segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

DIGA ADEUS AO MEU CORAÇÃO

Você teve sua chance,
Você quem quis assim,
Mesmo que não tenha passado de lances,
Você não sabe a dor que trouxe para mim.

Você dizia que me amava,
Então me envenenava com beijos,
Depois você se afastava,
Me restando apenas desejos.

O veneno chegava ao meu coração,
A dor era agonizante e me sufocava,
Lembrando tudo o que fiz em vão,
E meu olhar por ti sangrava.

E agora todas as lágrimas que derramei,
Só me lembram o quanto me importei,
Sua insegurança e indecisão,
Minha tola esperança e ilusão.

Você não sabe a dor que é para mim,
Falar com você e te olhar,
Tão linda desse seu jeito assim,
E não poder te beijar.

Agora é tarde pra você,
Você sabe que fez por merecer,
Nosso último dia foi legal,
Mas agora tenho que ir,
Diga-me logo tchau,
E não me impeça de partir.

Já está ficando tarde,
Diga boa noite ao meu coração,
E não se importe com a mancha escarlate,
Que agora suja o meu chão.

Por favor pare de me ligar,
Mensagens? Nem tente mandar,
Não quero mais te ver,
Não quero mais te olhar,
Não quero mais sofrer,
Não quero te amar.

Fique aí sozinha,
Lamentando os erros teus,
Vou ficar aqui na minha...
Adeus.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

A GAROTA NO CANTO DA SALA

Eu estava a andar em um longo corredor,
Quando ouvi um leve choro feminino ao longe,
Segui o som até uma sala cuja porta estava trancada.
Falei suavemente para a menina me deixar entrar,
Falei suavemente para ela parar de chorar.
Ganhei sua confiança aos poucos,
E ela me permitiu a entrada.
Ouvi o click da porta se destrancando,
E então ela se abriu sozinha,
Olhei para dentro da sala e vi que estava extremamente escuro,
E as formas eram confusas em meio a tanta escuridão.
No canto da sala notei a garota que chorava baixinho,
Encolhida contra a parede.
Ela me olhava com extremo carinho,
E ao mesmo tempo um enorme medo e desconfiança.
Naquele olhar eu encontrei o meu, éramos iguais,
Mesmo afeto e preocupação pelas pessoas,
Mesmo medo e preocupação de acabarmos magoados,
Sempre trazendo sorrisos aos outros,
E os outros trazendo dor para a gente.
Porém o medo dela era muito maior que o meu,
E eu percebia esse medo estampado em sua face.
Sentei ao seu lado e botei a cabeça dela contra o meu peito,
Chorei ao lado dela deixando-a ver meus medos e minha dor,
Fomos chorando cada vez menos, sorrindo mais,
Sem nem notarmos já estávamos dando gargalhadas juntos.
Acendi a luz e a ajudei a levantar,
Recolhi os pedaços do coração dela que estavam pela sala,
Juntei todos eles e a entreguei um novo coração,
Eu sorri para ela e a beijei suavemente,
Demos as mãos e andamos juntos pelo corredor vazio,
Cantando e dançando meio sem jeito,
Até que nos perdêssemos dentro de nós mesmos.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

O TÍTULO É POR SUA CONTA

Você disse uma vez que ele tinha te destruído,
Mas quando olho pra você não vejo destruição,
Vejo o renascer, assim como uma fênix que renasce das próprias cinzas,
Mas também vejo que algumas cinzas ficaram nas suas asas,
Te impedindo de voar novamente,
Mas se você quiser eu posso te ensinar a voar de novo,
Não como antes, de um jeito diferente, talvez melhor...
Eu posso ser o seu céu.
Então você me diz que ainda precisa ficar forte,
Então deixe-me ser sua força, sua proteína,
Para que assim como um parasita você viva através de mim.
Você disse que antes precisava esquecer,
Então eu serei sua amnésia,
Pra que você nunca mais lembre dele.
Você disse que ainda precisava superar,
Então deixe que eu seja a escada,
Para que de degrau em degrau você pise em mim até o topo.
Você diz que tudo está sendo tão difícil,
Que todos estão te abandonando,
Mas o Sol ainda está nascendo minha querida,
E eu também posso ser esse Sol,
E eu te garanto que depois que nascer,
Ele jamais irá se pôr novamente,
Apenas aguarde, tudo acabará bem.

