sábado, 29 de outubro de 2011

TAXONOMIA DOS SERES HUMANOS

   Costumo ter um hábito de classificar seres humanos de acordo com suas personalidades, afeto ou empatia. Não, não são rótulos, e nem saio classificando-os por todas as esquinas ou classificando qualquer um que conheço. Só atribuo classificações àqueles quem conheço a tempo, ou àqueles mais próximos. Às vezes classifico aqueles que só ouço falar, mas convenhamos que alguns deles possuem rótulos bem expostos na testa. Enfim, classifico-os em bestas, diabos, humanos e anjos.

     É meio difícil de explicar os métodos ou um padrão característico de cada um, mas tentarei... Bestas são aquelas pessoas que eu considero sem salvação, as que perderam qualquer tipo de sentimento, são principalmente frias e egoísta, não possuem ética ou compaixão, fazem de tudo para conseguir o que querem, e mesmo que tenham amigos são capazes de abandoná-los facilmente se lhes servir.

    Já os diabos, ao contrário do que o nome deixa transparecer, não são piores que bestas, são os mais difíceis de classificar, são egoístas mas geralmente sem ser frios, são pessoas que ao invés de passar por cima dos outros, como as bestas, eles as usam, sem precisar de muito esforço, geralmente são pessoas belas ou ricas, com atributos com quais possam manipular os outros, são como jogadores, mas algumas vezes não chegam a ser pessoas realmente ruins, as vezes não fazem nem por mal.

    Os humanos, são aqueles que normalmente não são nenhum dos outros, a maioria, não são bons nem ruins, não, não são um intermédio. Humanos podem ser tanto pessoas boas quanto pessoas ruins, não há muito para se falar sobre eles.

    Os anjos são as raras pessoas boas, tão boas quanto os humanos bons, são aqueles que se importam demais, não consigo, mas com os outros, não necessariamente mais que si mesmo, mas algumas ainda o fazem. Ser anjo é um fardo pesado que poucas pessoas conseguem carregar, é geralmente doloroso, porque por se importarem demais, sofrem demais. Mas geralmente não conseguem ver também que são mais felizes, choram mais, mas quando é pra sorrir eles sorriem mais. Anjos são aqueles que te ajudam, que tentam te fazer feliz, tentam ajudar até quem eles não conhecem. Todos os papéis importantes são difíceis, e muitos desistem deles, muitos anjos tornam-se outras coisas, geralmente humanos, às vezes bestas. Mas imagine se um rei desistisse de ser rei, se um pai desistisse de ser pai, e se um Deus desistisse de ser Deus?

     Então aqui vai um recado para os anjos e para aqueles que um dia os foram: não desistam, pois pode até ser mais difícil, mas vocês são quem atrai mais amigos verdadeiros, vocês são únicos, na verdade, são Os únicos, os únicos que possuem uma energia a mais que ninguém possui. Vocês quem podem tocar as outras pessoas e mostrar que ainda há amor no mundo. Anjos não apenas voam, como também fazem voar.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

O REI DE UM MUNDO SÓ

Com um chapéu e seus fones de ouvido
Um garoto dançava pelas ruas vazias,
Às vezes movimentadas,
Durante a tarde ou a noite.
Ele não ligava para os olhares,
Nem se achariam que ele é louco,
Pois ele era apenas feliz.
Na verdade nem dança era,
Eram movimentos aleatórios, giratórios,
Com os braços e as pernas,
Movimentava-se ao ritmo da música.
Dentro da sua cabeça aquele era seu mundo,
Alheio a qualquer som exterior ele pensava ser alheio ao exterior.
Com seus fones de ouvido aquele se tornava um mundo paralelo,
Um mundo só dele, dentro daquela mente, daquele momento,
Ele era rei, ele era o rei de um mundo só.
E quem poderia julgá-lo?
Apenas todos os que o viam passar, dançar, sempre sorrindo.
Mas todos seriam externos, não pertenciam ao mundo dele,
Então por quê deveria se importar?
Quem poderia dizer que aquele garoto já foi incrivelmente triste?
Quem poderia dizer que ele já tentou se matar?
Quem poderia dizer que ainda chora a perda dela quase todo dia?
Ninguém poderia dizer, pois o sorriso dele era perfeito.
Não, não era falso, era verdadeiro,
Apesar de toda dor e lágrimas, ele sempre sorriu.
Ele é sempre feliz apesar de tudo,
Agarra-se a vida e a aprecia em todos os pequenos e efêmeros momentos.
Alheio a tudo, alheio a todos,
Era sempre só, dançando sem par nem coroa,
Sem rainha, sem súditos ou vassalos,
Era o rei do seu mundo,
O rei de um mundo só.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

