quarta-feira, 27 de julho de 2011

ESTOU QUEBRADO

Estou quebrado,
Em cada pedaço de mim,
Estou dilacerado,
Desejando que não seja o fim.
Estou quebrado,
Por cada tapa e beijo seu,
Estou quebrado,
Por cada tiro meu.
Sinto muito medo,
Estou frágil, fraco,
Quebrado como um brinquedo,
Como uma criança na caverna escura,
Perdida e insegura.
Está tudo fosco, estou mudo,
Tenho a faca ensangüentada,
Sou louco, sou tudo, sou nada.
Não sei o que sou mas sei o que era,
Não sei pra onde vou e nem o que me espera.
Peço ajuda, choro, grito,
Mas ninguém me acuda, estou ferido.
Estou quebrado, estilhaçado,
Catando cacos de um sentimento,
De um coração que jamais esteve aqui dentro.
Pois esteve sempre com você,
E você o pôs a se perder.
Agora permaneço aqui estagnado,
Com medo, confuso,
Não sei mais se estou quebrado,
Ou se apenas falta um parafuso.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

SÍNDROME DE PETER-PAN

Ainda não consigo aceitar essa minha mudança de forma, esse novo “estado adulto”, sei que preciso dele, mas tenho medo, muito medo. Sei que preciso dele agora, mas também sei que é só agora. Preciso ser adulto, mas não quero, tenho medo de me perder, de não voltar a ser eu mesmo. E depois que eu não precisar mais ser adulto? Poderei voltar a ser jovem? Poderei voltar a ser eu mesmo? E se eu não conseguir? E se eu ficar preso nesta nova forma e não lembrar como eu era(como sou agora)? E se eu acabar como um jovem adulto, acho que assim ao menos terei metade de mim.

Mas o que seria o adulto? O responsável e maduro ser humano? Pra mim é um ser humano machucado e ferido, vítima de anos e anos como testemunha do mundo podre em que vivemos. O adulto é ruim, falso, frio, ele é o fruto da corrupção da inocência infantil através do tempo. Eu não quero me perder num mundo adulto, num mundo de relógios e rotinas, eu tenho medo, tenho medo de não ser eu.

As vezes não sei se o adulto é ruim por ser adulto ou por ser humano, acho que de ambos é a culpa. Eu posso então ser adulto, mas sem ser humano, talvez assim eu não me perca, ao menos que por completo, sei que se for pra ser os dois eu vou me perder, vou virar apenas mais um, sem pensamento próprio, ou apenas com o pensamento próprio. Serei adulto sem ser humano, ao menos que temporariamente, eu serei adulto. Depois que não mais precisar eu voltarei a ser eu mesmo, ou talvez uma miscigenação, um jovem-adulto, e isso eu não posso prever, pois o futuro é incerto. Me entregar desse jeito ao mundo, é incerto.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

SEM PALAVRAS PARA DESCREVER

O que será que anda acontecendo comigo? Eu não era pra ser assim, eu não devia... Eu não sou assim! Me recuso a aceitar esses moldes que tentam mudar minha forma. Sou algo diferente disso, um anjo, um espírito livre... Ou era, ao menos...

Em que estou me tornando? Ou melhor... Em que eu me tornei!? Um escravo? Um operário? Apenas mais um a passar por uma catraca todo dia!? Não, não sou assim, odeio essas rotinas, odeio ordens, obrigações. Gosto da vida que muda, gosto de ter a liberdade para mudar, de ter dias diferentes todo dia, é assim que sou.

Sou aquele tipo de pessoa que não liga pra nada, mas ao mesmo tempo se importa demais com todos. Sou um tipo que pessoa que quer fazer todos felizes. Sou o cara que ouve música e finge tocar bateria sem ao menos ligar se tem alguém olhando ou o que estão pensando, finjo tocar violão e faço uns solos loucamente. Canto baixo toda música que escuto, não por timidez ou algo assim, mas apenas pelo simples fato de não querer incomodar. Eu danço, giro, sorrio, sou pessimista e depressivo, mas mesmo assim, sorrio. Sinto vontade de correr, gritar, pular, quebrar alguma coisa... Apenas... Sinto.

