quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

BAGUNÇA

Deixa a louça pra lavar
Deixa a cama por fazer
Não há bagunça digna de nota
Frente à bagunça que é você.

Esquece a porta aberta
Que toda fresta
É pra se perder.

Eu não quero me achar,
Eu quero me perder
Dentro de toda essa bagunça
Que é você.

Divide o travesseiro,
O corpo inteiro cabe aqui.
Esquece o canto da cama,
Vamos juntar, não subtrair.

Nesse mísero espaço
Faço um nó de nós
Que é pra nunca mais dividir.

Eu não quero me achar,
Eu quero me perder
Dentro de toda essa bagunça
Que é você.

Vamos nos bagunçar em lençóis
Sem saber nascente ou foz.
Vamos bagunçar nossos corpos,
Dar nós em nossa circulação.

Esquece toda essa organização
Que tudo o que quero
É me bagunçar em você.

quarta-feira, 30 de novembro de 2016

SOBRE A ILUSÃO DE UM TRONO DE NEVE

Era uma noite de domingo,
E como todo domingo,
As noites não trazem muita expectativa.
Porém, o que começou como um convite ingênuo
Se mostrou uma das noites mais insanas que já vivi.
A noite se iniciou como o convite inocente prometia,
Videogame e algumas cervejas geladas.
Até que um quarto amigo chega com duas gramas
Da cocaína mais branca e mais pura que eu já havia visto.
Não era minha iniciação nessa droga específica
Mas eu me senti como se fora a primeira vez.
Senti como se minhas narinas fossem virgens.
Todo meu ser tremia e vibrava,
Minhas mãos sempre inquietas
Causavam terremotos em todo o meu braço.
Eu sentia como se fosse o dono do mundo.
O sofá em que me encontrava sentado,
Tamborilando os dedos dos pés
Havia se tornado o meu trono
E o mundo se encontrava ajoelhado aos meus pés.
Sentia uma necessidade de externar fisicamente
Toda a explosão nuclear que era o meu interior.
Eu sabia que precisava de algo específico,
Correr o mundo, voar, algo mais,
Algo que externasse a minha sensação de divindade,
De macho alfa que precisava subjugar outro ser fisicamente.
Afinal, um rei não sai de seu trono por qualquer razão mundana.
Até que um Ministro, um dos meus amigos presentes,
Sugere um puteiro.
E, de repete,
Toda a minha ideia indefinida se concretiza
E a nuvem disforme e incerta que era a minha ideia
E o meu desejo incerto,
Se condensam como granizo
E neva no meu reino.
Fomos ao puteiro,
Paguei a puta que poderia custear
Dentro dos meus padrões de exigência.
Seus seios eram grandes e as ancas, largas.
O prazer não atingiu as expectativas
Que a cocaína prometia.
Mas nunca me senti tão naturalmente animalesco,
Nunca me senti tão entregue
À selvageria que o ser humano
Havia sido destinado a exercer.
A sensação de posse e poder era indescritível
E a despedida fora breve.
Assim como foi breve a coroa que me fora posta.
Logo que deixamos o puteiro,
Voltei a ser o plebeu que sempre fora,
O indivíduo cotidiano e pacato
Que enxergo em quase toda a raça humana.
Eu havia descido de meu trono
Com a mesma naturalidade que havia subido.
E, de repente, os ornamentos da minha coroa
Tornaram-se sinos de um chapéu de bobo.
Eu havia tornado à minha condição de ser humano
Normal e impotente.
Pagando os imposto que, por algumas horas,
Eu havia cobrado.
Eu me tornara normal como sempre fora,
E com os pés descalços,
Retornei à casa e dormi
No que antes fora meu trono,
Mas que já não passava de um sofá qualquer
Abrigando mais outro ser humano
Comum e cansado dessa vida sem graça.

