quinta-feira, 31 de maio de 2012

A GAROTA SEM FACE

Estou no ônibus à caminho de casa,
Fico tão concentrado à olhar pela janela e pensar sobre a vida,
Que acabo nem notando a garota que se senta ao meu lado.
Ela joga seus cabelos para o lado e eles caem no meu braço,
Depois ela se ajeita na cadeira de forma que seu braço fique encostado no meu.
Eu normalmente ajo por reflexo e retiro meu braço,
Mas dessa vez eu o deixei, nem eu sei o porquê.
Começo a pensar se ela me viu assim que entrou,
Se já pensou em vir sentar logo do meu lado,
Se me viu enquanto procurava onde se sentar,
E mil "ses" e histórias se desenrolam na minha cabeça.
Eu tava gostando até mesmo daquele mísero contato,
Do braço dela encostado no meu,
E os cabelos dela sobre minha mão.
Eu escutando Avenged Sevenfold com meu Ipod e meus fones de ouvido,
E a tela do celular dela me dizendo que ela ouvia Blink 182.
"Droga, não deu nem pra ver o rosto dela direito".
Eu tento dar uma olhada discreta pro lado,
Mas não enxergo a face além daqueles cabelos enrolados que a cobriam.
Pouco tempo depois ela se levanta,
Puxa a corda, e vai em direção à porta do ônibus.
"Droga, ainda não deu pra ver o rosto dela direito".
O ônibus para, ela salta,
E eu fico a observar pela janela se ela chegará a passar,
Meu ônibus parte, e eu não a vejo,
"Ela deve ter ido pra outra direção...
É uma pena, não pude ao menos ver seu rosto direito..."
E assim aqueles breves minutos foram embora,
Junto com a interrogação que ficou na face dela.
"Ah, será que um dia ainda irei vê-la?"

quarta-feira, 30 de maio de 2012

O QUE QUEIMA E O QUE ILUMINA

Às vezes eu fico aqui a olhar o Sol,
Fico a admirá-lo por tanto queimar,
Nunca vi chama tão bela, tão dourada,
Tudo que ele toca, queima, e embeleza-se.
Ele queima o céu todo o dia,
Deixando cada vez mais belo,
Laranja, vermelho, rosa,
Seu fogo é cor, é luz, é beleza.
É aí que eu vejo que aquilo que queima,
Aquilo que deveria doer, às vezes embeleza.
Às vezes nos faz reagir de formas não esperadas.
E sabe, aquilo que realmente deveria me queimar,
Jamais me queimou como queima a ausência,
Que não deveria queimar.
Olho pra essa minha mão queimada,
Lembro de todas minhas queimaduras passadas,
Acho que nada jamais será igual àquela queimadura que tenho aqui dentro,
Aquela já negra, cheia de bolhas.
Olho novamente pra minha mão,
"É, foi o preço por tocar em quem não deveria ser tocada..."
Boto a minha mão queimada sobre meu peito,
Aquele que abriga o coração em brasas, em cinzas.
Sabe... talvez meu coração seja o Sol,
Já queimado, ele queima alguns mas ilumina e embeleza a outros,
Ou quem sabe meu coração seja o céu,
E a dor seja o Sol,
Pois aquilo que deveria me queimar,
Tornou meu coração em carvão,
Mas por fora...
Por fora há beleza, há luz,
Por fora, aquilo que deveria queimar, embelezou.
Meu coração queimado não queima,
Só me traz novas cores,
Para poder distribuir novas cores.

segunda-feira, 21 de maio de 2012

UMA CANÇÃO PARA A DONA DAS CHARADAS DO MEU CORAÇÃO

Ouça bem, escute o que eu digo,
Pode machucar, tape os ouvidos,
Essa é uma canção,
Para a dona das charadas do meu coração.

Deixando migalhas pelo caminho,
Me fazendo segui-las sozinho,
Até onde a estrada se bifurque,
É apenas outro truque.

Você gosta de me machucar,
Depois volta para me curar,
Mas quando a mão que cura,
É a mesma que machuca,
Melhor usá-la para se bater,
Do que apontar o dedo pra quem gosta mesmo de você.

Como sempre, eu não te entendo,
Mas diferente do sempre,
Eu não vou mais tentar entender.

Você me joga morro abaixo,
Gosta de me deixar cabisbaixo,
Depois desce o morro todo,
Só pra me dar um beijo e me chamar de bobo.

Chega com esse jeito delicado,
E vem sentar logo do meu lado,
Só pra vir falar besteira,
Beija minha bochecha e depois me empurra da cadeira.

Me faz perguntas sem respostas,
Sem direito à tapinhas nas costas,
E fica toda irritada,
Quando eu não respondo nada,
E nem escuta o que eu tenho à dizer,
Acontece que eu gosto mesmo de você.

Como sempre, eu não te entendo,
Mas diferente do sempre,
Eu não vou mais tentar entender.





segunda-feira, 7 de maio de 2012

A VIDA SÓ LEVA O QUE DEIXAMOS PARTIR

Tu sentas sozinha em teu quarto,
Olhando para aquele teu velho retrato,
Em preto e branco de amor.
Aí te lembras da tarde ensolarada,
Vocês dois juntos na enseada,
Tirando aquela foto colorida de amor.
Então tu esperas por um breve ato,
Que venha a lhe causar algum enfarto,
Por lembrar o que te traz tanta dor.

Mas se esquece,
Que de nada adianta tua prece,
Se essa agonia foste tu quem causou.
E se lamenta,
Pois foi tua secreta crença,
Que nessa agonia lhe botou.
E sabes bem,
Que por ele irias além,
Pois bem, o tempo já passou.

Você chora,
Por saber que ainda demora,
Para o tempo trazer a cura.
Então deseja voltar atrás,
Por lembrar da felicidade que ele traz,
Daquele passado que ainda perdura.
E relembra daquele beijo antigo,
Sente o coração ferido,
Em que antes havia tanta fartura.

Mas já é tarde,
E essa tua ferida que agora arde,
É porque a vida já o levou.
E tu culpas tal vida por te ferir,
Mas te esqueces que a vida só leva quem deixamos partir.