ESCOLHAS

O vento entra soprando no escuro do meu quarto,
Eu estou aqui olhando para o teto,
Vendo as estrelas matinais iluminando a noite,
Me lamentando por não saber o que fazer.
Estou deitado sozinho,
No que antes costumava ser uma cama,
E agora é só mais um espaço vazio,
Um lugar para arrumar pensamentos,
Sinto a falta do calor do seu corpo sob o meu,
Sinto falta dos seus beijos,
Sinto falta da certeza.
O relógio é o único barulho que ouço,
Meia noite, onze horas, dez...
Quem me dera o tempo voltasse e desfizéssemos toda essa bagunça,
Quem dera poder ouvir a batida do meu coração,
Ao invés desse maldito tic-toc.
Pensa, pensa, pensa... Nada,
Não me aparece conclusões para esse impasse,
Queria parar de pensar,
Talvez fosse mais fácil,
Aperto o peito agonizantemente,
Numa tentativa em vão de arrancar meus sentimentos.
Só queria parar de ter medo,
Mas é difícil olhar um ser humano sem os típicos olhos assustados e desconfiados,
Eu só queria poder fazer decisões sem olhar para trás.

PARANDO DE LUTAR(OU NÃO)

Acho que estou ficando conformista demais,
Eu sonhava tanto,
Se bem que não pedi nada demais,
Eu queria tanto,
E acabei com tão pouco...
E pior que eu me conformei com o pouco que eu tinha,
Não lutei por mais.
Eu queria um lugar menos opressor e mais liberal,
Eu queria poder estar de volta à minha terra natal,
Eu queria uma relação baseada no amor,
Acabei por me conformar com uma nova casa com mesmas jurisdições,
Por uma sala de aula diferente porém no mesmo estado,
Por uma relação baseada em desejos físicos com amor silenciado.
Mas voltarei a lutar,
Voltarei a sonhar,
Não sei pelo quê,
Não sei por quem,
Mas eu irei lutar por isso,
Eu prometo.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

TORTURADORES EM SOFRIMENTO

Costumamos dizer sobre o quanto alguém nos machucou,
Quanto sofrimento tivemos que passar,
Costumamos falar do nosso coração partido,
Em quantos fragmentos ele foi quebrado,
Nos importamos demais com a dor que sofremos,
E esquecemos da dor que causamos,
E muitas vezes nem damos valor a ela.
Somos todos quebradores de corações,
Temos todos um coração quebrado,
O que faz a nossa dor ser maior do que a dor dos outros?
Nada! Apenas nosso egoísmo,
Por que é tão difícil ver alguém que sofra por outra pessoa?
Em vez de apenas sofrer por si mesmo.
Odeio tanto machucar alguém,
E estou vendo que partirei um coração,
Ou não,
Em troca de uma felicidade,
E talvez eu possa partir dois,
Em troca de nada.
E isso me dói, dói tanto,
Partir o coração de uma mulher me dói,
Dói mais do que ter o meu próprio partido.

REFLEXÕES DE UM EREMITA

No topo de uma grande colina havia uma árvore cujas folhas já não cresciam mais. Eu visitava o local toda vez que me sentia triste, com raiva ou confuso – o que acontecia com muita freqüência. Eu ficava lá com a cabeça apoiada na árvore, apenas observando as coisas, a natureza, era o único lugar que sempre me acalmava e me relaxava.

Subi lá quando o Sol ainda estava nascendo, eu podia ver todo o meu pequeno vilarejo lá de cima. Podia ver os homens insensíveis partindo corações um após o outro e os corações partidos chorando em seus quartos. Podia ver as mulheres poligâmicas usando o homem um após o outro e estes se afogando em álcool para esquecer a dor.

