sábado, 30 de junho de 2012

UM CONTÍNUO ROMANCE REPETIDO

Já não hei mais de ser aquele cavalheiro que luta por uma história concreta,
Não enfrentarei um monstro num labirinto de pensamentos confusos,
Como fez Teseu por aquela mulher em Creta.

Nem lutarei pela mão de uma dama presa no castelo do confinamento social,
Ou dormindo eternamente na angústia da perda,
E nem por uma Rose que venha me afogar num mar de tristeza glacial.
Não lutarei pela menina mantida refém do temor das borboletas no estômago,
Nem por uma Amelie Poulan deixando pistas para eu seguir,
E muito menos por uma Summer Finn que venha a elogiar que música estou a ouvir.
Não, não deixo de me encantar,
Apenas perdi aquele encanto que canta os anjos,
Aquele encanto cantado por um sino de igreja.
Perdi o encanto pela capa que junta as folhas em um livro,
Perdi o encanto pela corrente que acorrenta Andrômeda à Perseus,
Ou até aquela que acorrenta meu futuro ao seu.
Sabe... O que há de ser perpétuo, contínuo,
Isso já não me traz nenhum fascínio.
Prefiro o que venha a ser perpétuo,
Mas que não o seja,
Manter a emoção não prolongada por perto,
Realizar aquilo que minha alma almeja.
Ter todo o encanto de uma história de amor,
Mas sem que o final apagado possa me trazer alguma dor,
Quero uma história dessas com alguma dama,
E poder repeti-la como repetem as mães todas as noites para as crianças na cama.
Quero viver a momentaneidade do contínuo,
E a continuidade do momento,
Quero as histórias de amor fragmentadas pelo tempo,
Mas entrelaçadas pelo desejo e pelo acontecimento.
Quero apenas ser alguém diferente,
Não alguém diferente,
Mas alguém que venha a agir diferente,
Descompreendendo tudo o que lutei pra entender.
Alguém que não seja eu, mas possa vir a ser,
Mesmo que aja como se não fosse eu,
Mas que mesmo assim saiba cuidar do que é ou venha a ser meu.

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