Já havia anoitecido
Quando na taverna ele adentrou.
Richards estava enlouquecido,
Pois em seu plano ele falhou.
Procurou em vão
Por mais uma vítima que o encantasse,
Mas no final da noite
Se encontrava com o olhar fixo no chão
E não havia cerveja que não cessasse
O lamento que lhe batia como açoite.
Foi então que seu olhar levantou
Pela nova mão que lhe trazia bebida,
Pensou: se fosse mais nova poderia ser escolhida.
Mas a atendente por ele se encantou,
Mostrando-lhe os dentes num sorriso.
Foi preciso mais algumas conversas e cervejas
Até que Richards pensasse "que seja,
Será ela mesma".
Então acertaram que esperariam tudo fechar,
E subiriam para um dos quartos para se amar.
Depois do sexo, Richards ainda pensava
Em como haveria de pintá-la.
Mas hei que a conversa iniciada
Deu-lhe a inspiração desejada.
A senhora, por volta dos seus cinquenta anos,
Conseguia apenas falar-lhe da juventude,
Achava ter perdido os encantos,
E Richards, achado a atitude.
Então que ele inicia sua tela:
Cortou sua jugular,
Acendeu a vela
E preencheu o pote de sangue
Até onde havia de desejar.
O nascer do Sol já estava para começar
Quando a tela ele havia terminado.
Retratava a mulher, da cabeça ao seio,
E no fundo um relógio ensanguentado,
Cujos ponteiros dividiam a tela ao meio.
Os ponteiros, intactos,
Pareciam dizer que o tempo havia parado,
Como, ao ser mais nova, a mulher havia desejado.
As horas mostravam dez e quinze ou dez para as quatro,
Pois os ponteiros possuíam o mesmo tamanho.
O estranho era que a mulher possuía duas metades:
Uma metade velha, onde o ponteiro apontava "dez",
E uma metade nova, marcada pelo "quatro",
Desmarcada pelo tempo que às doze já quase bate,
Anunciando o eminente abate.
E ao final de tão profunda pintura,
Ele olhou sua amada com ternura
E disse-lhe "eternizada, querida, eternizada,
Há eternidade maior do que sua vida em minha tela pintada?"
No dia seguinte a atendente não serviu ninguém,
Mas seu quadro na parede serviu bem,
Tanto que Richards a olhou e sorriu,
Não só pra ela, mas para as outras vinte telas
Cujo sangue em seu pincel fluiu.
terça-feira, 27 de setembro de 2016
quinta-feira, 22 de setembro de 2016
AMARELO
Estamos criando uma geração de depressivos, de ansiosos, angustiados, estressados, de suicidas diários e pessoas-concha, que se fecham e fazem da própria dor, uma pérola, achando que sofrer é poesia. Nos falta amor, nos falta empatia e sensibilidade. Nos falta entender o próximo e aprender a nos expressar... Nos faltam abraços... Vamos deixar nossos filhos fazerem o que quiserem, vamos deixar nossos amigos serem quem quiserem ser. Vamos parar de julgar, de pôr pressão nos outros e em nós mesmos, de criar expectativas para os que nos rodeiam e, principalmente, achar que precisamos atender as expectativas dos outros ou da sociedade. A única coisa que você precisa fazer é ser você mesmo e ser feliz.
Nós somos o fruto do desamor, da pressão social, das ofensas, xingamentos, bullying e dos ciclos de ódio, principalmente deste último. Criamos pessoas machucadas que, por estarem machucadas, acham que podem machucar o próximo. Criamos pessoas que não se defendem, mas que atacam, que fazem do escudo uma espada. Esse ciclo de ódio precisa ser quebrado, nós precisamos de amor.
E não, não possuímos um parafuso a menos, possuíamos um parafuso frouxo perfeitamente funcional que o mundo desparafusou. E tá tudo bem, não tem problema, não precisa abaixar a cabeça por isso ou se sentir envergonhado ou menos do que você é. Isso vai passar, e quando passar, você estará mais forte do que nunca, acredite, eu sei. E não ouse se limitar pelos seus problemas ou deixar que alguém o faça, você não é o seu transtorno psicológico! Você é alguém incrível que tá numa fase ruim justamente por sentir demais, por amar demais um mundo imperfeito que não sabe retribuir o seu amor, que tem medo de amar. E é como dizem: relaxa, que depois da tempestade há sempre uma calmaria, e eu posso afirmar que, quando o céu clareia, a vista é linda, e ela vale a pena todo o seu esforço, toda a sua espera e a sua luta.
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