Mudei de posição, acendi um cigarro e enchi um copo de lágrimas para me embriagar. Parei um pouco para apreciar o canto melancólico dos pássaros na árvore, joguei um pedaço de pão para um bem-te-vi perto de mim, sorri um pouco pra ele como se ele pudesse me entender e então voltei a observar a pequena vila.

Eu via o líder da vila organizando máfias e traindo sua esposa, jovens de 12 anos com canivetes roubando idosas e policiais fingindo não ter visto nada. Tudo se resumia à corrupção, seja do sistema, das pessoas ou dos valores.

Podia ver um grupo de amigos se drogando, e eles riam tanto... Parecia que não haviam mais problemas, mas a dor em seus olhares era inconfundível. Eu via um garoto abraçar seu amigo e esperá-lo virar as costas para esfaqueá-lo com palavras. Via também um grupo de amigos que zombava de um de seus companheiros, mas pararam assim que perceberam o quanto isso o machucava.

Era frustrante... Parei para apreciar o céu que pegava fogo, ao longe eu via um coelho sair da sua toca me olhando com olhos assustados. Malditos seres humanos! Fizeram um coelho ter medo de mim, apenas por parecer como eles... O Sol já está se pondo, os lobos vêm vindo, é melhor eu correr... Passei a mão no tronco frio da árvore solitária, dei adeus ao bem-te-vi que cantava para mim e então desci a colina com pressa.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

PALAVRAS AOS AMALDIÇOADOS

As vezes tudo o que você quer,
É que todos fiquem bem,
Inclusive você,
Mas ai você só se fode,
E tudo fica errado.
Você os vê sofrendo,
Sem nada o que possa fazer por eles.
E pra piorar você sofre junto,
Sem forças nem para motivar seus amigos.
Então você faz sacrifícios,
Sua felicidade para torná-los felizes,
Você se empenha nessa tarefa,
Se dedica a eles,
Todos ficam bem,
Enquanto você sofre sozinho,
Sem sacrifícios ao seu favor,
Mas se contenta.
Até que você cansa,
Vai atrás da própria felicidade,
E a encontra,
Você a agarra com todas as forças,
Mas ela escorre entre seus dedos,
E você torna a chorar,
Novamente sozinho no escuro.
Então recomeça a busca,
Mas ai quando você a reencontra,
Você vê que isso machucou pessoas ao seu redor,
Então você começa a perguntar se vale a pena,
Sua felicidade pela dor deles,
Dos que se importam e dos que não.
Então me digam...
Vale a pena?

domingo, 13 de fevereiro de 2011

DESCULPE

Desculpe se tomei caminhos aparentemente errados,
Se fiz escolhas que não agradaram vocês.
Desculpe se eu sofri demais,
E acabei me tornando alguém fechado,
Desconfiado e receoso,
Desculpe se eu cansei e mudei.
Desculpe se posso ser vingativo ou hipócrita,
Mas toda regra tem que haver exceções,
Sou mesmo um idiota não sou?
Desculpe por isso também.
Desculpe se fui egoísta,
Se esqueci de você, vocês por algum momento,
E pensei em mim, tentei ser feliz,
Desculpe se me importo comigo.
Desculpe se por algum momento,
Eu me botei em primeiro lugar,
Sou tão egoísta,
Quem sou eu pra ser mais importante que vocês?
Saiba que nunca quis machucar ou magoar você,
Você, você, ou até mesmo eles,
Nunca desejei dor a ninguém.
Desculpe se respeito as outras pessoas,
Desculpe se trato todos bem,
Desculpe se me importo.
Desculpe se eu falava a verdade,
E não tinha medo de machucar alguém ao dize-la.
Desculpe se agora eu tenho esse medo,
E acabo mentindo e omitindo as coisas.
Desculpe se eu tive(e ainda tenho) medo,
Eu só não quero machucar mais ninguém,
Desculpe se eu sou pessimista ou depressivo,
Desculpe se eu sofro,
Se choro baixo ou se choro alto.
Porra!
Ninguém me escuta?
Ninguém me entende?
Eu já disse que sinto muito, merda!

