sábado, 15 de outubro de 2011

O GAROTO SEM FAMÍLIA

Veio ao mundo sabe-se lá de que ventre,
Nascido de uma maneira que ninguém compreende.
Talvez de um óvulo qualquer,
Fecundado por um espermatozóide X contendo um cromossomo Y.
Vindo de um pai anônimo e uma qualquer mulher.
Cresceu sozinho em um apartamento,
Criado e repreendido por sombras,
Acumulando descontentamentos
Que por medo, não afronta.
Não sabia se era o caçula ou o herdeiro-varão,
Se tinha dois, três, quatro ou nenhum irmão.
Sabia-se que corria sangue em artérias pulsantes
E que carregava consigo um triste semblante.
Algum tio, primo ou avó?
Deles não havia nem pó,
Sempre sem ninguém,
Nem uma hemácia que se assemelhe a de alguém.
Não teve primos com quem contar,
Ou ao menos algum tipo de grupo familiar,
Teve apenas sombras de ordem e restrição,
E tristezas de uma triste solidão.
Era só, sem nenhuma família,
Por isso julgou impossível a alegria,
Mas então cresceu e mandou as sombras embora,
Tratando de ser feliz sem mais demora.
Não teve sangue com quem compartilhar,
Mas teve idéias a comparar,
Amigos para confiar,
E corações a conquistar.
Criou seu irmãos e irmãs a partir de história
E levou-os consigo, claro na memória.
Fez do papel e caneta, mãe e pai,
E com eles, ele vai.
Vai ser feliz como todo homem nasceu para ser,
Junto de uma família que construiu pelo viver.
Feliz, como todos somos destinados desde feto,
Independentemente de DNA, genes ou qualquer alelo,
Como todos deveríamos ver,
Como cada um deveria ser.

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