Entrei no bar e olhei para todos,
Vi todos meu amigos rindo,
Bebendo, todos felizes.
Às vezes era até possível me ver ali no meio,
Meio apagado como um fantasma,
Uma memória, uma lembrança,
Talvez até como uma foto.
Sentei sozinho na mesa do bar e chamei o garçom,
Pedi-lhe um copo de nostalgia,
E à medida que bebia,
Eu podia ver meus amigos ainda mais nítidos,
Há quem diga eu era visto mais nítido,
Menos como fantasma, mais como lembrança.
Pedi então um copo de saudades,
E depois de virá-lo o enchi com minhas lágrimas,
Enquanto todos pareciam ainda mais distantes...
O garçom veio reclamar,
Exigindo que eu pagasse também o copo de lágrimas,
Era a regra do bar:
Entrou, consumiu. Consumiu, pagou.
Engoli também as lágrimas...
Pedi depois um copo de tristeza batida com mágoas,
Mas o garçom ao me servir pôs demais e o copo transbordou,
Depois ele volta jogando-me um pano e dizendo:
Sua tristeza, é sua limpeza.
Limpei a mesa enquanto resmungava:
Se indiferença enchesse copo a gente também pagava.
E de tão bêbado que fiquei,
Acabei por dormir,
Sendo acordado horas depois pelo dono do bar.
Ele falava com um sotaque diferente,
Algo que me remetia ao lar,
Mas não o lar onde eu estava,
Algum lar diferente e longínquo.
Notei que meus amigos haviam partido,
Ninguém havia me acordado,
Levantei e saí,
Dei bom dia ao Sol,
Um Sol de um lugar diferente,
Diferente de quando entrei no bar.
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