sexta-feira, 26 de outubro de 2012

A VIDA QUE A MORTE TRAZ

Nós nos matamos para nos sentir vivos... Já pararam para pensar? Estamos sempre em busca de alguma coisa, de alguma coisa que nos faça sentir mais como nós mesmos, que nos faça sentir bem, que nos faça sentir aquele toque da vida.

Jogamos nossa vida fora pouco à pouco para podermos senti-la, nos matamos para viver. E gostamos disso. Por mais que concorde, que abra os olhos, nada vai mudar, porque no fundo todos sabemos o que fazemos, e não nos arrependemos. A gente barganha com a morte em troca de diversão, de algo que nos faça sentir mais como nós mesmo, ou até que nos faça sentir totalmente o oposto do que somos, algo que faça-nos sentir que não estamos aqui, que estamos livre, livre de responsabilidades, livre de raivas e angústias, livre da realidade.

Mas se você parar para pensar... Existe algo que faça mais sentido do que isso? Qual seria o melhor jeito de sentir o toque da vida senão aproximando-se da morte? Como sentir-se vivo sem saber o que é morrer? Sem entregar um pedaço de si ao vazio?

Pense um pouco... O quanto você se mata para se sentir vivo? Quanta vida você já não matou para poder senti-la?

terça-feira, 9 de outubro de 2012

O QUE EU E VOCÊ PODEMOS SER

Você
Há de ser,
Alguém
Mais além
Do que um mero alguém      
Pode ser.
Só você
É quem me faz
Sorrir,
E é capaz,
De me fazer
Feliz.
Assim,
Há de ser
Pra mim,
Mais do que alguém.
Você é quem
Pode ser
Mais além
Pra mim,
Ah é sim.

Mas por que tu me ignoras?
Mas por que tu não me olhas não?          
E me deixa aqui sozinho no chão
À sofrer
Por você.

Me deixa ser
Pra você
Aquele rapaz
Quem te faz
Sorrir.
Vamos nos permitir,
Pra mim,
Pra você,
Pra gente ser feliz.
Assim
Hei de ser,
Pra você
Alguém.
Talvez quem,
Venha a ser
Mais do que qualquer ser
Possa ser
Pra você.
Só me resta ficar
À esperar
Você me notar.

Mas por que tu me ignoras?
Mas por que tu não me olhas não?          
E me deixa aqui sozinho no chão
À sofrer
Por você.

domingo, 7 de outubro de 2012

UM XADREZ DE DEUSES

Você olha com cuidado,
Calcula meticulosamente,
Monta sua estratégia,
Imagina todas as possíveis jogadas
E todas as possíveis reações.
Sacrifica peões e rainhas à custo da vitória,
Tira todos do seu caminho para poder passar.
Mas você acha que não corre riscos,
Apenas porque você se vê acima do tabuleiro,
Você não é Peão, torre, bispo ou cavalo,
Não é nem Rei ou Rainha,
Você é a jogadora.
Você é o cérebro que calcula seu jogo,
Você é a mão que move as peças,
A fria expressão de poker olhando nos olhos inimigos.
E eu... Eu, querida,
Eu sou apenas um Peão,
Que entrou de braços abertos nesse jogo, nesse tabuleiro.
Sou talvez um agente duplo,
Estou no seu grupo,
Deixo você me mover à vontade,
Mas eu sei qual é o seu jogo,
E eu não pretendo fazer parte dele,
Não pretendo seguir o seu roteiro.
Você pode até mesmo calcular minha desistência,
O meu pulo para o outro lado,
E até me achar um fraco qualquer...
Afinal, sou apenas um Peão.
Mas você se esquece, querida,
Que Peão quando chega no lado inimigo torna-se grande,
Torna-se cavalo, bispo, torre ou rainha,
Só não torna-se Rei.
Mas eu posso ser Rei, porque talvez eu não seja o Peão,
Talvez esse peão que você pensa ser eu,
Seja só uma peça minha,
E eu seja a mão que move todo o tabuleiro inimigo
Saindo do outro lado da sombra.
Será que pode calcular isso também?
Você prevê o movimento dessas peças menores
Que mal sabem que estão em um jogo,
Mas será que pode prever como reagirá
A peça que entra no jogo já o conhecendo?
Eu sei todas as regras, querida,
Já joguei o seu jogo antes.
Agora tente calcular meus movimentos
Sem ao menos ver minha expressão oculta do outro lado da sombra,
Sem ao menos saber que sou eu movendo as peças contra você.
Eu entrei no seu jogo
Mas eu não faço parte dele,
Não sou só uma peça,
Não sou uma das SUAS peças.
Eu não faço parte do jogo, querida,
Eu só estou no tabuleiro.

