Eram várias, formavam um visual realmente esplêndido, no topo havia neve, enquanto na base era apenas terra, suas árvores estavam quase todas mortas, as vezes notava-se os uivos dos lobos em algum lugar distante.
Um velho senhor subia à caminhada a montanha mais alta, sua aparência parecia cansada pelo desgastar do tempo, tinhas seus cabelos balançados pela brisa gelada. Seu rigor físico era ótimo, como se ainda fosse jovem, como se ainda estivesse um ano atrás do tempo. Ele carregava sua bengala enquanto subia ao topo, às vezes tropeçava ou escorregava, mas mantinha-se sempre firme.
Ao chegar ao topo ele pode enfim descansar, ficar em paz. Sua respiração era ofegante, seus braços e pernas doíam dos anos de trabalho, sua mente estava confusa e ele precisava limpá-la e seu coração... Bem, vamos dizer que pelo menos o mantinha vivo. Ele sentou em seu trono, que era apenas o tronco de uma árvore que havia caído, e fez-se rei, rei de seu próprio mundo, quem poderia julgá-lo ali? O silêncio era dele, o vento estava a seu favor, e os lobos pareciam ter se calado apenas para escutar o que ele iria declarar.
Ele permaneceu lá por sete dias e sete noites, tentando desfazer os nós embolados de sua mente, tentando encontra uma resposta, uma decisão. Tentava também entender como seu coração batia, tentava entender tudo que passava por ele. Ao fim desse período ele sentia-se ótimo, renovado, mas ele parecia não ter nada a declarar, os lobos já haviam feito um semi-círculo ao seu redor, e os pássaros estavam em silêncio em suas árvores, todos aguardando uma declaração. O rei parecia desapontado, pois em nada havia decidido, mas então algo lhe veio a mente e ele declarou “Decido não fazer nada, deixar tudo como está, e deixar as coisas irem acontecendo, pois afinal, quem disse que não escolher nada também não é uma escolha?”
E com essas palavras os lobos o saudaram com um uivo e os pássaros com um belo canto, e com essa saudação final, o rei pode enfim deixar de ser rei e descer a montanha, pois agora ele voltara a ser anjo.
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