quinta-feira, 20 de outubro de 2011

UMA NOITE DE LUZES

Era uma noite bela e sem estrelas.
Eu andava só, pelas ruas movimentadas,
Olhar baixo e curtas passadas,
Entre carros incensáveis e pernas incansáveis.
Acabei por me deparar com uma festa,
Atraído pelo som sem nem perceber,
Como mariposa atraída pela luz, prestes a morrer.
Entrei e acabei por ficar,
Só, sentado no banco do bar.
Passos delirantes, corpos vibrantes,
Luzes coloridas, músicas bem pedidas,
E ela, quieta a dançar,
Não pude evitar não olhar.
Percebi então que as luzes eram ela,
Os holofotes eram pra ela,
A cor do local era a cor dela,
Arco-íris variável,
Jeito afável.
Fui até ela sem nem perceber,
Vi tantas cores em seu olhar,
Era como a aurora boreal,
E era como se me pedissem pra ficar.
Emanava dela tanta cor,
Do olhar, do espírito, da alma,
Mais frágil do que flor,
Uma cor e vibração que faziam-me emocionar,
Era impossível me controlar.
Seu cabelo loiro,
Do mais fino ouro,
Seu sorriso ao me ver,
O mais brilhante dos diamantes,
Fazendo-me ser, ser inconstante.
Era uma raridade, uma jóia,
Nobre beldade que me causava paranóia.
Puxei-a e a fiz minha,
Nobre rainha,
Rainha das cores,
Dona de meus amores.
Amei-a, amei-a durante a noite que seguia,
Até nos deitarmos, aguardando o raiar do dia.
Mas quando acordei percebi que ela havia sumido,
Fiquei desiludido.
Acabei por concluir que ela não era uma jóia ou rainha,
Nem cores, holofotes, arco-íris ou aurora boreal,
Nem ao menos fora minha
E nem será de qualquer ser real.
Pois concluí que ela era uma estrela,
A mais bela dentre todas elas.
E como toda estrela,
Brilha e ilumina durante a noite,
Depois torna-se açoite,
Desaparecendo quando o Sol começa a brilhar,
Deixando-o a lastimar.
Sim, ela era uma estrela,
A única estrela daquela bela noite sem estrelas.

2 comentários:

Olá, meu caro leitor. Faça um escritor carente e necessitado feliz, deixe seu comentário.