quinta-feira, 25 de novembro de 2010

DE REPENTE...

De repente eu me vejo caminhando sozinho
No que costumava ser uma montanha ensolarada.
De repente as sombras me consumiram
E sem que eu notasse todos foram embora.
De repente as árvores perderam as folhas,
De repente o lago congelou,
De repente as estrelas sumiram,
De repente a colina encheu-se de neblina.
Eu tento reconhecer esta nova paisagem à minha volta,
Mas apenas vejo formas turvas em meio a neblina,
Não há mais aquela certeza
De que as coisas são o que elas parecem ser.
De repente cortes foram criados,
De repente o sangue escorreu,
De repente as rosas murcharam,
De repente os pássaros tornaram-se morcegos,
De repente o vento soou como um uivo distante,
De repente as charadas perderam as respostas.
De repente o fluxo parou,
Minha vida se foi,
De repente o mundo girou,
Girou sem mim,
De repente...
De um simples instante a outro
Sem que eu percebesse tudo mudou,
Mas permaneço aqui.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

NÃO ME APAGUE

Me recuso a dormir,
Me recuso a sonhar,
Fico a perambular pela casa escura,
Deixando meu rastro de fumaça se propagar,
Deixando gotas de sangue sujar o chão,
Deixando as lágrimas marcarem meu caminho,
À espera do Sol,
Que se recusa a brilhar pra mim.

Não me deixe dormir,
Não feche meus olhos,
Não beije minha testa e deseje boa noite,
Não se vá,
Não me deixe aqui a sonhar com o dia em que voltará,
Quero acordar, quero a realidade,
Não me deixe sonhar que tudo é belo,
Mas também não me devolva aos pesadelos.

Volte, volte,
Não me deixe dormir,
Desate os nós, me acorde,
Cansei de brincar de esconde-esconde,
É sua vez de procurar.

Me recuso a dormir,
Não quero sonhar com você,
Quero te ver,
Poder te tocar,
Poder te beijar.

Esqueça meu passado,
E eu esqueço seu presente,
Então faremos nosso futuro,
Mas não me deixe dormir,
Não sozinho,
Volte, volte,
Enquanto o Sol ainda se recusa a brilhar,
Volte, não me apague.

domingo, 21 de novembro de 2010

FODA-SE A FALSIDADE

Estou cansado, cansado de ver mentiras, cansado de pessoas falsas ou interesseiras. As pessoas hoje apenas manipulam, fingem sentimentos para agradar, marcar pontos como amigos, falam bem de você então esperam você virar as costas e te ridicularizam. Isso seria falta de coragem em contar verdades ou puro interesse pessoal?

Eu não gosto de magoar as pessoas, mas se assim é a verdade que lhes seja dita, não minto pra agradar, mas não falo a verdade pra magoar, apenas pelo fato de ser a verdade. E justamente por não ser falso sou considerado às vezes como falso, vivemos em um mundo – tomarei por mundo o país, meu mundo, pois não estive no mundo inteiro para generalizá-lo – onde a falsidade se tornou comum a ponto da verdade ser falsa.

Eu por amar demais as pessoas sou incapaz de mentiras e sorrisos forçados, enquanto os amigos verdadeiros são aqueles que falam o que você quer ouvir, em vez de serem aqueles que falam o que você precisa ouvir.

O amor e a felicidade estão ficando ilusoriamente banais, de tanto que as pessoas fingem possuí-lo, fingem se importar... Ilusoriamente banais a ponto de a tristeza ter mais valor sob a alegria, a ponto de por um momento ruim você esquecer diversos momentos bons. Estamos criando uma sociedade de depressivos.

