terça-feira, 14 de maio de 2013

COMO TUDO PERDEU SUA COR

Acho que estou ficando velho, pai,
As coisas não tem sido as mesmas,
As coisas perderam seu brilho, pai.
O amor perdeu a luz,
A paixão perdeu a cor...
O fogo perdeu seu calor,
A coragem perdeu sua força
A força perdeu seus motivos
E os motivos perderam suas certezas.
É assim com você, pai?
O mundo gira e eu não sei qual direção sigo,
As folhas mudam e as páginas passam
Mas eu não sei quais palavras eu uso para as preencher.
Eu não sou nenhum poeta, pai.
As palavras são velhas e sem beleza,
As rimas, quando usadas, são clichês
E a caneta é só uma caneta qualquer e barata...
Ela não é uma pena,
Não dá asas aos meus pensamentos e sentimentos,
Não faz voar meus textos.
E mesmo àqueles que chegam a voar são apenas aviõezinhos,
Nenhum chega a ser um origami... Um pássaro batendo asas.
Vê? Até as metáforas perderam a graça, pai.
Pouco a pouco as coisas se perderam,
E fui com elas perdendo a cor,
Tornando-me gradativamente um ser acinzentado
Que aos poucos tornar-se-a preto e branco.
Torno-me o que as coisas tornaram-se,
Torno-me a forma com que as vejo,
Torno-me o nada que tudo passou a ser para mim.

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