quinta-feira, 21 de março de 2013

AMANDO MENTIRAS

Você tentou, você apostou,
Jogou suas fichas favorecendo sua mentira
E acreditando nas chances matemáticas.
Achava que fingir ser alguém diferente ou melhor
Ia conquistar meu coração.
Então rolou os mesmos dados que sua vidente havia rolado,
Você tinha certeza que nessa aposta
Levaria não só a felicidade e as lágrimas que apostou
Mas também o coração que eu havia posto em jogo.
Você entrou nesse jogo
Com um personagem que não era você,
Você trapaceou no jogo do amor.
Você fez tudo isso e ainda levou um pouco além.
E eu? O que hei de fazer?
Eu me apaixonei por uma mentira.

segunda-feira, 4 de março de 2013

BAILE DE MENTIRAS

Me arrumo para uma festa e me olho no espelho
Mas não vejo o que queria ver.
Onde está aquele traje formal?
E aquela máscara que encomendei quando criança?
Me pergunto mas não me encontro...
Me contento e saio mesmo assim.
Mas então olho pros DJ's e penso...
Onde estão as bandas e as orquestras?
Onde esconderam os violinos?
Talvez tenham roubado de nós...
E essa platéia... Essa multidão...
Onde está o baile que me foi prometido?
Cadê a valsa que antecede um beijo?
Onde foi parar o "me concede a honra desta dança, minha dama?"
Cadê a beleza que os filmes me prometeram?
Onde estão os cavalheiros?
Deitados em suas camas numa hora dessas?
Lamentando um coração partido e se afogando em rum, talvez.
Procuro uma dama com um vestido reluzente e sedutor,
E uma máscara que seja de mistério,
Uma daquelas que esconde o rosto mas deixa o olhar.
Estou cansado dessas máscaras que escondem a personalidade,
Dessas que não são máscaras, que são mentiras,
Por isso joguei a minha também no lixo.
Aqui as coisas são agitadas, sem luz e sem brilho.
Onde puseram as taças? E o champagne?
Cadê o vinho derramado sobre as roupas?
E as roupas no chão que não foram lavadas?
Cadê o sexo apaixonado? E o acordar juntos?
Por que nos roubaram toda essa beleza?
Toda aquela música, as danças e as luzes?
Eu vou fazer meu próprio baile,
Com máscaras enfeitadas e roupas reluzentes,
Vou pagar o resgate do violino
E contratar o resto da banda.
Vou levar meu amor pra dançar valsa.
E tudo vai ser tão belo quanto deveria,
Quanto prometeram, quanto roubaram.
Vou fazer o meu próprio baile...
Nem que seja para eu fazer par comigo.

sábado, 2 de março de 2013

DIMINUIR DISTÂNCIAS NÃO AS ANULAM

É estranho como diminuir uma distância tão grande
Ainda deixa um encontro impossível.
Às vezes queria poder simplesmente me teleportar,
Aparecer aí sem mais nem menos
E ignorar toda a distância que a vida põe entre a gente.
Mas eu nada posso fazer,
Além de olhar pelo telhado do meu prédio
Imaginando pra que lado fica sua cidade,
Se você também estaria olhando pro céu agora,
E se o céu aí está tão belo quanto o daqui.
Olho pra praia desejando ao vento
Que ele carregue um punhado de areia até aí,
Apenas para te sujar e te deixar irritada.
Ou até mesmo que o vento carregue um lamento cheio de saudades
Para beijar-lhe os pulsos ou as bochechas.
Me frustra saber que diminuí muito mais que a metade da distância,
Mas que ainda assim você está tão longe.
Me frustra saber o quanto é difícil ter você por perto...
E que provavelmente isso nunca vai mudar...