sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

A GAROTA NO CANTO DA SALA

Eu estava a andar em um longo corredor,
Quando ouvi um leve choro feminino ao longe,
Segui o som até uma sala cuja porta estava trancada.
Falei suavemente para a menina me deixar entrar,
Falei suavemente para ela parar de chorar.
Ganhei sua confiança aos poucos,
E ela me permitiu a entrada.
Ouvi o click da porta se destrancando,
E então ela se abriu sozinha,
Olhei para dentro da sala e vi que estava extremamente escuro,
E as formas eram confusas em meio a tanta escuridão.
No canto da sala notei a garota que chorava baixinho,
Encolhida contra a parede.
Ela me olhava com extremo carinho,
E ao mesmo tempo um enorme medo e desconfiança.
Naquele olhar eu encontrei o meu, éramos iguais,
Mesmo afeto e preocupação pelas pessoas,
Mesmo medo e preocupação de acabarmos magoados,
Sempre trazendo sorrisos aos outros,
E os outros trazendo dor para a gente.
Porém o medo dela era muito maior que o meu,
E eu percebia esse medo estampado em sua face.
Sentei ao seu lado e botei a cabeça dela contra o meu peito,
Chorei ao lado dela deixando-a ver meus medos e minha dor,
Fomos chorando cada vez menos, sorrindo mais,
Sem nem notarmos já estávamos dando gargalhadas juntos.
Acendi a luz e a ajudei a levantar,
Recolhi os pedaços do coração dela que estavam pela sala,
Juntei todos eles e a entreguei um novo coração,
Eu sorri para ela e a beijei suavemente,
Demos as mãos e andamos juntos pelo corredor vazio,
Cantando e dançando meio sem jeito,
Até que nos perdêssemos dentro de nós mesmos.

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