Em um lugar esquecido pela civilização,
Invisível aos olhos das máquinas e da globalização,
Havia um hospício não muito grande,
Onde os pacientes não tinham nomes,
Mas sim, números.
Sentados jogando xadrez,
Estavam o número dois e o número três,
Pobres coitados, mas nada que não se possa resolver.
O número três depois de achar uma mala com três mil reais
Esquecida em seu restaurante,
A devolveu para o dono de bom grado.
“Louco! Desperdiçou dinheiro assim!? És honesto! És louco!”
O número dois era um bom advogado,
Abria mão de ótimos casos pois só defendia os inocentes.
“Louco! Não há espaço pra gente assim nesta sociedade! És louco!”
A número quatro, pobre coitada,
Passava o dia inteiro em sua cadeira de rodas,
Observando a natureza lá fora.
Foi tentar salvar um cachorro que seria atropelado,
E acabou ela sendo atropelada.
“Louca! Só pode ser louca! Arriscasse sua vida por um animal?! És louca!”
O número um, o mais problemático,
Um rebelde nato, vivia na camisa de força,
Foi achado vivendo no meio da floresta,
Depois de dizer que a sociedade era corrupta,
E acabava com os valores das pessoas,
E que estava feliz sem ela.
“Louco! Acreditas em valores e ainda criticas nosso sistema!? És louco!
Ponham-no na camisa de força!”
E havia o número zero,
O pior de todos os distúrbios mentais, o amor!
Coitado... Já não havia nem mais cura,
Começou a recitar e escrever poesia,
Estava tão louco que começou a chamar-se de anjo.
“Louco! Louco! És o pior de todos! Acreditas no amor!?"
“Poesia!? Meu deus! O coitado já não tem cura, tirem a caneta e o papel de suas mãos!”
E agora eu venho lhes mostrar este lugar corrompido,
Cheio de loucos, loucos aqueles que esqueceram os valores e a humanidade,
E venho lhes escrever nesta parede,
Usando meu dedo e meu próprio sangue,
Pois me foi tirado o papel,
Me foi tirado a caneta,
Mas jamais me calarão,
Jamais silenciarão tão belo sentimento.
Mermao... Profundo!! Gostei pacas!
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