Exterior à minha humilde casa,
Fora do meu conforto, segurança e melancolia,
Eu sou escravo de uma horta,
Obrigado por instinto a cuidar dela.
A horta é linda,
Cresce de forma desorganizada,
Tão bela confusão,
Feita de esforços em vão.
Fui regando diferentes flores por vez,
Nenhuma chegou a desabrochar,
Umas poucas até cresceram,
Mas suas pétalas se recusavam a se abrir pra mim.
Desisti... Fui criar alegria,
Reguei com cuidado,
Cultivei amigos,
Até já notavam-se meus sorrisos.
Mas sem que eu percebesse,
Também reguei o medo e a insegurança,
Eles cresceram demais,
Suas raízes se envolveram em meus pés,
Tentei cortá-las mas não consegui,
Só posso tentar apará-las,
Impedir que cresçam mais ainda,
E acabem tomando o controle do meu corpo.
Há também ervas daninhas,
Que aparecem do nada para atrapalhar-me,
Me empenho em arrancá-las,
Mas as vezes é em vão.
Ainda preso as raízes do medo e da insegurança,
Eu cultivo uma linda rosa mulher,
Que cresce de forma esplêndida e esperançosa,
Cujos espinhos arranham-me as pernas ainda presas a tortuosas raízes,
E cujos mesmos espinhos me ferem a mão,
Toda vez que tento tocá-la.
E agora me vem uma dúvida...
Seria realmente eu o cultivador da minha própria horta?
Ou eu seria apenas mais um arbusto?
Ou uma vítima da minha própria criação?
adorei essa *-* /Betinho
ResponderExcluirVocê cultiva uma linda rosa,que te arranha a perna e bate no seu machucado, mas que sente.E que repetem tudo tudo, mas sem ciúmes.
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