Sou algo mais ou menos assim, com uma fera dentro mim, algo que eu achava incontrolável e que agora acabou numa jaula. Mantenho meu pouco carisma, minha simpatia, minha sensibilidade... Mantenho todo meu carinho e amor, mas agora enjaulado, numa forma diferente.

Mas estou reaprendendo a ser eu, talvez como um bebê. Estou livre novamente, reaprenderei minhas primeiras palavras... “Foda-se!”... Meus primeiros passos tortos... Não por inexperiência ou algo assim, quem sabe talvez por embriaguez. Retomarei meu olhar curioso... Não de criança, mas de questionador.

Mas então vejo os campos atrás de mim, todas as montanhas, a vegetação e as árvores... Estão se distanciando. Tudo aquilo com o qual mais me identifico, de que mais gosto, que mais me faz bem... Está tudo ficando pra trás. E na minha frente eu vejo a cidade, me puxando com cordas e correntes, se aproximando cada vez mais... Já estava reaprendendo a ser eu, a andar e a falar como eu, e tudo agora se perderá novamente... Merda! Vão me pôr em outra jaula, me fazer passar por várias outras catracas, numa eterna rotina que aos poucos irá retirar o brilho dos meus olhos... Que aos poucos irá retirar o brilho da minha vida.

A TEMPESTADE

Acordei de repente com um barulho,
O telhado rangia como se houvesse um enorme peso sobre ele,
As janelas batiam a ponto de se quebrarem,
Toda a pequena casa em que eu morava parecia estar se sacudindo.
Eu estava apavorado,
Os ventos tentavam tirar minha casa do solo,
A neve bloqueava a porta,
As janelas haviam sido congeladas,
A eletricidade tinha acabado,
A casa foi cedendo a medida que a tempestade aumentava,
As janelas quebraram-se,
Cortes foram feitos,
As vigas e colunas rachavam-se aos poucos,
A casa ia desmoronando...
Lembro de ter apagado,
E algo gelado me envolvia.
Acordei quase que enterrado na neve,
A tempestade não deixara nem mesmo o chão da minha casa,
E pior... Ela havia levado também meu coração,
Parece que ele não resistiu a tamanha destruição,
Mas no lugar dele a neve havia me dado outro coração,
Um coração de gelo...
Eu, tolo, achei poder viver com ele,
Mas a cada batida que esse novo coração dava,
Ele forçava o próprio gelo,
Que rachava-se aos poucos,
E agora esta a ponto de quebrar,
E quando acontecer,
Seus estilhaços se espalharão pelo meu corpo,
Cortando tudo por dentro,
E enfim pondo um fim a minha vida.