terça-feira, 22 de novembro de 2016

ALL OF HIM

The lonely writter
Sat on his own desk,
Hearing his own noises,
Feeling the emptyness
Of his own house.
And with his own hands
He took his own feather
And his own book and wrote
"Gotta do all,
Gotta be all."
But he already have it all
All of his own emptyness
And his own freedom.
His own clock ticking
In his own head:
Clock ticking, time passing,
Time tacking, time screaming.
Gota do all,
Gotta be all.
So he stand up,
Put his own jacket
And leave his own house
To face a world
That he doesn't own,
With a life that he doesn't own.
'Cause his life owns him,
'Cause his life slaves him.
Gotta do all,
Gotta be all,
Be all but not yourself.

segunda-feira, 21 de novembro de 2016

UM DIA NA VIDA DE UM HOMEM DE FAMÍLIA

    Ouve-se um barulho de chave, chega o homem em casa. Cumprimenta sua esposa, 7.000 por mês, e afaga o cachorro que o vem receber, 100 semanais com extras. Enquanto o homem espera seu almoço ser servido por um salário mínimo por mês, ele se senta no 500 reais e assiste à 1.900 em 10 vezes sem juros. O almoço está pronto, mas antes de começar a comer, ele espera seu filho, 4.000 por mês, vir sentar-se à 650 reais, então, almoça toda a família num prato de 40 reais, cada.

    Depois do almoço, o homem se deita na 1.200 em promoção à vista e dorme. Acorda, pega o 27.000 reais que ele ainda está pagando e vai até o mercado gastar 400 reais. Ao retornar à 900.000 reais financiados, passa o resto do dia lendo um 40 reais e vai dormir cedo, pois amanhã de manhã ele tem que ir para o 30.000 por mês positivo, afinal, alguém tem que pôr comida na mesa, e ele é o homem da casa.

quinta-feira, 3 de novembro de 2016

SOBRE AS INJUSTAS TROCAS EM UMA VIDA JUSTA

Levava uma vida comum
Até esbarrar com Lara,
Nos amamos sem problema algum

Até que no final da jornada
Recebi dela um balão
E dei-lhe um par de asas.

Então veio Violeta,
Pouco durou e logo acabou
Após termos trocado borboletas.

Logo após veio Daniela,
E eu já quase respirava debaixo d'água
Ao fim do relacionamento com ela.

Foi Maria quem comigo mais caminhou,
Mas mesmo depois de gasto todo o passo,
Dei-lhe apenas uma máscara de palhaço.

Então veio Thamires
E depois dela dei-lhe uma flor
E recebi de volta um buquê de Íris.

Após tantos encontros e desencontros,
Tantos já não teriam nada para dar,
Outros não teriam mais o que receber,
E era assim que eu pensava estar
Até a Thereza eu conhecer.

Me apaixonei no minuto primeiro
Nesse amor cada vez mais profundo
Dei-me à ela por inteiro
E dela ganhei o mundo

quarta-feira, 2 de novembro de 2016

MUSIC

I like how music
Can make everything disappear,
You know?
You go to your room
With a sad face,
Put some headphones
And some crazy, happy,
Dancing song,
And then suddenly
You're in a raibow
And you dance around it
Like some fucking gravitacional field.
Music is best thing
That humanity have ever done.
Music washes away all the humanity sins.
Let it wash yours.

quinta-feira, 13 de outubro de 2016

YOU

Dark night,
Stary sky,
Your black hole hair
Fixing my eyes,
Any of my disguises
Are just passing by.
Any stars being dragged by,
Making you brighter
Than a sunshine.
God, damn it,
I hope the time is right,
Cause I just want
To shout to the world
That you're mine.

segunda-feira, 3 de outubro de 2016

FLOR

Há em sua face
Algo que me remete desespero,
Seus olhos, seus lábios, seu cheiro,
O inteiro que me despertasse.

E desperto assim avanço ao seio,
E o vazio que antes me pertencera,
De amor ela preenchera
Logo ao beijo primeiro.

Então, o que eu fora fenecera,
E é sua a minha nova face,
Como se de amor brotasse
A flor primeira.

terça-feira, 27 de setembro de 2016

AS TELAS DE SIR RICHARDS III

Já havia anoitecido
Quando na taverna ele adentrou.
Richards estava enlouquecido,
Pois em seu plano ele falhou.

