sexta-feira, 5 de agosto de 2011

A BESTA

Veja, minha amada,
Sinta com seus próprios dedos minha face desfigurada.
Vejo no que estou me transformando,
Veja no que você está me tornando.
Você me feriu, querida,
Usou do orgulho para esconder o coração,
Atirou frases e palavras em minha direção,
E sua mira era perfeita,
Você era perfeita.
Com o olhar assassino que sempre me espreita,
Me viu cair sem nada fazer,
Tentou me salvar apenas no último instante do viver.
E eu, por falta de reflexo,
Proteção ou amor,
Aceitei suas palavras sem guardar rancor,
Me deixei atingir,
Me deixei ferir.
Agora eu estou me transformando numa besta,
Não por minha veemência
E não numa besta por inteligência,
Mas uma besta humana, insana,
Não aquela que conta os contos de fada,
Mas uma besta fadada a machucar,
Por ter sido demais machucada.
Eu jamais fui rancoroso,
Jamais fui vingativo,
Jamais fui orgulhoso,
Mas veja o que fez comigo,
Sinta com seus próprios dedos minhas mordidas
E veja a minha face desfigurada por feridas.
Veja, minha amada,
Os olhos cheios de lágrimas por você derramadas.

2 comentários:

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