sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

A CASA DO PESADELO

Era uma casa incrivelmente bela,
Uma casinha azul, número 23.
Nos fundos havia um quintal
Onde eu cultivava morangos,
Havia também uma rede amarrada à uma árvore,
E um banco para dois.
Haviam poleiros onde os pássaros me visitavam
Trazendo uma bela canção,
E também beija-flores
Que vinham elogiar meus lírios.
Havia um violão apoiado na árvore,
Cujas cordas empoeiradas já cansei de tocar,
E o pequeno lago no quintal
Ainda carregado de peixes coloridos que eu cultivava.
Vocês devem estar a pensar,
"Mas esta é uma casa dos sonhos",
Porém ainda faltam fatos a comentar...
Os morangos que rego,
Antes eu regava ao lado dela,
Jogávamos água um no outro, sorríamos.
A rede em que durmo,
Antes ela vinha se deitar comigo,
Nós dormíamos olhando o céu estrelado.
O banco o qual nem ouso tocar,
Antes nós sentávamos para conversar,
Ela sempre com a cabeça em minha perna.
Os pássaros que me trazem seus cantos,
Antes silenciavam ao canto dela à mim.
Os beija-flores que beijam meus lírios,
Antes invejam a flor que eu beijava.
O violão cujos acordes chamam lágrimas,
Antes chamavam sorrisos ao rosto de minha amada.
E os peixes coloridos já não tem graça sem as cores dela,
Pois o resto agora é preto e branco.
Vivo todo dia a morte de minha amada esposa,
Desde que ela se foi,
Vivo às metades,
Em um eterno pesadelo,
Onde cada casca de parede nesta casa,
Me lembra do inteiro perfeito que fomos,
E que tudo perdeu o significado,
Ou a menos a metade mais importante dele.

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