segunda-feira, 9 de maio de 2016

MERGULHO

Eu gosto de antes de qualquer mergulho,
Apenas observar o oceano e senti-lo à distância.
Eu subo no penhasco e apenas observo o mar,
Observo as ondas, a beleza e a suavidade delas,
Observo se há peixes e conto os navios naufragados.
Espero o Sol se pôr e vejo o ouro na água,
Espero a Lua subir e vejo a prata na água,
Espero o vento trazer o cheiro de sal
E julgo o seu gosto.
Mas eu não me molho, não como a maioria,
Não gosto dessa estória de molhar os pés na água,
De checar a temperatura, ver se está fundo.
Eu subo no penhasco pra ter melhor visão,
Mas também pra ter melhor altura.
Eu gosto do mergulho profundo,
Atirado, de cabeça, sem medo.
Gosto de sentir a água me envolver num instante
E senti-la de uma vez.
Me surpreender quando é fria demais,
Relaxar quando é morna,
E sorrir quando é gelada da forma ideal.
Gosto de sentir a água abrir sobre o meu corpo
E me envolver num abraço de poesia e sal.
Gosto de abrir os olhos e chorar vendo a vida do mar,
Ver os peixes que passam
E a complexidade daquele fundo inalcançável,
Que apenas o próprio mar conhece.
E não importa de quão alto você pule,
Você nunca vai chegar a tocá-lo,
Mas às vezes, quando mar fica claro,
Você pode vê-lo,
E só a sensação de saber que o mar clareou para você,
Vale qualquer mergulho, vale a visão do fundo.
E depois, quando começo a sentir que o ar vai faltar,
Retorno e me deixo boiar,
Sorrindo despreocupado
Por saber que de mim
O mar vai cuidar.

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