Eram Lúcio e João dois amigos de colégio, amigos de tempo, de anos, de convivência, amigo de se botar no peito e levar pra vida. Lúcio namorava Maria, que de virgem nada tinha. Ele a amava como se ama uma mulher de saudades, intenso, desesperado. Ele sabia amar, sabia amar como se ama mulher de saudades, mulher que há tempos não vê, mulher cujo homem viaja e volta depois de tempos, a amava como quando o amor tem saudades. E cada hora pra ele já era muita saudade.
Um dia houve de Lúcio brigar com Maria, e a briga fora feia, era quase no tapa que se resolvia, mas eram nos tapas dela. Lúcio não levantava mão contra mulher, "Não sou de bater em ser tão bonito, tão frágil, tão meigo, mulher é pra amar, não bater." Mas Maria zangou, zangou-se por um motivos cujo os dois nem lembram mais, ficaram dias sem se ver, sem se falar, a briga fora feia. Lúcio acabou por descobrir que Maria, por raiva, vingança ou amor, havia deitado com João, e que João, sabe-se lá se foi influenciado ou aproveitador, deitou com Maria.
Ah que trágico dia fora aquele, Lúcio não era homem de briga, mas sabia brigar, Lúcio era homem de palavra, de texto, era poeta, filósofo. João não sabia o código do homem, que não se bota mulher na frente de amigo e homem que não respeita o código do homem não é homem, não merece respeito, não tem honra. Lúcio tirou as mãos do bolso como se sacasse uma arma, atribuiu à João o julgamento do tribunal dos homens. Brigaram feio, Lúcio tinha o supercílio sangrando, mas quem tava caído no chão era João.
- Tu que não respeitas o código do homem não és homem, és fraco, não és digno de ser homem e muito menos és digno de ser meu amigo!
Lúcio sabia disso muito bem, pois ele já havia quebrado o código do homem uma vez, mas no perdão do amigo havia jurado jamais repetir tal ato tão digno de miseráveis sem valor. Havia posto mulher na frente de amigo, e se arrependera. João também já havia feito isso com Lúcio antes, mas não se arrependera, Lúcio o perdoou mesmo assim, mas não se arrependera. Agora homem que quebra o código do homem duas vezes já não merecia perdão, Lúcio sabia pois já o havia quebrado uma vez, já não era nem tão homem, nem tão digno, por isso sabia que João já não era nada homem, já não era nada digno.
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