Procurou em vão
Por mais uma vítima que o encantasse,
Mas no final da noite
Se encontrava com o olhar fixo no chão
E não havia cerveja que não cessasse
O lamento que lhe batia como açoite.

Foi então que seu olhar levantou
Pela nova mão que lhe trazia bebida,
Pensou: se fosse mais nova poderia ser escolhida.
Mas a atendente por ele se encantou,
Mostrando-lhe os dentes num sorriso.

Foi preciso mais algumas conversas e cervejas
Até que Richards pensasse "que seja,
Será ela mesma".
Então acertaram que esperariam tudo fechar,
E subiriam para um dos quartos para se amar.

Depois do sexo, Richards ainda pensava
Em como haveria de pintá-la.
Mas hei que a conversa iniciada
Deu-lhe a inspiração desejada.

A senhora, por volta dos seus cinquenta anos,
Conseguia apenas falar-lhe da juventude,
Achava ter perdido os encantos,
E Richards, achado a atitude.

Então que ele inicia sua tela:
Cortou sua jugular,
Acendeu a vela
E preencheu o pote de sangue
Até onde havia de desejar.

O nascer do Sol já estava para começar
Quando a tela ele havia terminado.
Retratava a mulher, da cabeça ao seio,
E no fundo um relógio ensanguentado,
Cujos ponteiros dividiam a tela ao meio.
Os ponteiros, intactos,
Pareciam dizer que o tempo havia parado,
Como, ao ser mais nova, a mulher havia desejado.

As horas mostravam dez e quinze ou dez para as quatro,
Pois os ponteiros possuíam o mesmo tamanho.
O estranho era que a mulher possuía duas metades:
Uma metade velha, onde o ponteiro apontava "dez",
E uma metade nova, marcada pelo "quatro",
Desmarcada pelo tempo que às doze já quase bate,
Anunciando o eminente abate.
E ao final de tão profunda pintura,
Ele olhou sua amada com ternura
E disse-lhe "eternizada, querida, eternizada,
Há eternidade maior do que sua vida em minha tela pintada?"

No dia seguinte a atendente não serviu ninguém,
Mas seu quadro na parede serviu bem,
Tanto que Richards a olhou e sorriu,
Não só pra ela, mas para as outras vinte telas
Cujo sangue em seu pincel fluiu.

quinta-feira, 22 de setembro de 2016

AMARELO

    Estamos criando uma geração de depressivos, de ansiosos, angustiados, estressados, de suicidas diários e pessoas-concha, que se fecham e fazem da própria dor, uma pérola, achando que sofrer é poesia. Nos falta amor, nos falta empatia e sensibilidade. Nos falta entender o próximo e aprender a nos expressar... Nos faltam abraços... Vamos deixar nossos filhos fazerem o que quiserem, vamos deixar nossos amigos serem quem quiserem ser. Vamos parar de julgar, de pôr pressão nos outros e em nós mesmos, de criar expectativas para os que nos rodeiam e, principalmente, achar que precisamos atender as expectativas dos outros ou da sociedade. A única coisa que você precisa fazer é ser você mesmo e ser feliz.

    Nós somos o fruto do desamor, da pressão social, das ofensas, xingamentos, bullying e dos ciclos de ódio, principalmente deste último. Criamos pessoas machucadas que, por estarem machucadas, acham que podem machucar o próximo. Criamos pessoas que não se defendem, mas que atacam, que fazem do escudo uma espada. Esse ciclo de ódio precisa ser quebrado, nós precisamos de amor.