sábado, 12 de fevereiro de 2011

A VIDA É UM PALCO

As luzes acenderam,
A peça começou,
O silêncio se propagou à sua espera
E os holofotes estão todos em você,
Esperando pra ouvir o que tem a dizer.
E aí está você,
A estrela do filme,
Lutou tanto pelo papel principal
E nem se importou.
Fez caretas e expressões perfeitas,
Chorou lágrimas sem sal diversas vezes.
O espetáculo acabou,
E você é aplaudida de pé,
Performance quase perfeita.
E quando as cortinas se fecham,
Você pode voltar a ser você,
E acha que ninguém vai perceber.
Estamos agora na premiação,
E você já está sorrindo de pé,
Sabe que o prêmio é seu,
Vá buscá-lo,
Você merece,
É a melhor atriz.
Mas aguarde o ano que vem,
Pois o próximo prêmio pode ser meu,
Também posso ser um bom ator.
E afinal...
Neste teatro que é a vida,
Nesta sala de aula para atores...
Não somos todos atores também?
Com nossas máscaras e fantasias,
Jogos e mentiras,
E nosso pequeno script na mão?

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

NOITES FRIAS E CORPOS QUENTES

Eu havia ido embora,
Sai um pouco de casa
E fui até a praia pensar um pouco,
Esfriar a cabeça.
Sentei na areia e fiquei a observar o céu.
Era simplesmente belo,
Não havia mais nuvens,
Eu podia ver todas as estrelas
E cada uma tinha seu brilho.
Mas mesmo assim isso parecia não ser o suficiente,
Eu tentava ligar as estrelas
E a ligação não me fazia sentido.
Eu acabava me perdendo,
Não sabia o que fazer.
Havia um rastro mais claro no céu,
Como um caminho,
Perguntei-me o que seria,
Restos das estrelas que morreram sozinhas com o tempo?
Pedaços de corações partidos que subiram aos céus?
Lágrimas de anjos que congelarem no frio do céu durante o vôo?
Não fazia a mínima idéia,
Só sei que esse caminho me parecia incerto.
Queria voar até lá e ver,
Mas naquele momento minhas asas já não eram minhas.
Tudo me parecia mágico,
O silêncio do vento em meus cabelos agora curtos,
O som do mar indo e voltando e tocando meus pés,
O céu brilhando acima de mim,
Era tudo confortante e me acalmava,
Havia também estrelas cadentes que riscavam o céu,
Concedendo-me desejos em vão.
Ao longe no oceano,
Via-se a luz de um barco
Que confundia-se com a luz de uma estrela no mar,
Estrela errante que caiu no horizonte.
Andei confuso em meus pensamentos,
Adentrei o mar sem perceber.
A água molhava minha canela,
Acordei do transe por uma voz ao meu lado,
Eu a sentia desde que saí de casa,
Sentia-a conversando comigo,
Sentia sua presença,
Mas mesmo assim eu estava sozinho.
Dei meia-volta,
Beijei o nada na face,
Girei sozinho em uma perna só,
Com os braços abertos ao vento,
Como em uma dança solitária,
Dei um largo sorriso com sincera felicidade,
Desenhamos um coração na areia,
Rimos um pouco juntos,
E voltei para casa.

