútil,
Que não inútil mas fútil.
Aqui os bonzinhos não são recompensados,
Não há justiça neste mundo.
Deixarei que meu coração torne-se negro,
Tornar-me-ei frio e calculista,
Safado se necessário,
Chame como quiser,
Já cansei de me importar.
Cansei de me importar com os outros,
Me importarei apenas comigo,
Serei egoísta, individualista, falso,
Um completo imbecil,
O tipo perfeito de ser humano.
Perfeito para mim ao menos,
Agora é só o que me importa... Eu.
Ser anjo pesa,
Ser anjo cansa,
Ser anjo dói...
Ser humano não custa nada...

sábado, 19 de março de 2011

FIQUE COM O ORIGINAL

Um dia eu lhe entreguei uma carta,
Que há muito eu havia escrito.
Lembro do seu sorriso ao ler,
E do seu beijo ao me agradecer.
Lembro que esta carta feita a mão,
Tinha sentimentos verdadeiros,
Mas um erro meu fez você duvidar deles.
Você então me devolveu a carta,
E vi que nela você havia escrito,
“Fique com o original.”
Você disse que não havia mais sentido
Naquela tinta que deixei escorrer do meu coração,
E que não acreditava naquelas palavras
Que pensei apenas para te dizer.
Disse também que só o aceitaria de volta para ser seu,
Quando eu também o fosse,
Assim ele voltaria a fazer sentido.
Pois te digo minha querida,
Fique com o original,
Pois ele é seu,
Foi feito para ser seu,
E sempre será seu,
E agora mais do que nunca,
Posso provar que aqueles sentimentos,
Escritos em minhas palavras,
Fazem todo o sentido possível.

sexta-feira, 18 de março de 2011

NOSSA HISTÓRIA DE VIDRO

Agora sou capaz de ver,
Que você talvez não faça por me merecer,
E tudo que eu tentei provar,
Tudo que tive que sacrificar,
Não foi o suficiente pra você,
Não devo te merecer.

Você Também errou,
Umas duas ou três vezes,
Você Também me machucou,
Algumas dezenas de vezes,
Eu sei que também não sou perfeito,
E a dor que lhe causei dói também em meu peito.

Uma vez você se afastou,
E pediu para eu te esperar,
E quando você voltou,
Eu ainda estava lá,
Depois foi minha vez de ir,
Mas quando voltei você não estava aqui.

Acho que no fundo tenho que te agradecer,
Finalmente você pôde me libertar,
Agora posso te esquecer,
Coisa a qual estava cansado de tentar,
Fique a lamentar os erros teus,
E eu fico aqui a lamentar os meus.

Já fechei minha janela,
Você não vai mais entrar,
Fechei a persiana,
Você não vai mais olhar,
Ficarei aqui na escuridão,
Sozinho? Não.

Aquele deserto de silêncio,
Acho que não conseguimos quebrar,
Meu último pedido,
Você nem conseguiu realizar,
Nossos momentos por você esquecidos,
Nem tente mais lembrar.

Vou por agora um ponto final,
Nesse texto e em nossa história de vitral,
Tenho que te agradecer,
Finalmente posso te esquecer.

sábado, 12 de março de 2011

AGORA SEM ASAS

Eu costumava chamar-me anjo,
Mas agora já não me dou a tal luxo,
Não quando machuco todos quem amo,
Quando penso em trapacear para conseguir o que quero.
É... Eu descobri que com mentiras é tudo mais fácil,
Mas é tudo tão errado, simplesmente não vale a pena.
Eu costumava chamar-me anjo,
Mas fui diminuindo a altitude do meu voo,
E nem ao menos notei.
Agora já estou andando entre humanos,
Tão normal e impuro quanto eles.
Eu costumava chamar-me anjo,
Mas minhas penas foram caindo,
Uma por uma,
Pena por pena,
Lágrima por lágrima,
Gota por gota de sangue,
Manchando os telhados abaixo de mim.
E ninguém olhava pra cima,
Ninguém parecia se importar de onde vinham as penas,
As lágrimas ou as gotas de sangue,
Eu tentava chamar a atenção,
Mas ninguém se importava...
Minhas feridas estão cicatrizando lentamente sem ninguém para curá-las,
Meus travesseiros foram os únicos que secaram minha lágrimas,
E minhas penas foram carregadas pelo vento,
Acho que jamais voarei de novo,
Já não tenho asas.
Eu costumava chamar-me anjo,
Mas agora sou apenas isso...
Sou apenas eu,
Apenas humano,
Apenas amor.