    E não, não possuímos um parafuso a menos, possuíamos um parafuso frouxo perfeitamente funcional que o mundo desparafusou. E tá tudo bem, não tem problema, não precisa abaixar a cabeça por isso ou se sentir envergonhado ou menos do que você é. Isso vai passar, e quando passar, você estará mais forte do que nunca, acredite, eu sei. E não ouse se limitar pelos seus problemas ou deixar que alguém o faça, você não é o seu transtorno psicológico! Você é alguém incrível que tá numa fase ruim justamente por sentir demais, por amar demais um mundo imperfeito que não sabe retribuir o seu amor, que tem medo de amar. E é como dizem: relaxa, que depois da tempestade há sempre uma calmaria, e eu posso afirmar que, quando o céu clareia, a vista é linda, e ela vale a pena todo o seu esforço, toda a sua espera e a sua luta.

quarta-feira, 31 de agosto de 2016

QUEBRADO

Um copo ainda é um copo
Se lhe falta um caco?
E uma taça, se lhe falta vinho?
As ondas ainda deixam a mesma marca
Na praia que perdeu metade de sua areia?
O que faz a chuva num mar revolto?
E num rio seco?
Como segue o cardume
Que perdeu um peixe?
O lobo que fica pra trás,
A alcateia abandona?
O mundo ainda é o mesmo
Se ele gira ao contrário?
Mas e se ele para?

segunda-feira, 1 de agosto de 2016

CONTO DE UM CANTO DE AMOR

Teu canto me conta contos de amor,
E eu, em meu canto,
Me encontro contando as horas ao lado teu.
Em teu canto eu encontro
Um cantinho para o nosso conto de amor.
Quantos contos te valeria o conto
Se eu te conto que no teu canto
Eu me encontro feliz?
E mesmo em meio à tanto encanto,
À tanto desencontro de olhar,
Não hei de desencantar.
Sempre encontrarei um canto
Para este nosso tão sublime
Conto, encontro, encanto de amor.

terça-feira, 12 de julho de 2016

OLHAR

Quando ela me olha, Ah, quando ela me olha! Qualquer outro sentimento se esvai, Nada que eu possa descrever, Metaforizar ou poetizar chega aos pés Do seu olhar e como eles as vezes Piscam forte quando ela quer dar entonação à algo. É de uma maneira que encantaria até os Deuses! Não me sinto poeta o suficiente para descrever tal sensação. Sinto que me faltam metáforas Ou qualquer outra figura de linguagem Que a empoete, Sinto que me faltam palavras, Ou que as mesmas ainda não foram criadas. Sinto-me desmerecedor dessa arte, Desmerecedor da poesia diante dos seus olhos. Mas sei que nem Neruda ou Vinícius Conseguiria descrever tal sentimento. Seu olhar está acima dos homens. Eles são a arte pura e bruta, Que ela mesmo lapida com um piscar de olhos, Eles são a Mãe e o Pai da poesia. Não há Quintana que a enlire ou a enrime, Não há rimas que rimem com ela, Ela por si só já é uma poesia completa. E eu me encho de júbilo Por me ser permitido ler um pouco dessa poesia, Me regojizo ao saber que faço parte de seus versos. Pois nessa história eu não sou o poeta ou escritor, A poesia já está pronta, Métrica, linda e perfeita. Dessa vez é ela quem me escreve com seu mero olhar.

terça-feira, 14 de junho de 2016

ENSAIO SOBRE ELA

Ela é espontânea E reluzente, Cheia de uma luz natural E de um calor aconchegante. Quando ela dança É como se o espaço Se afastasse dela, É como se o espaço Desse espaço para seus quadris. Quando ela gira É como se o vento A pegasse na mão e a rodasse Com a mesma suavidade do próprio. Quando ela sorri É como se o Sol A emprestasse um pouco do seu brilho E esse calor irradiante desse vida à vida. Quando ela fala, É como se os anjos Ressoassem suas trombetas Numa melodia celestial Que trouxesse paz aos desafortunados. Quando ela dorme É como se a mãe natureza A incorporasse, E toda a orquestra de uivos, pios E cantos de grilos e cigarras Estivessem contidos em seu silêncio, Em seu calmo respirar. E quando ela beija, Ah, quando ela beija, É como a erupção de um vulcão, Sinto-me invadido pelo explodir E o renascer de uma supernova Que faz com que todo o meu corpo formigue E se preencha em chamas. E quando ela transa, Deus meu, quando ela transa! Sinto-me em alto mar, Sinto a calmaria, Sinto o tsunami, Sinto-me tragar Para as profundezas do oceano, Sinto perder o ar E ter meu corpo invadido por ela, Invadido por sua água e sal. Ela me afoga E me devolve a vida.
Ela desafia as leis da física e da natureza. Ela tem uma estrela no olhar E o tempo à engatinhar sob seus pés. Ela faz a gravidade me soltar E o espaço se espremer Para a gente caber numa caminha de sapê. Ela tem a luz nas mãos E os anjos no canto que ouço, Ela tem o meu coração Em seu livrinho de bolso.

