O que será que anda acontecendo comigo? Eu não era pra ser assim, eu não devia... Eu não sou assim! Me recuso a aceitar esses moldes que tentam mudar minha forma. Sou algo diferente disso, um anjo, um espírito livre... Ou era, ao menos...
Em que estou me tornando? Ou melhor... Em que eu me tornei!? Um escravo? Um operário? Apenas mais um a passar por uma catraca todo dia!? Não, não sou assim, odeio essas rotinas, odeio ordens, obrigações. Gosto da vida que muda, gosto de ter a liberdade para mudar, de ter dias diferentes todo dia, é assim que sou.
Sou aquele tipo de pessoa que não liga pra nada, mas ao mesmo tempo se importa demais com todos. Sou um tipo que pessoa que quer fazer todos felizes. Sou o cara que ouve música e finge tocar bateria sem ao menos ligar se tem alguém olhando ou o que estão pensando, finjo tocar violão e faço uns solos loucamente. Canto baixo toda música que escuto, não por timidez ou algo assim, mas apenas pelo simples fato de não querer incomodar. Eu danço, giro, sorrio, sou pessimista e depressivo, mas mesmo assim, sorrio. Sinto vontade de correr, gritar, pular, quebrar alguma coisa... Apenas... Sinto.
Sou algo mais ou menos assim, com uma fera dentro mim, algo que eu achava incontrolável e que agora acabou numa jaula. Mantenho meu pouco carisma, minha simpatia, minha sensibilidade... Mantenho todo meu carinho e amor, mas agora enjaulado, numa forma diferente.
Mas estou reaprendendo a ser eu, talvez como um bebê. Estou livre novamente, reaprenderei minhas primeiras palavras... “Foda-se!”... Meus primeiros passos tortos... Não por inexperiência ou algo assim, quem sabe talvez por embriaguez. Retomarei meu olhar curioso... Não de criança, mas de questionador.
Mas então vejo os campos atrás de mim, todas as montanhas, a vegetação e as árvores... Estão se distanciando. Tudo aquilo com o qual mais me identifico, de que mais gosto, que mais me faz bem... Está tudo ficando pra trás. E na minha frente eu vejo a cidade, me puxando com cordas e correntes, se aproximando cada vez mais... Já estava reaprendendo a ser eu, a andar e a falar como eu, e tudo agora se perderá novamente... Merda! Vão me pôr em outra jaula, me fazer passar por várias outras catracas, numa eterna rotina que aos poucos irá retirar o brilho dos meus olhos... Que aos poucos irá retirar o brilho da minha vida.
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