Não diga adeus se não estou me despedindo,
Não há nada para se argumentar,
A decisão já foi tomada,
Já fomos enterrados.
Nesta dança eu danço sozinho com o esqueleto de nós dois,
Pisando nas poças d’água que antes me afogavam.
Você sabe que tive todos os motivos do mundo para desistir,
Mas um único motivo me fez ficar, o meu amor por você,
Mas agora não há mais o que salvar,
Este ciclo deve ser quebrado,
Ele já não pode continuar.
“Se a gente não morresse você acabaria por me matar”,
Foi o que você disse naquela noite de luar,
E você sabe que eu não suportaria tal culpa,
Em mim ela há de corroer as mais fundas estranhas.
Você tem tanto medo de não ser única, querida,
E eu sempre me comparando àquelas peças perdidas do seu quebra-cabeças,
Saiba que você sempre será única,
Mas desculpe se tivemos que morrer assim, querida,
É uma vergonha aos espectadores,
Eles esperavam um final feliz.
Você ainda visita aquele túmulo nas noites de carência,
Tentando em vão desenterrar o que não tem caixão,
Violando nosso túmulo e meu cadáver,
Você pensa estar me revivendo,
Mas só há um vazio em mim,
Não há mais o que salvar.
Eu sigo dançando com o espírito de nós dois.
Desculpe retirar mais uma peça do seu quebra-cabeças,
Mas era uma peça tão pequena e desgastada,
Fazia com que o resto do seu retrato inacabado ficasse triste.
Venha comigo minha querida,
Lágrimas não devolvem os mortos à vida,
Já não há o que salvar,
Vamos nos deitar no nosso túmulo,
E quem sabe um dia, ressuscitar.
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