domingo, 6 de março de 2011

VIAGEM NUMA MANHÃ DE CINZAS

Está frio e acinzentado lá fora,
A manhã perdeu suas cores,
O Sol já nasceu mas não pude contemplá-lo.
Eu acordo depois de uma longa noite,
Numa multidão solitária,
Eu caminhava com as sombras, minhas amigas,
Enquanto pássaros cantavam o pré-nascer do Sol,
E morcegos me tiravam o sangue.
Minha sombra dançava sozinha melancolicamente,
Com um cigarro inacabado e suas asas ao vento,
Asas essas quase inexistentes agora.
Minha alma chorava por meus pecados cometidos,
E minhas pernas avançavam lentamente,
Com medo de chegar em casa.
E eu, um anjo caído ou talvez um vampiro,
Uma criatura da noite a subir degraus em direção a minha cela,
Não pude aguardar o Sol a me queimar a pele,
Preferi ficar com as várias estrelas da noite,
Mesmo que nenhuma brilhasse como Vênus.
E agora esta manhã acinzentada esconde o meu Sol,
Enquanto o livro aberto em minha mesa me ensina coisas,
Coisas que eu não queria aprender.
É querida...
Acho que está na hora dos meus remédios.

quinta-feira, 3 de março de 2011

APENAS DEIXE O TEMPO PASSAR E EU IREI VOLTAR

Eu não estou dizendo que vou te esquecer,
Não estou dizendo que não vou mais te querer,
Estou apenas querendo um tempo sozinho,
Descansar e ficar em paz,
Deixa as coisas se ajeitarem um pouquinho,
Apenas espere um pouco mais.
Eu não vou esquecer nossas noites em segredo,
Não vou nem quero esquecer o gosto dos seus beijos,
Não vou esquecer nossos carinhos nas sombras escondidos,
Nem mesmo o nosso pouco tempo vivido.
Eu te quero ao meu lado,
E isso eu já tinha te falado,
Mesmo que tivesse duvidado,
Que não tivesse acreditado.
Mas agora eu quero andar um pouco sozinho,
Sem rumo mesmo, apenas com o vento na minha face,
Deixa eu fumar um pouquinho,
Pensar pra resolveu esse impasse.
Mas eu vou voltar,
Algum dia prometo que irei retornar,
Não precisa ficar debruçada na janela,
Essa pose não te deixa tão bela,
Quero ver novamente seu sorriso,
Mesmo não sabendo se é disso que preciso.
Mas quando eu voltar eu voltarei depressa,
E voltarei feliz para ver a cara que você expressa,
Você nem ao menos me verá no horizonte,
Mesmo que seja assim tão longe.
Então apenas relaxe meu amor,
Vá se sentar um momento,
Não quero te trazer dor,
Nem algum tormento,
Vá tomar uma xícara de café,
Ou um pedaço de bolo,
Mantenha a fé,
Esqueça esse tolo desconsolo,
Vá assistir uma novela,
Iluminada a luz de velas,
Deitada com seus três cachorros de nomes estranhos,
Diferentes tamanhos.
Talvez você se surpreenda quando eu bater à sua porta,
E te falar timidamente de uma forma meio torta,
Te dizer que não é mais segredo,
Irei voltar querida, eu prometo.

terça-feira, 1 de março de 2011

MEUS ÚLTIMOS VERSOS PARA VOCÊ

Nosso tempo ja acabou, passou,
Está na hora de você voltar pra sua casa,
Para a segurança da sua cama,
Onde eu não precisarei te proteger.
Agora eu vou dançar um pouco sozinho,
Não se preocupe,
A escuridão vai me levar,
Deixe-me viver na dor.
Esta na hora deu também voltar para a minha casa,
Minha nova cama,
Com novos pensamentos,
Novas noites,
Novos corpos...