UMA NOITE DE LUZES

Era uma noite bela e sem estrelas.
Eu andava só, pelas ruas movimentadas,
Olhar baixo e curtas passadas,
Entre carros incensáveis e pernas incansáveis.
Acabei por me deparar com uma festa,
Atraído pelo som sem nem perceber,
Como mariposa atraída pela luz, prestes a morrer.
Entrei e acabei por ficar,
Só, sentado no banco do bar.
Passos delirantes, corpos vibrantes,
Luzes coloridas, músicas bem pedidas,
E ela, quieta a dançar,
Não pude evitar não olhar.
Percebi então que as luzes eram ela,
Os holofotes eram pra ela,
A cor do local era a cor dela,
Arco-íris variável,
Jeito afável.
Fui até ela sem nem perceber,
Vi tantas cores em seu olhar,
Era como a aurora boreal,
E era como se me pedissem pra ficar.
Emanava dela tanta cor,
Do olhar, do espírito, da alma,
Mais frágil do que flor,
Uma cor e vibração que faziam-me emocionar,
Era impossível me controlar.
Seu cabelo loiro,
Do mais fino ouro,
Seu sorriso ao me ver,
O mais brilhante dos diamantes,
Fazendo-me ser, ser inconstante.
Era uma raridade, uma jóia,
Nobre beldade que me causava paranóia.
Puxei-a e a fiz minha,
Nobre rainha,
Rainha das cores,
Dona de meus amores.
Amei-a, amei-a durante a noite que seguia,
Até nos deitarmos, aguardando o raiar do dia.
Mas quando acordei percebi que ela havia sumido,
Fiquei desiludido.
Acabei por concluir que ela não era uma jóia ou rainha,
Nem cores, holofotes, arco-íris ou aurora boreal,
Nem ao menos fora minha
E nem será de qualquer ser real.
Pois concluí que ela era uma estrela,
A mais bela dentre todas elas.
E como toda estrela,
Brilha e ilumina durante a noite,
Depois torna-se açoite,
Desaparecendo quando o Sol começa a brilhar,
Deixando-o a lastimar.
Sim, ela era uma estrela,
A única estrela daquela bela noite sem estrelas.

sábado, 15 de outubro de 2011

O GAROTO SEM FAMÍLIA

Veio ao mundo sabe-se lá de que ventre,
Nascido de uma maneira que ninguém compreende.
Talvez de um óvulo qualquer,
Fecundado por um espermatozóide X contendo um cromossomo Y.
Vindo de um pai anônimo e uma qualquer mulher.
Cresceu sozinho em um apartamento,
Criado e repreendido por sombras,
Acumulando descontentamentos
Que por medo, não afronta.
Não sabia se era o caçula ou o herdeiro-varão,
Se tinha dois, três, quatro ou nenhum irmão.
Sabia-se que corria sangue em artérias pulsantes
E que carregava consigo um triste semblante.
Algum tio, primo ou avó?
Deles não havia nem pó,
Sempre sem ninguém,
Nem uma hemácia que se assemelhe a de alguém.
Não teve primos com quem contar,
Ou ao menos algum tipo de grupo familiar,
Teve apenas sombras de ordem e restrição,
E tristezas de uma triste solidão.
Era só, sem nenhuma família,
Por isso julgou impossível a alegria,
Mas então cresceu e mandou as sombras embora,
Tratando de ser feliz sem mais demora.
Não teve sangue com quem compartilhar,
Mas teve idéias a comparar,
Amigos para confiar,
E corações a conquistar.
Criou seu irmãos e irmãs a partir de história
E levou-os consigo, claro na memória.
Fez do papel e caneta, mãe e pai,
E com eles, ele vai.
Vai ser feliz como todo homem nasceu para ser,
Junto de uma família que construiu pelo viver.
Feliz, como todos somos destinados desde feto,
Independentemente de DNA, genes ou qualquer alelo,
Como todos deveríamos ver,
Como cada um deveria ser.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

