O poeta ama,
E esse amor nada mais é
Do que uma rima,
Misteriosa, incompleta.
Uma palavra
Buscando desesperadamente
A outra,
Mesmo que seja uma rima clichê,
Uma rima improvisada,
Terminações sem sonoridade.
Não importa,
Minha janela quer rimar com ela
À luz de velas,
Meu amor não quer rimar com dor,
Ele quer rimar com o calor do corpo dela.
E mesmo assim o poeta ama,
E chove sobre ele toda a solidão do amar,
Toda a neve na calçada
E todos os uivos dos lobos solitários
O atropelam suplicando por rimas.
E a tarde cai,
Com seu céu de súplicas
E arrependimentos.
E a noite cai,
Com seu céu de reflexões
E suas estrelas de esperança.
A alvorada vem
E banha os olhos vermelhos de insônia...
Mas o silêncio perdura...
E, ainda assim, o poeta ama,
Com toda sua caneta,
Gastando toda a sua tinta,
Fazendo dos próprios dedos
Uma dor constante
Que se assemelhe àquela que jaz em seu peito.
O poeta ama,
Ama a poesia complexa, sem métrica,
Bela, confusa, surrealista, dadaísta, expressionista,
Enfim, ama toda essa poesia
Que o mundo ousa chamar de mulher.
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