O mar é algo belo e misterioso. Ao mesmo tempo que pode ser calmo e sereno, pode ser mortífero e bravio. O mar não tem culpa do que arrasta, seu movimento é único e constante. Chame inércia ou conformismo, mas o que entrar na maré, o que a onda puder agarrar, o oceano aceita. Se contenta com o lixo, a poluição e os dejetos. O mar não escolhe, o mar apenas deseja. Mas as ondas não vão além daquele ritmo calmo e constante, e o seu alcance é baixo. E, se por alguma ironia do destino, o mar resolve ir além e trocar lixo por ouro, o chamam desastre e calamidade. Mas isso apenas prova que quando o mar realmente quebra a rotina, quando ele realmente abandona a inércia e a serenidade, ele vai atrás do que quer com garra e vontade, como que guiado pelo tridente de Poseidon. O mar não é a destruição do impacto, mas a suavidade do movimento, o mar é amor. E todos os turistas, os banhistas de beira-mar, todos aqueles que tomam banho de Sol mas julgam conhecer o mar, o tomam por isso, por esse conhecimento raso e pífio. Mas o mar não é orla, o mar é o fundo, o oceano inteiro. E só quem tem coragem de pôr um traje de mergulho e mergulhar sem oxigênio pode dizer que conhece o mar. Só quem tem coragem de abrir os olhos debaixo d'água pode ver a beleza que é, de verdade, o mar. Só quem aguenta o sal pode ver os peixes, as cores, toda a diversidade de vida e voltar pra falar que conheceu o mar. Mas o mundo se contenta com o conhecimento raso, a orla e a maré constante. O mundo se contenta com peixinhos, tendo tubarões, baleias e peixes-pescadores para conhecer. Há muito mar para pouca gente que quer mergulhar de verdade. Há mar para os poucos que querem mergulhar. Amar é para os poucos que querem mergulhar.
Você coloca sentimento nas palavras e nos transporta pra onde quer, a escrita delicada e consciente, é incrível. Parabéns!
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