terça-feira, 21 de abril de 2015

SOBRE A AUTODESTRUIÇÃO HUMANA (SOCIAL)

   Como já explicado no texto anterior, a destruição está no nosso sangue (na verdade, na nossa psique), geralmente esse instinto é voltado para nós mesmos, mas às vezes ele pode ser externado para outras pessoas. Mas pretendo agora sair do ramo de pensamento individual e levantar uma questão mais social. E quando levamos em consideração uma sociedade inteira, ou melhor, o mundo inteiro, cheio de pessoas destrutivas e autodestrutivas?

   Não sou nenhum perito, nenhum psicólogo ou sociólogo, então perdoem-me os erros e equívocos, estou aqui apenas exibindo meu pensamento leigo. Dito isso, continuo meu raciocínio dizendo que percebo o quanto que o instinto de auto-regeneração do mundo (o mundo aqui é visto apenas como a natureza) luta constantemente contra a destruição generalizada do ser humano. Percebam que eu fiz questão de dizer "destruição generalizada", pois, ao escrever, me deparei com a seguinte pergunta: a destruição do meio ambiente seria uma autodestruição legítima ou externada? Deixo os leitores para pensarem por si mesmos, pois acho que não há um certo ou errado para essa pergunta, assim como não há verdade absoluta. Enfim, o homem, no seu instinto de destruir, destrói o mundo à sua volta, polui, corrói, queima, mata e desmata. E assim se sente vivo, sentindo-se o Deus desse mundo, destruindo conforme a sua vontade, conforme ele destrói à si mesmo.

   Óbvio que nem todo ser humano tem sua destruição relacionada ao meio ambiente e muitos ainda tentam salvá-lo, mas é óbvio que o instinto destrutivo está lá, apenas não se relaciona com o meio ambiente. Também não estou dizendo esse seja o único ou grande fator da destruição ambiental, mas acredito que seja um fator importante a se observar. É óbvio que há o capitalismo, o egocentrismo e todas essas coisas, mas meu objetivo nesse texto é falar apenas da autodestruição humana e tudo que deriva desse instinto, além de apontar algumas questões para reflexão. Dito isso, termino aqui o meu texto, uma vez que as perguntas já foram feitas e as ideias, exibidas.

quinta-feira, 16 de abril de 2015

SOBRE A AUTODESTRUIÇÃO HUMANA (INDIVIDUAL)

   Freud já dizia que os seres humanos possuem tendências suicidas ou de autodestruição. Alguns mais evidentes, outros mais controlados; alguns ainda canalizam esse instinto para outros "setores" do prazer - o sexual - e o transformam em masoquismo. Muitos ainda externam isso e transformam em instinto de destruição ao próximo, agressividade ou, em poucos casos, vandalismo (não que vandalismo não seja frequente, mas não necessariamente por esse motivo). Outros, além de externar ao próximo, ainda canalizam para o sexual, os sadistas (sim, vários fetiches são explicados de forma semelhante, você se surpreenderia com alguns).

   Resumindo, gostamos de destruir, seja vivo ou não, seja nós mesmos ou o próximo, seja definitivo ou não, parcelado ou direto, não importa. Não ouse negar, você que bebe, fuma ou se droga, você se mata parceladamente, e você sabe, mesmo que no fundo (ou talvez ainda não tenha percebido), que você gosta dessa autodestruição. Você que é masoquista, você se destrói de forma pequena e sente prazer com isso. Quantos já não se cortaram? Quantos já não pensaram "e se eu morresse?" e até gostaram da ideia? E você que faz artes marciais? Que destrói propriedades alheia? Que gosta de bater durante o sexo? A destruição está no nosso sangue.

   Muitos se sentem bem com isso, muitos "se sentem vivos" ao apanhar, bater, arriscar a vida, se cortar, beber, se drogar, enfim. Precisamos sentir a perda para valorizar, e talvez seja para isso que serve esse instinto, para darmos valor às nossas vidas (mesmo que às vezes o instinto principal seja externado ou canalizado). E você, o quanto você se mata para se sentir vivo?