domingo, 10 de julho de 2011

NINFA DA NEVE

Quando ela entra todos sentem-se congelar,
Ela possui os cabelos dourados,
Hipnotizantes conforme movem-se.
Seus olhos azuis são lindos e profundos,
Seu olhar é penetrante,
Frio como gelo.
Sua pele parece neve, suave e bela,
Parecia poder congelar qualquer um que a tocar.
Ela chegou espalhando sua áurea no local,
Fazendo-se dama.
Ela olhou pra mim
E eu senti algo frio na nuca,
Eu sentia o olhar dela,
Sentia seu poder.
Eu olhei pra ela
E ela olhou pro lado,
Fingiu não ter me visto e foi a caminhar pelo salão.
Seus passos eram finos,
Andava com delicadeza e graciosidade,
Quase como que flutuando,
Deixando seu vestido branco mover-se ao vento.
Parecia querer chamar minha atenção,
Parecia querer-me então.
Mas por que me ignorava, não sei,
Mas sei que vou derreter todo gelo que me der,
Pois sou o fogo,
Sou o calor que precisas, minha dama.
Caminhei até ela e fui sentindo seu frio,
E ela, o meu calor.
Eu tentava tocá-la,
Mas ela se esquivava,
Movendo-se com tamanha graça que parecia dançar.
E continuamos nessa dança,
Ela me evitando
Mas agora olhando-me nos olhos.
E eu sentia um gelo na espinha,
Sentia meu corpo congelando-se por dentro,
Seu olhar era penetrante, era puro gelo.
Fui tocando-a aos poucos,
E a dança acabou tornando-se um tango.
Até que no último passo,
Enquanto nossas pernas encontravam-se entrelaçadas,
Eu a agarrei pela cintura e enfim a beijei,
A beijei com todo o calor que guardei no olhar,
Com todo o fogo que havia no corpo.
E de repente não havia mais gelo algum,
Eu havia derretido toda neve que ela pôs no lugar,
Derreti até mesmo seu olhar.
E assim minha bela ninfa da neve,
Pode encontrar o calor que precisava,
O calor de um coração.

sábado, 9 de julho de 2011

JOGO DO AMOR

Odeio quando fazemos isto, transformamos sentimentos em jogos, em competições. A relação vira um eterno cabo de guerra onde não há vencedores. Você finge ser alguém que não é, ou faz algo que não sente querer fazer, apenas para esperar reações do próximo, esperando conquistá-lo sendo e fazendo coisas que não são realmente suas. Em vez de sentir, nós pensamos, calculamos cada milímetro do nosso passo para dar espaço pra que o outro dê um também.

Sem nem perceber acabei num desses jogos, desafiei uma campeã sem nem saber. Eu que só sentia, entrei para um jogo onde eu nem sabia as regras, e só havia uma: não há regras. Eu jogava com um simples dado de seis lados, enquanto você vinha com dois dados de vinte lados. Eu pedi pra você pegar leve, eu deveria ser café-com-leite e você deveria ser já uma expert, mas você nem me ouviu, sempre me jogava no “volte para o início”. Seus dados eram magnéticos, você controlava cada passo meu, cada passo seu.

Você deu as cartas, mas pôs um joker na minha mão e deixou um ás na sua manga, você embaralhou tanto o baralho que embaralhou meu cérebro, embaralhou ele em você. Você era o papel quando eu era a pedra, a pedra quando eu era a tesoura, a tesoura quando eu era o papel. No resta um você sempre deixava só um, deixava só você, enquanto eu fazia restarem dois, restavam só nós dois.

Eu cansei enfim desse cabo-de-guerra, queria voltar à não-competição, queria voltar à relação. Mas a corda parecia não querer soltar minha mão, você pensa em tudo não? Usei então os dentes, roí a corda pouco a pouco até ela se partir, jogando os dois competidores para trás, onde não havia chão. Caímos ambos num abismo sem fim.

E tudo o que pude ouvir de você enquanto caía foi "vamos jogar um jogo? Vamos ver quem cai primeiro ou quem escala mais rápido?”

AS MONTANHAS

Eram várias, formavam um visual realmente esplêndido, no topo havia neve, enquanto na base era apenas terra, suas árvores estavam quase todas mortas, as vezes notava-se os uivos dos lobos em algum lugar distante.

Um velho senhor subia à caminhada a montanha mais alta, sua aparência parecia cansada pelo desgastar do tempo, tinhas seus cabelos balançados pela brisa gelada. Seu rigor físico era ótimo, como se ainda fosse jovem, como se ainda estivesse um ano atrás do tempo. Ele carregava sua bengala enquanto subia ao topo, às vezes tropeçava ou escorregava, mas mantinha-se sempre firme.