LOVING YOU TILL THE END OF THE WORLD

I’m missing you today.
I don’t have faith, but I’ll pray,
Pray for some angel to bring you to me,
So you will see,
See that I’m here waiting for you,
So please be true
And tell me that you love me too.
Oh, darling, I can’t stand here waiting,
I’ll start searching, running, making,
Bringing you for me with my own hands,
Even if you are in some foreign land.
Somewhere, somehow,
I’ll follow you downtown,
To the end of the world if I could.
No, I couldn’t, I must,
But baby, you have to trust
And have faith in the love that is in me,
And God knows that it is the way it meant to be.
So let the Destiny control our life,
Cause I know he will make you be my wife,
And I know we will be together,
Together until forever.

sábado, 8 de outubro de 2011

JANELAS DE MINH'ALMA

    Lenta infinidade de um instante, faz-se perdurar por dias, dos mais tristes aos mais felizes. Quantas horas duraram os minutos daquele tão belo instante? Foi belo, foi bom. Querida, momento assim jamais haverá igual.

   Gosto quando pairamos os rostos um sobre o outro, e o deixamos lá, intactos, movimentando apenas nossos olhos. E eu a observo, vejo-a analisar minha face por inteiro, acompanho seu olhar com o meu e analiso seu analisar. Me vejo através do espelho que muitos pensam ser janela. Me divirto quando seu olhar paira em meus lábios, como presa pronta para atacar, como se quisesse possuí-los, devorá-los, como se fossem a entrada para minha alma, a entrada para a sua alma adentrar a minha.

   Mas ao contrário do que pensa, minha boca aberta não é convite de entrada, não é uma porta sempre aberta a você para que possa sair e entrar como bem quiser, como uma simples visitante. Querida, eu disse que se quisesse entrar teria que ser pra sempre, se saísse eu não a deixaria voltar. Querida, saiba que nem ao menos porta meus lábios são, são o que pensam ser os olhos, janelas de minh'alma, não que meus olhos também não o sejam, mas para você serão os lábios e só os lábios. Meus lábios abertos são para que veja o que jogou fora, o que desprezou e distratou. São para que veja minha tristeza e solidão. Nada a mais ou a menos, apenas isso, janelas de minh'alma.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

RABISCOS

Eu não a amo...................Eu não a amo.....................................Eu não a amo,

.........Eu não a amo................Eu não a amo..........Eu não a amo.............Eu não a amo,

...Eu não a amo.........Eu não a amo........Eu não a amo...................Eu não a amo,

...................Eu não a amo.................Eu não a amo.....Eu não a amo......Eu não a amo,


Maldição! Eu ainda a amo...

UMA CARTA PARA A QUE SE FOI

     Querida irmã,

    Hoje estou novamente precisando de ti, mas onde estás? Onde te escondestes? Os dias já não são os mesmo desde que partistes. Eu também já não tenho sido o mesmo, venho sendo frio, triste e solitário... Principalmente isto, solitário... Por que tivestes que ir? Preciso tanto de ti, sinto falta dos dias em que me apoiava, me acalmava, até dos que se silenciava. Oh, querida irmã, como sinto falta dos dias em que eu podia chorar em teus ombros! Agora choro apenas aos cantos e aos travesseiros, sempre só, sempre só... Preciso de você agora de novo, meu anjo, como tantas vezes antes, e, de novo, como tantas vezes antes, tu me abandonas. Eu posso esperar, minha irmã, posso esperar uns dois ou três dias, não precisa ser agora, mas não mostras menor ar de vida, não dizes se posso vê-la e nem se irá me ver, apenas te cala e finge não haver necessidade minha em ti. Ignora-me, esconde-te, tuas palavras tem estado frias. Estou tão só, minha irmã, onde estás agora? Eu já lhe disse que ela morreu? Seu velório ocorrerá dentro de uma ou duas semanas. Nem imaginas minha depressão, não consigo nem conter as lágrimas ao escrever-lhe isto, choro por todos os cômodos, cantos e horas. Não tenho nem vontade de comer, não faz nem duas semanas desde que ela se foi e já perdi cerca de quinze quilos, não consigo comer, irmã, não consigo mais viver. Estou anêmico, anoréxico, por favor venha ver-me, minha irmã. Deixe-me chorar em teus ombros novamente, convença-me de que suicídio é errado, pois não consigo mais viver, não quero, não sem ela. Meu mundo sem ela é triste, é em preto e branco com traços escarlates de automutilação. Querida irmã, preciso de ti, dê-me notícias tuas, apareça e me ajude, por favor. Preciso tanto de ti agora, mas onde estás, minha querida irmã? Para onde fostes que levastes teu ombro embora? Para onde fostes que levastes meu sorriso embora?

