segunda-feira, 30 de novembro de 2015

A JANELA DO AVIÃO

   Uma das melhores sensações que costumo experimentar é viajar. Não só pela permanência em outro local, em conhecer outras culturas, padrões de sociedade ou beleza, ver a diversidade da humanidade ou qualquer coisa do gênero, mas principalmente pelo trajeto de avião; pela sensação de olhar pela janela e ver o quão grande o mundo é e saber que aquilo que você vê ainda assim não representa nem uma pequena fração do que ele é de verdade. A sensação de se ver livre de todo seu egocentrismo e arrogância como pessoa ou como espécie é impagável, é simplesmente mágico perceber o quão pequeno e insignificante você é dentro deste tão belo e vasto mundo. É como tirar um peso das costas. É sentir que você não é nada para o mundo e que este não lhe deve nada, assim como você não deve nada para o mundo. O mundo não espera nada de você, você não precisa atender nenhuma expectativa, você não é O ser humano, topo da cadeia alimentar ou da evolução, você é UM MERO ser humano, um ponto na vastidão do mundo. É perceber que a sociedade e todos os seus padrões não valem nada, todas as expectativas das pessoas não valem nada pois elas também são insignificantes. É perceber que você está livre de todas as pressões da sociedade, das expectativas das pessoas. A percepção da insignificância é a percepção da liberdade. 

terça-feira, 24 de novembro de 2015

POEMINHA ENJOADINHO

Bela menina do sorriso leve,
Bebe comigo mais essa cerveja
E não veja meus olhos apaixonados
De ciúmes por tolos desamparados
Pousarem leve em nossa mesa.

Me cita um poema,
Recita um autor,
Me excita,
Retira o pudor que reflita
A dor que me aflita.

Oh doce menina
Dos cabelos negros,
Oh bela Inglaterra.
Será a minha sina ver-me enfermo
Por ter-lhe em tão longínqua terra?

Me cita uma poesia
Recita uma canção
Me recria,
Me recita companhia
Para este pobre coração.

Me puxa pra cama,
Me ama num gemido
Alto e agudo
E me beija com tudo
Que tua chama tiver para oferecer.

Me cita uma memória,
Recita uma história.
Me escreve,
Me rima em versos métricos,
Me faz ser poesia.

Oh, mas que tragédia,
O barco zarpou,
Partiu de volta para a Inglaterra,
Levando minha menina para a guerra.
A guerra dos homens,
De facas, espadas, revólveres e penas,
Deixando-me fome da minha pequena
Que agora me recita silêncio, apenas.

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

SOBRE DESTINO E MATEMÁTICA

   Se eu acredito em destino? Veja bem... Não, eu não acredito. Não existe "a mulher da sua vida", "a única", ou como diria Ted Mosby, "the one". Você também não está destinado ao seu emprego dos sonhos, a fazer grandes coisas ou qualquer coisa do gênero. Nossa vida não está escrita, nós vamos escrevendo-a. Não da forma como queremos escrever, claro. Algumas coisas são escritas contra a nossa vontade, mas isso apenas prova que não somos Deuses, nós somos humanos.

   Mas apesar de não acreditar em destino, eu acredito que o universo nos dê chances e oportunidades e que cabe à nós aproveitá-las. Alguém poderia dizer, "mas eu conheci o pai dos meus filhos numa livraria, num dia qualquer que, por sorte, eu tinha algum tempo extra no intervalo do trabalho. Fui à livraria comprar um livro e lá estava ele com o mesmo livro que eu queria nas mãos, lendo-o. Fui perguntar o que ele achava do livro e agora estamos casados há vinte anos". Novamente... O universo deu uma chance e você a aproveitou, quantas coincidências do gênero não acontecem na vida e que acabam passando batidas? Imagina se você não pergunta à ele sobre o livro? Sua vida teria continuado normalmente até alguma outra chance do universo ser aproveitada, assim como o cara bonitinho no ônibus outro dia que poderia ter sido o destino, assim como a sua melhor amiga que você nunca teve coragem de revelar seus sentimentos, assim como o cara comprando um vinil do seu álbum favorito da sua banda favorita no próximo ano. E então você estaria novamente defendendo o destino dizendo que "mas se eu tivesse entrado naquela loja de música dez minutos depois eu não teria conhecido meu marido, é o destino". 

   A estatística é o verdadeiro destino aqui. Oferecendo-o diversas chances cuja incumbência de aproveitá-las cabe somente à você. Então fica aqui minha lição, faça seu destino. Não espere que o universo bata à sua porta e lhe empurre uma vida feita porta adentro. Ele pode bater à sua porta, mas cabe à você convidá-lo para entrar.