Deixa mulher e filhos
Desprotegidos na calada da noite,
O vento bate como um açoite
Ao cantar dos grilos.
Ê pescador, ê pesca dor.
Arrasta sua jangada na areia
E parte para talvez não voltar
Encontrado no fundo do mar
Morto por um beijo de sereia.
Ê pescador, ê pesca dor.
E quando as ondas começam a quebrar
Ele olha pra trás e pensa na mulher dormindo,
Os filhos sorrindo
Ao ver o pai voltar.
Ê pescador, ê pesca dor.
Jogando sua rede aberta de esperança
Na busca do peixe para obter o pão,
Esperando o milagre cristão
Apenas para ver quebrada sua ânsia.
Ê pescador, ê pesca dor.
Mas ele não desiste não,
Joga novamente sua rede,
Crente de que vai matar a sede
De obter seu ganha-pão.
Ê pescador, ê pesca dor.
E quando vê os peixes se debatendo
Já vai pensando meio cedo
No sorriso sem medo
Ao ver as crianças comendo.
Ê pescador, ê pesca dor.
Sua alegria é o vento no rosto,
A felicidade que a família exprime
Ao botar o pé na terra firme
Quando passado o sufoco.
Ê pescador, ê pesca dor.
E já no fim da tarde
Vai pra algum lugar indecente
Beber aquela velha aguardente
Que bate e tanto arde.
Ê pescador, ê pesca dor.
Mas hoje, quando voltou com o peixe no raiar do dia
Bateu com uma tempestade em alto-mar
E jangada acabou por virar
E acabar com todas as alegrias.
Principalmente da família que tanto viria a chorar,
Ê pescador, ê Iemanjá.
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