sábado, 6 de outubro de 2012

TEU TOQUE

Teu toque é o mais doce dos pecados,
Faz querer-me ser ladrão
Pra sentir o beijo dos teus lábios roubados
Sem que esse pecado precisasse de perdão.

Teu toque é hipnose,
É o pêndulo que me faz te desejar
Dose após dose
Para eu poder te amar.

Teu toque é eletricidade,
Eriça cada centímetro de pelo
Com tamanha suavidade
De quem tem, por mim, tanto zelo.

Teu toque é prazer,
Sobre a minha pele que já é tua
Você me faz te querer
Totalmente nua.

Teu toque é delírio,
É uma completa viagem,
Talvez até um campo de lírios,
Onde apreciaríamos a paisagem.

Teu toque é sedução,
É quase um orgasmo
Ver essa tua mão
A tocar-me, pasmo.

Teu toque é desse jeito mesmo,
Desse jeito só teu,
E eu fico aqui a esmo,
Desejando o que não pode ser meu.

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

FILHO DO MEU PAI

   Olho pela janela o gigante jardim da minha enorme mansão, onde todos os dias os jardineiros vem olhar, cuidar, aparar ou regar. Vejo alguns passarinhos bicando pelo jardim, e me divirto imaginando se eles se conhecem ou como se conheceram. Talvez até sejam parentes. E eu me fico imaginando uma árvore genealógica para os pássaros ou tentando desvendar qual deles seria o mais velho.

   Às vezes eu até desejo ser como eles, as pessoas olhariam para mim e não saberiam de onde eu venho, de onde eu vim. E principalmente, não saberiam quem são meus pais. Tentariam adivinhar uma árvore genealógica para mim também? É chato ser reconhecido por todo mundo, é sempre "olha lá, é o filho do não-sei-quem". É chato quando seu pai é um gênio e dono de uma empresa milionária. Você sente todo um peso e uma carga enormes, uma herança de responsabilidades e cobranças de um mundo inteiro que nem te conhece. Pra eles você é só o filho de alguém famoso. Eu não sou eu, sou filho do meu pai, e só. Mas eu queria ser, queria ser alguém, queria ser só eu, não ser filho de ninguém.


   Eu queria ser eu, queria ser passarinho.

terça-feira, 2 de outubro de 2012

BARCOS DE PAPEL

De longe vejo meus barcos de papel
À navegar pelo mar,
Uns tão distantes,
E outros parecem nem querer zarpar.

Hão apenas de seguir adiante,
Carregados pelo vento que fico a soprar.
Mas parecem até não ter escolha,
Parecem não gostar.

E eu que ainda vejo nessas folhas
As palavras de amor outrora escritas,
Derramo uma lágrima para unir-se ao mar,
Derramo-a para mais uma despedida.

Pois cada barco um dia foi carta,
Cartas de uma história de amor mal-vivida.
É por isso também que em nenhum barco embarca
A minha pessoa já esquecida.

Porque os barcos já deram suas despedidas,
E agora choram ao mar o sal de suas lágrimas,
Lívia, Maria, Bruna e Fátima,
Que agora são apenas memórias antigas.

Mas quem sabe o vento não mude a história trágica,
E um desses origamis que fiz ser vela
Não seja soprado de volta
E me traga novamente ela.

Então eu desdobro o barco e refaço a carta,
E quem sabe dessa vez eu a impeça de que parta.