terça-feira, 7 de abril de 2015

AMOR POÉTICO

O poeta ama,
E esse amor nada mais é
Do que uma rima,
Misteriosa, incompleta.
Uma palavra
Buscando desesperadamente
A outra,
Mesmo que seja uma rima clichê,
Uma rima improvisada,
Terminações sem sonoridade.
Não importa,
Minha janela quer rimar com ela
À luz de velas,
Meu amor não quer rimar com dor,
Ele quer rimar com o calor do corpo dela.
E mesmo assim o poeta ama,
E chove sobre ele toda a solidão do amar,
Toda a neve na calçada
E todos os uivos dos lobos solitários
O atropelam suplicando por rimas.
E a tarde cai,
Com seu céu de súplicas
E arrependimentos.
E a noite cai,
Com seu céu de reflexões
E suas estrelas de esperança.
A alvorada vem
E banha os olhos vermelhos de insônia...
Mas o silêncio perdura...
E, ainda assim, o poeta ama,
Com toda sua caneta,
Gastando toda a sua tinta,
Fazendo dos próprios dedos
Uma dor constante
Que se assemelhe àquela que jaz em seu peito.
O poeta ama,
Ama a poesia complexa, sem métrica,
Bela, confusa, surrealista, dadaísta, expressionista,
Enfim, ama toda essa poesia
Que o mundo ousa chamar de mulher.

domingo, 5 de abril de 2015

AS FORMIGAS DO UNIVERSO

   "Toda vida é preciosa". Quantos de nós já não nos dissemos isso? Quanto de nós já não falaram isso pra alguém ao provar um ponto, ao tentar convencer ou até mesmo pra fingir ser uma pessoa melhor? Quantos de nós pensou sobre isso ao matar uma formiga? Ao matar um mosquito? "Ah, mas a formiga é só um insetinho", "ah, mas a formiga não pensa", "ah, mas é só uma formiguinha". E assim tentamos justificar nossa fama de serial killer pra ficar de bem conosco. Nos pomos num trono de superioridade por sermos seres humanos, racionais, acima de todas as espécies. Nós somos Deuses, o Mundo é nosso pra destruir e poluir, e que seja feita a nossa vontade assim na terra como no céu, como nos rios e mares. Achamos que nossa vida vale mais que a de qualquer um, achamos que estamos no centro do universo, que somos alguém importante. Mas somos apenas as formigas do universo, esperando que algum dia venha outro "ser superior" para nos pisar e desvalorizar nossa vida como desvalorizamos todas as outras. 

   E pros que acham que esse texto é sobre formigas e formas inferiores ou superiores, vou igualar um pouco as coisas... E se fosse um ser humano? Você pode dizer que nunca matou um ser humano, mas você se importa quando algum deles morre? Quantas notícias você já leu essa semana sobre mortes? Você se importou o mínimo que seja? Não, você provavelmente não quis nem saber os nomes deles, rolou a página, virou a folha, e tudo que você sabe é que 10 pessoas morreram num acidente. Você para pra pensar que o número 4 tinha mulher e filhos? Que o número 9 tinha acabado de perder os pais? Que a número 2 estava indo encontrar seu namorado? Que o número 7 ia pedir a número 1 em casamento? E que a família de todos esses números choraram e sofreram? Não, as famílias são só mais números, fazendo a quantidade de vítimas crescer em ordem exponencial ou em progressão geométrica, tanto faz pra você. Você diz ser um absurdo a guerra na Síria, a fome na África, as mortes no confronto Israel-Palestina, mas você passa de carro do lado de um acidente e não da a mínima se alguém morreu.

   "Toda vida é preciosa", preciosa para alguém, de fato. A vida tem o valor que cada pessoa dá pra cada vida. Mas a vida não tem valor universal. Vida não se mede, não se pesa na balança, vida não se compra no mercado, não se acha na esquina da sua casa, caída dos bolsos de alguém, a vida não se rouba. Mas a vida se tira, a vida se perde e a vida vai embora... A vida acaba. Então se você não valoriza todas as vidas, ao menos que valorize as que te importam, e não meça as que não te importam apenas baseadas no seu critério. Todas as vidas são preciosas porque são para alguém, mesmo que não seja você. E não importa se é um humano, um cachorro, um sapo, uma cobra, um peixe, uma formiga, uma barata ou uma árvore, cuide das vidas próximas a você. Faça valer a pena o sacrifício daqueles que perderam a vida pra você comer, daqueles que perderam a vida pra você ter papel, daqueles que perderam sua casa pra você poder ter a sua. Você não pode salvar a todos, mas você pode ao menos se importar.

quinta-feira, 2 de abril de 2015

SAUDADE Nº2

Saudade aperta,
Saudade bate,
Saudade é certa,
Saudade que me mate.

Saudade é minha,
Saudade é dela,
Saudade sozinha,
Saudade bela.

Saudade dói,
Saudade não,
Saudade foi,
Saudade em vão.

Saudade que trago,
Saudade que me traga,
Saudade, que estrago,
Saudade que não para.

Saudade que arde,
Saudade, eu vou,
Saudade, que alarde!
Saudade que sou,
Soudade!