sexta-feira, 21 de março de 2014

RIO E MAR

O rio que antes o mesmo fluxo seguia,
Agora não se sabe onde vai desaguar,
Agora o que se sabe nessa vida
É que é necessário esperar.

Com suas épocas o rio segue,
Enche e esvazia conforme a estação,
Seca quando lhe apetece,
Transborda se a chuva faz uma aparição.

À medida que as nascentes secavam
Secavam também os que do rio nutriam,
Morriam os peixes que lá nadavam,
Morriam os homens que os comiam.

E tudo que do rio agora existe,
Desaguou em mares e oceanos,
Não resta nem uma gota, triste
À chorar de volta o rio nesse ano.

Outras leis dominam no alto mar,
A maré leva, as ondas quebram,
O mar foi feito para se lutar e desbravar,
Para deixar em casa os navegadores que sossegam.

Mas às vezes as ondas que afogam,
Também te devolvem à costa,
Às vezes as águas que amparam
Deixam a alma exposta.

Às vezes o que a maré levou,
Ela também traz de volta,
Mas várias vezes nada retornou
Dessa triste escolta.

Rio e mar,
Remar por ambos irei
Até cansar e me afogar,
Pra renascer na mesma nascente
Cujo rio eu sequei.

terça-feira, 11 de março de 2014

VAI DOER

Eu estou indo embora, não está vendo?
Estou fechando a porta atrás de você...
E te ver parada só aumenta meu desalento,
Será que doeria virar a cara e te ver?

Será que doeria se eu não visse lágrimas?
E se eu as visse, me faria ficar?
Acho que apenas o que me faria seria ver-te assim, ávida,
Pedindo para eu não te deixar.

Eu diria que não custa sonhar,
Mas os sonhos acumulam juros,
E quando falir, irei quebrar,
Mais uma vez cairei do muro.

Fui tolo em achar que eu era tudo,
Você nem se levantou para fechar a porta,
Talvez a torta não fosse pra mim
E outra visita estivesse pra chegar.

É triste conhecer o fim,
E saber que você não pode fazer nada,
Mas mesmo assim recuso-me a acreditar,
Você também está assim tão cansada?

Por que você não pede para eu ficar?
Por que você não me oferece uma xícara de chá?
Ou até mesmo aquela fatia de pizza mofada,
Esquecida no fundo da geladeira... Por quê?

Você realmente não vai me responder?
Vai realmente esperar sentada no sofá,
Segurando o choro para eu não te ver lamentar?
Se assim for, assim será.

O que me resta é apenas prometer:
Vai doer, vai doer mais em mim do que em você.

quarta-feira, 5 de março de 2014

A LETTER ABOUT NOTHING

Let's pretend that nothing exists,
Let's keep pretending that nothing happened,
Nothing happened at all.
We silence our hearts,
We silence what's left from an old love,
Pretending that nothing makes our hearts beat.
Let's pretend that there is nothing here,
We have already locked that empty room,
And we're sure that it still empty.
Because nothing happened,
Nothing happened at all.
We keep pretending that love is just a childish dream
And we keep wishing that we're still childish dreamers.