Ao chegar ao topo ele pode enfim descansar, ficar em paz. Sua respiração era ofegante, seus braços e pernas doíam dos anos de trabalho, sua mente estava confusa e ele precisava limpá-la e seu coração... Bem, vamos dizer que pelo menos o mantinha vivo. Ele sentou em seu trono, que era apenas o tronco de uma árvore que havia caído, e fez-se rei, rei de seu próprio mundo, quem poderia julgá-lo ali? O silêncio era dele, o vento estava a seu favor, e os lobos pareciam ter se calado apenas para escutar o que ele iria declarar.

Ele permaneceu lá por sete dias e sete noites, tentando desfazer os nós embolados de sua mente, tentando encontra uma resposta, uma decisão. Tentava também entender como seu coração batia, tentava entender tudo que passava por ele. Ao fim desse período ele sentia-se ótimo, renovado, mas ele parecia não ter nada a declarar, os lobos já haviam feito um semi-círculo ao seu redor, e os pássaros estavam em silêncio em suas árvores, todos aguardando uma declaração. O rei parecia desapontado, pois em nada havia decidido, mas então algo lhe veio a mente e ele declarou “Decido não fazer nada, deixar tudo como está, e deixar as coisas irem acontecendo, pois afinal, quem disse que não escolher nada também não é uma escolha?”

E com essas palavras os lobos o saudaram com um uivo e os pássaros com um belo canto, e com essa saudação final, o rei pode enfim deixar de ser rei e descer a montanha, pois agora ele voltara a ser anjo.

sábado, 2 de julho de 2011

É TUDO UMA QUESTÃO DE ÓPTICA

Está tudo escuro,
Como será que vim parar aqui?
Estão tão exausto,
Meus olhos estão tão cansados,
Cansados de me ver sofrer,
Cansados de chorar.
Estão tão vermelhos,
Cansado de tanto fazer força
Para que não seja derramada uma lágrima
Meio a essa embriaguez melancólica.
Como vim parar aqui?
Estava tudo sob meu controle
E de repente tudo se perdeu,
Como minhas escolhas deram nisso?
Estou cansado de tudo isso,
Estou quase desistindo e jogando tudo pra cima.
O espelho continuava falando comigo,
Mas eu não podia mais acreditar nele.
Eram mentiras o tempo inteiro,
Ele dizia para eu não apagar o que nele havia escrito,
Mas fazia de tudo para que eu apagasse,
Ou será que era o contrário?
Levantei da cama,
Apaguei as mentiras que meu espelho dizia,
Peguei minha mala,
E enfim saí,
Talvez para nunca mais voltar.

A FLOR DOS MEUS OLHOS

Já posso ver o Sol nascer querida,
Foram longas e contínua noites não?
Mas enfim estou livre,
Você está livre.
E quanto à flor dos meus olhos?
Não se preocupe querida,
Ela não é uma margarida nem uma rosa,
Branca, vermelha ou negra,
Ela continua sendo você,
E prometo que para sempre será,
Eu prometo-meto-eto-to-o,
Até o nosso casamento em 1º de abril de 2019,
Deve ser apenas mais outra brincadeira pesada pra você,
Ou talvez a mais pura das verdades.
Acontece que a flor dos meus olhos está murchando,
Está morrendo,
Era muito veneno para uma flor só,
Para dois olhos apenas,
Que nem podiam te enxergar a todo instante...
Era muito veneno, muito ciúmes,
Muita desconfiança, muita dor...
Ou talvez estejam apenas borrados,
Culpa dos meus “olhos de ressaca”,
Mas tais olhos são seus querida,
“Olhos de cigana oblíqua e dissimulada”.
Eu com minhas flores no olhar,
Você com sua dissimulação,
Mas afinal, és uma cigana,
E eu, um nobre ator de Roma.
Vamos então fazer um brinde?
Desculpe, não percebi que já tinha preparado os copos,
Enfim, à nossa atuação!
Agora entrego a ti a flor dos meus olhos,
Quebrada como você quando veio a mim,
Então por favor cuide dela,
Como jamais cuidou de mim.