sexta-feira, 5 de outubro de 2012

FILHO DO MEU PAI

   Olho pela janela o gigante jardim da minha enorme mansão, onde todos os dias os jardineiros vem olhar, cuidar, aparar ou regar. Vejo alguns passarinhos bicando pelo jardim, e me divirto imaginando se eles se conhecem ou como se conheceram. Talvez até sejam parentes. E eu me fico imaginando uma árvore genealógica para os pássaros ou tentando desvendar qual deles seria o mais velho.

   Às vezes eu até desejo ser como eles, as pessoas olhariam para mim e não saberiam de onde eu venho, de onde eu vim. E principalmente, não saberiam quem são meus pais. Tentariam adivinhar uma árvore genealógica para mim também? É chato ser reconhecido por todo mundo, é sempre "olha lá, é o filho do não-sei-quem". É chato quando seu pai é um gênio e dono de uma empresa milionária. Você sente todo um peso e uma carga enormes, uma herança de responsabilidades e cobranças de um mundo inteiro que nem te conhece. Pra eles você é só o filho de alguém famoso. Eu não sou eu, sou filho do meu pai, e só. Mas eu queria ser, queria ser alguém, queria ser só eu, não ser filho de ninguém.


   Eu queria ser eu, queria ser passarinho.

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