Estamos numa sociedade onde a palavra não tem mais valor, eu posso estar criticando a falsidade e sendo falso ao criticá-la ao mesmo tempo, que certeza podem ter? Até mesmo a palavra está em ruínas. Junto com essa civilização, morrem os valores, morre a palavra, morre a verdade, morrem os seres humanos.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

TELHADO

Estou no alto de um prédio...
Observo o mar e o céu azul,
O vento suave passa a mão nos meus cabelos.
Tento me acalmar,
Afastar os pensamentos ruins,
Tirar você da minha cabeça.
Por que a vida não podia ser mais simples?
Por que não poderíamos ser feitos um para o outro?
E enquanto penso o Sol queima o céu
Até torná-lo negro e desaparecer.
E então a Lua vem me gratificar com sua luz,
Luz pálida e sombria,
Assim como minha mente.
O vento agora gélido torna-se menos suportável,
Assim como te ver e não poder te ter.
Deixo uma lágrima cair
E me surpreendo como ainda as tenho.
Sou sentimental demais,
Depressivo demais,
Romântico demais,
E por mais que eu tente afastar tais pensamentos
Eles voltam para me torturar durante a noite,
Chegam a me tirar o sono.
Olho o mar agora negro,
Imagino me afogar,
Talvez fosse melhor.
Olho o céu escuro em busca de estrelas,
De algo para me guiar, me motivar...
Mas a poluição cria nuvens para escondê-las,
Poluição dos valores,
Nuvens de falsidade e mentiras.
Penso, esqueço, relembro, choro,
O desespero me atormenta,
A esperança me escapa.
Queimo aos poucos, desapareço.

sábado, 13 de novembro de 2010

NADA PARECE CERTO

A vida é de uma certa complexidade bonita,
O mundo em sua forma física também,
Mas mesmo assim a vida não deixa de ser uma merda.
A natureza que é sinal de vida esta sendo morta,
Os políticos que eram pra ser sinais de palavra, honra e generosidade,
São ladrões corruptos e egoístas,
Os padres que deveriam sinalizar ética e moral,
São pedófilos e pensam no lucro.
Seres humanos tem valores cada vez mais podres,
Todo mundo só pensa em dinheiro,
As pessoas são cada vez mais manipuladoras, individualistas e principalmente falsas.
E eu que por falar sempre a verdade na cara das pessoas,
Acabo me afastando delas de certo modo,
Enquanto os falsos que mentem para agradar são consideradas os amigos de verdade.
Talvez seja por isso que eu não consigo achar ninguém na vida,
Apesar de saber que no futuro vou arranjar alguém,
Mas que se foda o futuro,
Estou no presente,
E por enquanto estou sozinho,
E nada me parece certo.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

CORAÇÃO ENEGRECENDO

Estou enfraquecendo,
Estou perdendo a guerra,
Depois de perder diversas lutas,
Diversos soldados,
Sem jamais me dar por vencido,
Jamais mudei minha atitude,
Meu jeito de ser,
Mas agora tudo mudou, eu mudei,
Jamais gostei de mim mesmo,
Nunca fui a pessoa que queria ser,
Mas agora pioro a cada dia.

Começa como uma mancha preta em meu peito,
Ela vai aumentando e tomando conta do meu corpo,
Vou ficando mais frio,
Mais individualista,
Mais depressivo,
Esse mal cresce dentro de mim,
E eu o odeio, me odeio,
Estou a ponto de levantar a bandeira branca,
“Tudo bem sociedade, você venceu,
Sua corrupção é maior que minha empatia.”

Os poucos soldados que restaram ainda confiam e lutam por mim,
Ainda saúdam “Vida longa ao Rei”,
Dizem para eu não desistir,
Dizem que a guerra ainda não acabou,
Mas o que é um homem contra o sistema inteiro?
O que é um homem contra seu próprio coração, sua própria confusão?
O que é um homem contra uma única mulher?
Essas lutas eu já perdi.

Não faço novas alianças,
Não recruto novos soldados,
Não posso mais preocupar as pessoas,
Não posso levar mais pessoas comigo,
Não posso mais fazer promessas
Cuja honra e palavra eu já não tenho mais.

O Rei tornou-se corrupto,
O boneco torna-se ventríloquo,
Ninguém pode fazer nada
Enquanto assistem a coroa ser banhada em sangue,
O resto dessa guerra quem faz sou eu,
E eu não posso levantar a bandeira contra à humanidade,
Não posso perder para os valores ruins,
Mas não tenho mais empatia,
Nem força pra lutar.

Maldição, não há nada que eu possa fazer enquanto começo a escurecer?


Vinícius Vianna