sexta-feira, 16 de setembro de 2011

SOBRE MASOQUISMO E MARCAS DE POSSE

Arranhe-me,
Rasgue-me a carne,
Ouça meu grito abafado como alarme.
Alcance minha alma,
Não, não alcance, tenha calma.
Pode ser até de relance,
Mas veja,
A alma que tanto almeja
Já foi por ti tocada,
Esvaindo-se pela carne rasgada
Para tornar-se entrelaçada a tua,
Deixando-a entrar pelos poros da pele nua.
Pele nua, faça-se a face também nua,
Despindo de ti as mentiras cruas,
Tornando teus olhos em flor,
Flores cheias de amor
Mas que com espinhos me fere,
Que dor!
São seus carinhos e preces sem mais rancor.
Delicioso é tal sabor
Que escorre dos meus hematomas de amor,
E tu lambe-me tal licor,
Causando-me esta leve aflição.
Porém não pares não,
Pois me delicia tal sensação.
Dor leve, suave,
Libido elevado feito ave,
Por meu corpo por ti ferido, marcado,
Como território delimitado.
Porém já sou teu,
E tu és minha,
Assim como já está escrito em cada breve linha,
Assim como está também escrito em partes do meu corpo,
Em traços escarlates, de jeito torto,
Porém bem visível,
Um erro plausível,
Aceitado pela mão que me cura,
Mão tua,
Mas que também és minha,
Como já bem visto desde o começo do texto,
Até esta última linha.

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