domingo, 10 de maio de 2015

SOBRE A TAL ERA DO CONHECIMENTO

   Os seres humanos nunca foram tão avançados. Já enviamos robôs à marte e agora temos planos de colonizá-la, já curamos doenças ditas incuráveis e controlamos diversas outras, estendemos a expectativa de vida, sabemos como funciona a vida, os seres vivos, os movimentos do ar, da água e da terra, sabemos que somos feitos de células que são feitas de diversas outras coisas e sabemos como funcionam todas essas coisas. Nós sabemos do que somos feitos, como funcionamos e como curamos nossos defeitos de funcionamento. Mas será que nós nos conhecemos?

    Quantos aqui já pararam pra pensar "o que me define?". Quem é você? O que faz você ser você além de todas a sua organização celular e o seu DNA? Poucas pessoas param para, realmente, se conhecer, para se enxergar e ver seus próprios defeitos e qualidades, medir suas ações, seu impacto no mundo e na vida das outras pessoas. Muitas pessoas apenas vivem. Apenas seguem em frente, passo por passo, sem parar para se olhar no espelho e tentar se ler. Se perguntem sobre si mesmos, saibam seus próprios limites, sua própria ética, sua própria história que te pôs onde você está agora, que te fez ser quem é. Somos a era do conhecimento, conhecimento alheio apenas. E quando digo alheio não quero dizer necessariamente do conhecimento sobre outras pessoas. Pois nisso nós também deixamos muito a desejar.

   Nós sabemos que as pessoas na África estão passando fome, que as pessoas na Coréia-do-Norte estão sendo oprimidas, mas não sabemos nada dos nossos próprios amigos, dos nossos próprios vizinhos. Temos todo o conhecimento do mundo na palma das nossas mãos mas esquecemos de perguntar ao próximo como ele está. Nos dizemos amigos de alguém mas nem ao menos o conhecemos de verdade. Quem sabe dizer, dentro de um ciclo social, o que cada um de seus amigos pensa sobre a vida, sobre a morte, sobre questões filosóficas ou religiosas? Nós estamos muito interessados no futebol de ontem, a música de hoje e a festa de amanhã. Quem sabe sobre o passado dos seus amigos? Sobre o que cada um deles passou e sofreu para fazer deles quem eles são hoje? Quem sabe sobre a dor e a felicidade dos outros? Quem conhece os sonhos e as esperanças do próximo? Quem partilha das suas angústias ou dos seus medos?

    Nos conhecemos muito superficialmente e nos afastamos um dos outros cada vez mais. Vivemos em uma era de depressivos, de viciados, de gente com problemas de relacionamento, comunicação, insônia, socialização, enfim, vivemos em uma era de problemas sociais e psicológicos. E talvez, se parássemos um pouco pra tentar conhecer mais os próximos, ficaríamos mais próximos destes, entenderíamos mais um ao outro e seríamos pessoas mais felizes, mais realizadas, mais confiantes em si mesmas e no próximo. Então, por favor, parem de perguntar sobre a nova música que lançaram, sobre o novo filme no cinema, sobre o resultado do jogo de ontem e, ao menos uma vez, pergunte "como você está?" sem ser por mera educação, pergunte sobre a vida da pessoa, se está tudo bem ou se ela está feliz, pergunte a opinião de alguém sobre algo que seja, de fato, importante. Mas também fale de si, se exponha, se abra, deixe-se ser conhecido. Preocupe-se em ser conhecido também, em ser lembrado por ser quem você realmente é, por tudo que você lutou, sofreu e passou, por tudo que você conquistou e sorriu, tudo que você criou. Conheça o que merece ser conhecido, e, acima de tudo, conheça a si mesmo, antes de conhecer o que te cerca.

   Temos todo o conhecimento do mundo na palma da mão, toda uma possibilidade de conhecimentos do próximo na base do ouvido e a chance de sermos conhecidos na ponta da língua.

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