sábado, 4 de outubro de 2014

(RE)TRATO

Calado eu me faço enquanto olho o retrato naquele seu quarto.
Retrato, memórias antigas, vividas naquele espaço.
Espaço esquecido, antigo amigo perdido no tempo
Que agora é passado, ficou com o retrato.

Retrato é um trapo, tal é guardanapo na mesa de bar.
No bar eu sozinho, sozinho no ninho vazio à cantar.
Cantar um retrato que nada retrata
Senão o espaço perdido no tempo que não vai voltar.

Retrato o maltrato,
Não era o trato você fugir.
Maltrato o retrato,
De fato a foto continha você a sorrir.

O retrato no ninho, o ninho vazio onde voou o pássaro.
O pássaro voa, a solidão ecoa junto com o meu passo.
Meu passo é escasso, escasso é nós dois
Nesse espaço que já não cabe nesse retrato.

Pássaro quando voa, voa até achar um lugar pra pousar,
Pousou porque voou, voou porque o ninho está a desmoronar,
E até mesmo os pássaros quando voam deixam para trás
Uma pena no mesmo lugar.

Re-trato o maltrato,
Não era o trato você fugir.
Maltrato o retrato,
De fato a foto continha você a sorrir.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Olá, meu caro leitor. Faça um escritor carente e necessitado feliz, deixe seu comentário.