FÁBRICA DE SONHOS QUEBRADOS

Aqui é onde tudo começa e tudo termina,
Assim como em todo mundo
Aqui também há preconceitos,
Aqui não entram aqueles que são felizes,
Mas apenas os felizes sem esforço ou merecimento.
Bem vindos à minha fábrica de sonhos quebrados,
Basta ter um coração partido para entrar,
Ou um sorriso com dor no olhar,
Aqui nós planejamos nosso futuro,
Planejamos nossa felicidade,
Mas nada se realiza,
É apenas tempo em vão.
Aqui não se paga entrada,
Aqui não dizemos nossa localização,
Uma vez que você ache,
Você entra instantaneamente,
E uma vez lá dentro,
Você jamais sairá o mesmo,
Sairá com o peso do arrependimento e da dor.
Conheçam o lugar onde sonhos são feitos,
E quebrados logo em seguida,
E com eles quebram-se os corações.
Conheça a dolorosa vida,
O ilusório pensamento,
Os olhos egoístas que só vêem o que lhes fazem bem,
Com isso fazendo mal ao coração.
Bem vindos à minha fábrica de sonhos quebrados,
Aqui eu sou dono de tudo,
Minha dor é só minha,
Peço que tomem cuidado ao entrar,
Podem acabar pisando em cacos de sonhos quebrados,
Ou em pedaços de um coração partido.
Aqui o teto tem estrelas,
Tentem não perder o olhar em seu brilho.
Por aqui passa um lindo rio de lágrimas,
Cujos os quatro peixes vivem eternamente,
Dor, sofrimento, tristeza e ilusão,
Aviso que a pesca é proibida,
E que não tentem nadar no rio,
Pois as lágrimas irão te puxar para baixo,
E você morrerá afogado.
Bem vindos à fábrica de sonhos quebrados,
À minha, à sua,
Aqui eu vivo a sorrir,
Com grande dor no olhar,
E ninguém a percebe,
Pois essa dor é minha,
Apenas minha.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

A HORTA

Exterior à minha humilde casa,
Fora do meu conforto, segurança e melancolia,
Eu sou escravo de uma horta,
Obrigado por instinto a cuidar dela.
A horta é linda,
Cresce de forma desorganizada,
Tão bela confusão,
Feita de esforços em vão.
Fui regando diferentes flores por vez,
Nenhuma chegou a desabrochar,
Umas poucas até cresceram,
Mas suas pétalas se recusavam a se abrir pra mim.
Desisti... Fui criar alegria,
Reguei com cuidado,
Cultivei amigos,
Até já notavam-se meus sorrisos.
Mas sem que eu percebesse,
Também reguei o medo e a insegurança,
Eles cresceram demais,
Suas raízes se envolveram em meus pés,
Tentei cortá-las mas não consegui,
Só posso tentar apará-las,
Impedir que cresçam mais ainda,
E acabem tomando o controle do meu corpo.
Há também ervas daninhas,
Que aparecem do nada para atrapalhar-me,
Me empenho em arrancá-las,
Mas as vezes é em vão.
Ainda preso as raízes do medo e da insegurança,
Eu cultivo uma linda rosa mulher,
Que cresce de forma esplêndida e esperançosa,
Cujos espinhos arranham-me as pernas ainda presas a tortuosas raízes,
E cujos mesmos espinhos me ferem a mão,
Toda vez que tento tocá-la.
E agora me vem uma dúvida...
Seria realmente eu o cultivador da minha própria horta?
Ou eu seria apenas mais um arbusto?
Ou uma vítima da minha própria criação?

ETERNO SOFRER

A caminhar por uma rua fatal,
Amarrado a uma bola de metal,
Havia um garoto a chorar,
Cansado de tanto pensar.
Avançando com dificuldade,
Sem vontade,
Tentando equilibrar em sua cabeça,
Tristeza e felicidade.
Botou as cartas na mesa,
Perdeu tudo o que tinha a perder,
Na tentativa de equilibrar,
O amar e o sofrer.
É incapaz de odiar,
Pode apenas se lamentar.
Aparência anêmica,
Pálido, desbotado,
Cinza, amarelado,
Olheiras e aparência cansada,
Típico usuário de crack,
Data de morte já preparada.
Já não havia vontade de viver,
Havia apenas o sofrer,
Havia a ilusão,
De um tolo cego por paixão,
De um inexperiente e despreparado,
Solitário acorrentado,
No eterno ciclo de chorar e sorrir,
Lamentar pelo iludir,
Na descrença pelo real,
Ilusão fatal.
E o médico a lhe perguntar:
- Me mostre onde está doendo?
E o garoto dizia ao apontar:
- É aqui não está vendo?
- Esta doendo o seu peito?
- O que dói é algo que a mim foi feito.
- Então dói o coração?
- Doeria se fosse ele o causador da minha paixão.
- O que dói então?
- Dói a minha alma que sofre em solidão.