terça-feira, 26 de janeiro de 2016

A DURA QUEDA DE UMA PENA

Olho pela janela, distraído
E vejo uma pena,
Que cai suavemente
Carregada pelo vento,
Carregada pelo tempo.
Procuro pelo pássaro
Cuja pena sente falta
E o encontro já longínquo,
Em um pleno e belo vôo alto.

Me vejo refletindo
Sobre a diferença
De uma pena em um pássaro
E a mesma agora ao vento.
Certamente, presa à ele,
Tinha um peso e uma função
Que a brisa tratou de carregar.

E quantas coisa nós também
Já não carregamos conosco
Como Atlas segurando o Mundo,
Apenas para descobrir,
Ao deixar o Mundo cair
E o tempo o levar,
Que, na verdade,
Não passavam de penas?

Então nos encontramos
Em pleno vôo rasante,
Que é o máximo que nós,
Seres tão pesados
Em nossas próprias penas,
Conseguimos dar.
Assim como o pássaro,
Que nem percebe ou sente falta
Da pena que perdeu,
Que nem o chão ainda alcançou.

Temos que aprender
A desapegar mais,
Ser menos homem
E mais pássaro,
Pois o que passa,
Nós não podemos prender,
Temos que deixar passar
Como os pássaros passarão
Sem suas penas.
Temos que largar
O que não nos falta
Ou não nos satisfaz.
Pois até mesmo os pássaros quando voam,
Deixam uma pena para trás.

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