terça-feira, 24 de maio de 2016

LAR, AMARGO LAR

E o homem volta à casa
Como quem, assim,
Voltasse à si mesmo.
Esperando lá encontrar
Um móvel no lugar
Ou uma taça de champanhe
Que não estivesse quebrada.
Mas os móveis dançam
E os cacos cortam.
Deixando o homem sozinho
Com o espelho empoeirado,
A única coisa que restava da sua morada.
Que de tanto refletir a mesma pessoa,
Hoje se encontra cansado.
E o homem olha-o,
Mas ele não o devolve a si.
O homem se recusa a acreditar
No reflexo diante de si mesmo,
Naquilo que seus olhos estão enxergando,
No reflexo do monstro
Que agora habita e rege a casa.

segunda-feira, 23 de maio de 2016

BIG BANG

OF ALL MY EMPTINESS AND DARKNESS
THAT HAVE SURROUNDED ME,
THE LIGHT BORNS IN THE MIDDLE OF NOWHERE,
UNEXPECTED AND WITH ANY REASON,
JUST LIKE THE GREAT BIG BANG.
CREATING IN ME ALL THIS ENTIRE UNIVERSE,
ALL THIS STARS, PLANETS ANS GALAXIES,
ALL THIS NEBULAS
THAT NOT JUST FOGS
BUT PULL MY HEART
WITH THE GRAVITY
OF A SUPERMASSIVE BLACK HOLE.
AND SUDDENLY I'M THIS WHOLE UNIVERSE,
AND YOU, YOU'RE MY BIG BANG,
THAT EXPLOUD ME,
DESTROYED ME
AND RECRIATED ME,
MAKING ME BEING ME.
AND THEN YOU GO AWAY,
VANISH, DISSAPEAR.
LEAVING ME TO FACE
ALL THE COMPLEXITY OF BEING ME,
OF BEING A UNIVERSE DESTINED TO LOVE.
BUT I WOULD RATHER BE THIS UNIVERSE,
FULL OF LIGHTS, OF LIVES,
FULL OF POSSIBILITIES,
THAN BE JUST NOTHING,
AN EMPTINESS E REASONLESS
PRE-BIG BANG UNIVERSE.
SO I HAVE TO THANK YOU...
FOR EXPLOUDING IN MY SOUL,
FOR LEAVING COSMIC TRACES IN MY EYE,
UNDRESSING ME OF ALL MY DESGUISE,
FOR MAKING MY HEART PULSE
WITH THE GRAVITY OF STARS.
CAUSE I WOULD RATHER
HAVE AN UNCORRESPONDED LOVE,
I WOULD RATHER
HAVE THIS UNIVERSE FULL OF INFINITUDE,
THAN THE EMPTYNESS OF A NON-LOVE,
THAN A EMPTYNESS OF SOLITUDE.

terça-feira, 10 de maio de 2016

PQRST

Bate bate coração,
Bate bate coração,
Bate forte, com paixão,
Em que valva escapou o amor?
Onde que ficou a dor?
Em que veia ou artéria
Ela se entalou?
Como gordura mal cheirosa,
Como tumor maligno, me consumindo
Fatalizando o meu ser, fazendo-me ser casca vazia,
Circulação sem propósito, sangue desnutrido e putrefato.
Circulação saudável, mas sem amor algum
Vazia e sem propósito,
Sem razão.
Que tanto bombeou
Que tanto tanto bombeou,
Que explodiu, se foi,
Kamikazi,
Forçado
Ao acaso
Ou engano
Do destino.