terça-feira, 4 de outubro de 2011

MENTIRAS EPITÁFICAS

Há de ser belo o momento da morte, é de uma beleza decrépita e mórbida que poucos são capazes de ver. O momento da morte é o momento do perdão, os ali presentes são amigos esquecidos, amores antigos, velhos inimigos... Mas naquele momento, hão de tudo esquecer, e apenas respeitar o silêncio do defunto.

É na morte que recebemos o valor que tivemos em vida, pois é na falta que se vê a necessidade. Podes achar que falo apenas em sentimentalismos, mas falo também em ciência, quantos não foram os cientistas cuja fama deu-se na pós-vida? Falo da distância mínima do perceber no olhar, na qual é tão invisível aquele que está tão próximo de nós... Falo também

Na morte há o esquecimento dos erros, há às vezes, também, a invenção de valores. Quantos não foram os epitáfios exagerados ou mentirosos espalhados em nome de entes queridos e não-queridos? Ao caminhar por um cemitério vejo quase sempre os mesmos mortos, mesmo epitáfio, mesmas mentiras sobre qualidades sem defeitos dos que se foram, a mesma ilusão de perfeição... Mudam-se apenas os ricos e pobres, túmulos maiores, bem decorados, escritos e pintados, já outros, normais, sem beleza, iguais...

Desculpem-me, mas hei de acabar com a igualdade pós-vida e com as mentiras epitáficas, pois deturpam a beleza da morte e distorcem o silêncio dos mortos.
Acabam com a singularidade de cada ser e com cada um de seus defeitos, que vos digo, são tantos! Devem viver a morte com a mesma singularidade e pecados que se viveram a vida, sem invenções de perfeição, apenas com o perdão dos que ficam, ficam chorando, chorando a beleza do morrer.

Nos mortos há apenas duas simples igualdades, hão de viver sós e morrer sós, como hão de viver a vida como se vive a morte, rapidamente, porém, dolorosamente.

domingo, 2 de outubro de 2011

O NÃO-EU NO ESPELHO

Um dedo a mais, um dedo a menos,
Uma cicatriz a mais e outra a menos,
Uma fração de lágrimas a mais,
Uma porcentagem do coração a menos.
Sem cores e nem infância,
Levanto da minha cama em preto e branco,
Onde todo o resto é em preto e branco com seus tons de cinza.
Quem diria que eu acabaria assim...
Olhando reflexos no espelho
Onde nenhum deles me pertence.
Me diz se sou eu neste espelho...
Não, não pode ser,
Sou realmente eu quem eu estou vendo refletido?
Mas onde estão minhas mãos que acariciam, que afagam?
Onde estão meus sorrisos sinceros e minhas preocupações?
Onde está aquele velho espelho de sentimentos que eu era?
Agora ele já não reflete mais nada.
E a única coisa que vejo neste reflexo são os olhos,
Os olhos ainda são os mesmo que os meus,
Cheios de lágrimas, de esperanças,
De sonhos impossíveis.
Mas agora são janelas de uma alma diferente,
Uma alma que não era pra ser minha...
Não, ela não é minha!
Este reflexo no espelho...
Não, ele não sou eu!
Eu não sou eu!
Alguém, por favor, me diz que não sou eu,
Me diz que eu ainda tenho chance,
Me salva, me devolve a mim mesmo,
Pois sou agora o reflexo do espelho,
E o reflexo do espelho,
Ele agora sou eu.