Em meio as ruas dessa pequena cidade,
Eu andava cabisbaixo, atento ao redor.
E por todos os lados viam-se neblinas,
Neblinas de carros
E principalmente neblina de cigarros.
Por todos os lados se tragavam e expulsavam ar de nicotina.
A cidade fedia, fedia ao ar das impurezas humanas.
E pelos bares de esquina e de meio de rua,
Juntavam-se os amigos, os bêbados e prostitutas,
Todos os advogados, cafetões e torcedores de futbol,
Todos os médicos, mendigos, poetas e músicos.
Cada bar vibrava em cores e fumaças,
Com seus copos de ouro e colarinho.
Chamando-me, quase gritando,
A fumaça ao pouco tomava forma e seduzia-me à tragá-la.
Os copos chamavam-me a bebê-los,
Os cigarros chamavam-me a fumá-los,
Os cafetões faziam-me propostas e me apresentavam os preços,
Chamavam-me à putrefação da minha consciência.
Um deles me jogou uma prostituta que entregou-se aos meus lábios,
Eu, sem reação, fiquei paralisado.
Aquela podridão humana me envolvia,
Me absorvia e fazia de mim parte daquele todo.
Eu não iria rebaixar-me à tal superficialidade humana,
Corri, neguei todos os prazeres fúteis,
Só pensava em voltar.
Quando parei, ainda com lágrimas nos olhos...
"Voltar pra onde?".
Foi quando cai à realidade,
Lembrei que não havia para onde voltar,
Ela não estaria lá, me esperando em casa,
Não havia lugar para qual voltar além da triste lamentação de sua perda.
Virei e vi um centro de fumaça agora mais ao longe,
Notei que ao longe toda aquela podridão tornava-se invisível,
Camuflada meio à fumaça do homem.
Então me aproximei,
Decide rebaixar-me aos mais fúteis níveis.
"Qualquer coisa que faça essa dor parar",
Eu iria tentar qualquer coisa para esquecê-la,
Até mesmo... Esquecer de mim...
Entrei naquela esfera de fumaça e desapareci,
Me perdi, me entreguei,
Esqueci-me para poder esquecê-la...
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