segunda-feira, 9 de maio de 2016

MERGULHO

Eu gosto de antes de qualquer mergulho,
Apenas observar o oceano e senti-lo à distância.
Eu subo no penhasco e apenas observo o mar,
Observo as ondas, a beleza e a suavidade delas,
Observo se há peixes e conto os navios naufragados.
Espero o Sol se pôr e vejo o ouro na água,
Espero a Lua subir e vejo a prata na água,
Espero o vento trazer o cheiro de sal
E julgo o seu gosto.
Mas eu não me molho, não como a maioria,
Não gosto dessa estória de molhar os pés na água,
De checar a temperatura, ver se está fundo.
Eu subo no penhasco pra ter melhor visão,
Mas também pra ter melhor altura.
Eu gosto do mergulho profundo,
Atirado, de cabeça, sem medo.
Gosto de sentir a água me envolver num instante
E senti-la de uma vez.
Me surpreender quando é fria demais,
Relaxar quando é morna,
E sorrir quando é gelada da forma ideal.
Gosto de sentir a água abrir sobre o meu corpo
E me envolver num abraço de poesia e sal.
Gosto de abrir os olhos e chorar vendo a vida do mar,
Ver os peixes que passam
E a complexidade daquele fundo inalcançável,
Que apenas o próprio mar conhece.
E não importa de quão alto você pule,
Você nunca vai chegar a tocá-lo,
Mas às vezes, quando mar fica claro,
Você pode vê-lo,
E só a sensação de saber que o mar clareou para você,
Vale qualquer mergulho, vale a visão do fundo.
E depois, quando começo a sentir que o ar vai faltar,
Retorno e me deixo boiar,
Sorrindo despreocupado
Por saber que de mim
O mar vai cuidar.

terça-feira, 3 de maio de 2016

SOULLESS

Some kind of a romantic date,
I suppose,
I asked her out to a dinner,
Some kind of a fancy restaurant.
We've been dating since a while, you know.
I took her at her place,
Give her my cosy smile
And a kiss on the lips.
I act like the perfect boyfriend,
But I'm not.
How could I be so soulless?
We eat and talk about many things,
We smile and a took her hand on mine,
I slowly pass my fingers on hers
And say how much I think she's awesome,
But I don't really think so.
How could I be so soulless?
And next we'll go to my place,
I'll make love to her like an animal on cocaine,
But I'm not.
We'll lay down, breathing, looking to each other,
And I'll say that I love her,
But I don't.
I'll write her poetry,
Give her romantic bithdays presents,
Chocolates, kisses on the neck,
I'll act like she's my whole world,
But she's not.
How could I be so soulless?
I just don't feel, I just don't like anyone,
I'm not interested on people.
But, somehow, I remember what is like to love,
I remember the steps,
The good and bad things to say.
I remember how to be good,
But I'm not any good.
I'm just an empty shell
With some memories of what I used to be.
I'm broken, torn into pieces,
Devastated, devastating.
How could I be so soulless?

segunda-feira, 2 de maio de 2016

VALSA

Não quero esses meio amores,
Essas carícias cheias de receio,
Esses beijos entregues às dores
Ou esses elogios censurados,
Revisados pelo medo de uma ilusão.
Quero o amor por inteiro,
Quero o mesmo amor sem medo
Que eu te ofereço diante deste mesmo abismo,
Quero o gemido alto, não contido,
Quero as mãos dadas
E que a queda seja aproveitada
Antes do fim deste relacionamento finito.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

