O animal estava faminto. Em seu caminho de volta à toca e aos filhotes, ele fareja... Comida... Cheiros diversos, comidas diversas. Até que ele encontra um cheiro que o agrade. Ele entra no local. Ele é um animal domesticado, civilizado, ele não está acostumado com a caça. No mundo dele tudo se consegue através da troca com donos. Compras e vendas não são nada além de trocas, o que importa é o valor que você dá ao papel. Quantos papéis vale o seu orgulho?
O animal se senta e espera, olha para os cantos, para as pessoas conversando, olha todo o movimento com cautela e desconfiança. Até que vem até ele um prato de comida, ele o come com voracidade até se saciar. O garçom vai até ele com a conta, o bicho homem paga e deixa o recinto. Quantos papéis vale a sua fome?
Ainda à caminho de sua toca, o homem besta se depara com fêmeas, as observa, as admira, admira o cheiro do perfume delas. O animal sabe que sua mulher está em casa, mas é instinto, é a lei da vida. O homem deve procurar mais fêmeas para procriar. Toda aquela conversa de sobrevivência da espécie, apenas para o homem se ver caído sobre a cama de uma prostituta. No mundo domesticado até para se conseguir sexo você deve trocar por algo. A lei do macho alfa não vigora aqui. Quantos papéis vale a sua consciência?
O animal chega em sua toca e dorme. Amanhã é outro dia, e os animais civilizados trabalham duro. É tudo sobre a troca, trabalho por papel, papel pelas necessidades. E assim o bicho homem leva a sua vida, miseravelmente atrás de papéis pra conseguir o que se conseguiria de graça no mundo selvagem. No mundo selvagem é trabalho por necessidade, no mundo civilizado existe um terceiro termo no meio, mas no mundo selvagem o quanto você trabalha é diretamente proporcional ao quanto você ganha e à sua necessidade. Mas mesmo assim o animal doméstico olha com superioridade para o animal selvagem e gasta sua vida ganhando papéis que valem menos do que o seu esforço. Quantos papéis você vale? Quantos papéis vale a sua vida?
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