Se eu fosse mulher por um dia,
Seria certamente uma vadia.
Entre rodas dançaria,
Entre corpos rodaria.
Faria do meu corpo
O que bem entender,
Afinal, já não é o que eu,
Homem, estou a fazer?
Seria dona de mim
Como de mim,
Já sou dono, sim.
Daria meu corpo
Para quem eu quiser,
Assim como já o faço,
Sem precisar ser mulher.
Mas mesmo assim
O mundo gritaria:
"É vadia! É vadia!"
Vestiria roupa curta,
Ouviria que sou puta.
Puta por ser mulher.
E se algum cara,
Sabe-se lá de onde vier,
Viesse me apalpar,
O apalparia a face
Sem hesitar,
Com o punho fechado
Que é pra aprender a respeitar.
Se eu fosse mulher por um dia,
Sorriria até o Sol nascer,
Sob um coro que não cessaria
Enquanto homem eu não voltasse a ser.
Mas mesmo assim,
Sob tal coro, eu sorriria.
"É vadia! É vadia!"
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