THE PUZZLE MAKER

Sentado na sua escrivaninha,
Dia após dia na sua sala má iluminada,
Sobre a luz de um abajur
Apontando cada novo projeto.
Peça atrás de peça,
Todas parecendo tão simples,
Míseros fragmentos
Se encaixando em uma bela paisagem.
Dez mil peças, cem peças,
Dez peças, duas peças.
E aquela única peça que nunca encaixa.
"O que fazer desta peça?"
Todos os quebra-cabeças vão se montando,
Todas as frações de algo maior
Se completando
Na corrente probabilística do destino.
Quebra-cabeças atrás de quebra-cabeças,
Mas aquela única peça não entra em nenhum.
As paisagens vão mudando
E já fica difícil dizer em que aquela peça encaixaria.
"Talvez se eu montasse
Todo um quebra-cabeça
Apenas para essa peça,
Talvez ela pudesse mostrar
Sua verdadeira imagem.
Seria uma estrela no céu?
Uma concha na praia?
Um pássaro pousado
Na árvore de uma montanha?
Um chá de um casal
Numa tarde de domingo?"
Acabou por desistir da ideia,
Não se monta um quebra-cabeças
Por causa de apenas uma peça.
Peça torta vai pro lixo,
E foi.
Quem sabe não se desencaixa
Com mais alguma que caiu por lá...

terça-feira, 26 de janeiro de 2016

A DURA QUEDA DE UMA PENA

Olho pela janela, distraído
E vejo uma pena,
Que cai suavemente
Carregada pelo vento,
Carregada pelo tempo.
Procuro pelo pássaro
Cuja pena sente falta
E o encontro já longínquo,
Em um pleno e belo vôo alto.

Me vejo refletindo
Sobre a diferença
De uma pena em um pássaro
E a mesma agora ao vento.
Certamente, presa à ele,
Tinha um peso e uma função
Que a brisa tratou de carregar.

E quantas coisa nós também
Já não carregamos conosco
Como Atlas segurando o Mundo,
Apenas para descobrir,
Ao deixar o Mundo cair
E o tempo o levar,
Que, na verdade,
Não passavam de penas?

Então nos encontramos
Em pleno vôo rasante,
Que é o máximo que nós,
Seres tão pesados
Em nossas próprias penas,
Conseguimos dar.
Assim como o pássaro,
Que nem percebe ou sente falta
Da pena que perdeu,
Que nem o chão ainda alcançou.

Temos que aprender
A desapegar mais,
Ser menos homem
E mais pássaro,
Pois o que passa,
Nós não podemos prender,
Temos que deixar passar
Como os pássaros passarão
Sem suas penas.
Temos que largar
O que não nos falta
Ou não nos satisfaz.
Pois até mesmo os pássaros quando voam,
Deixam uma pena para trás.

terça-feira, 19 de janeiro de 2016

VADIA POR UM DIA

Se eu fosse mulher por um dia,
Seria certamente uma vadia.
Entre rodas dançaria,
Entre corpos rodaria.
Faria do meu corpo
O que bem entender,
Afinal, já não é o que eu,
Homem, estou a fazer?
Seria dona de mim
Como de mim,
Já sou dono, sim.
Daria meu corpo
Para quem eu quiser,
Assim como já o faço,
Sem precisar ser mulher.
Mas mesmo assim
O mundo gritaria:
"É vadia! É vadia!"
Vestiria roupa curta,
Ouviria que sou puta.
Puta por ser mulher.
E se algum cara,
Sabe-se lá de onde vier,
Viesse me apalpar,
O apalparia a face
Sem hesitar,
Com o punho fechado
Que é pra aprender a respeitar.
Se eu fosse mulher por um dia,
Sorriria até o Sol nascer,
Sob um coro que não cessaria
Enquanto homem eu não voltasse a ser.
Mas mesmo assim,
Sob tal coro, eu sorriria.
"É vadia! É vadia!"

quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

SO(U)RRISO

Minero alegria,
Destilo felicidade,
Extraio das mais simples coisas
O sorriso.
Dos ventos frescos
Nos dias quentes,
Do gramado de folhas
Coloridas caídas no parque,
Do bocejar tranquilo
De um animal na rua,
Do puro sorriso alheio,
Do puro sorrido dela.
Levo a vida tranquilo
E canto com os pássaros
Por onde passo,
Faço o bem aonde eu posso,
Sorrio e amo
Até quem não me pode retribuir,
Até quem não merece
Mais do que educação.
Pra quem já esteve
No fundo do poço
E voltou com vida,
Qualquer melancolia pequena
É motivo de festa,
Qualquer sorriso é gargalhada.