domingo, 2 de outubro de 2011

O NÃO-EU NO ESPELHO

Um dedo a mais, um dedo a menos,
Uma cicatriz a mais e outra a menos,
Uma fração de lágrimas a mais,
Uma porcentagem do coração a menos.
Sem cores e nem infância,
Levanto da minha cama em preto e branco,
Onde todo o resto é em preto e branco com seus tons de cinza.
Quem diria que eu acabaria assim...
Olhando reflexos no espelho
Onde nenhum deles me pertence.
Me diz se sou eu neste espelho...
Não, não pode ser,
Sou realmente eu quem eu estou vendo refletido?
Mas onde estão minhas mãos que acariciam, que afagam?
Onde estão meus sorrisos sinceros e minhas preocupações?
Onde está aquele velho espelho de sentimentos que eu era?
Agora ele já não reflete mais nada.
E a única coisa que vejo neste reflexo são os olhos,
Os olhos ainda são os mesmo que os meus,
Cheios de lágrimas, de esperanças,
De sonhos impossíveis.
Mas agora são janelas de uma alma diferente,
Uma alma que não era pra ser minha...
Não, ela não é minha!
Este reflexo no espelho...
Não, ele não sou eu!
Eu não sou eu!
Alguém, por favor, me diz que não sou eu,
Me diz que eu ainda tenho chance,
Me salva, me devolve a mim mesmo,
Pois sou agora o reflexo do espelho,
E o reflexo do espelho,
Ele agora sou eu.

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